04 - Colocação do DIU
Equipe Editorial Bibliomed
Uma inserção correta do DIU reduz os riscos de gravidez e de todos os principais
efeitos adversos: expulsão, sangramento e dor, perfuração e infecção. O DIU pode ser
colocado de forma segura a qualquer momento dentro do ciclo menstrual, desde que se tenha
um nível razoável de certeza de que a mulher não esteja grávida e de que não haja
sintomas de infecção genital. As infecções cervicais devem ser tratadas antes da
colocação. Também, a colocação logo após o parto é segura e conveniente. No
entanto, as altas taxas de expulsão são uma desvantagem. (Veja o Quadro 3). Explicar o procedimento Realizar procedimentos de prevenção de infecções Fazer exame com espéculo e exame pélvico bimanual Fazer a histerometria Adotar uma técnica cuidadosa e lenta Alojar o DIU no alto do útero Seguir as instruções do fabricante
A colocação do DIU não é, normalmente, complicada. Apesar de muitas mulheres
sentirem um certo desconforto, menos do que 5% sentem níveis moderados ou agudos de dor.
As reações vasovagais – tais como suor, vômito ou desmaios breves – e as
lacerações cervicais ocorrem em no máximo 1% das mulheres. Geralmente, estes problemas
são de duração curta e raramente exigem a remoção imediata do DIU. Além disso, não
afetam o desempenho posterior do DIU (58). As mulheres que nunca deram à luz ou que o
fizeram poucas vezes, ou cujo último parto tenha ocorrido há bastante tempo, têm a
maior probabilidade de passar por esses problemas. Um analgésico poderá reduzir esse
desconforto (300).
Técnica de Colocação
O objetivo da colocação do DIU é alojá-lo corretamente, tornando mínimos o
desconforto para a mulher e o risco de ocorrerem complicações. Para se ter uma
inserção bem sucedida do DIU, é preciso:
Os provedores de serviços de saúde nunca devem forçar a colocação do DIU. Uma
alternativa seria pedir à cliente que volte durante sua menstruação, quando a
inserção do DIU poderá ser mais fácil, ou indicar um serviço com maior experiência,
que pode usar dilatadores, com ou sem anestesia paracervical, se o canal cervical for
muito estreito. A dilatação cervical não aumenta o risco de uma expulsão posterior
(55). São raras as tentativas de colocação que não têm êxito – de 2 a 8 por
1.000 tentativas de colocação – sendo geralmente ocasionadas por dor excessiva ou
pelo tamanho maior do tubo de inserção que se usa com certos tipos de DIU (63).
Muitos dos tipos de DIU disponíveis atualmente são fornecidos em embalagens
esterilizadas individuais junto a um dispositivo de inserção também esterilizado. O
TCu-380A tem aprovação da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA para ser
conservado na embalagem por, no máximo, sete anos. Mesmo que o cobre do DIU perca sua
coloração na embalagem, o DIU ainda pode ser usado, pois continua esterilizado e eficaz.
No entanto, se a embalagem estiver danificada, o DIU e o tubo de inserção podem não
estar mais esterilizados, sendo melhor descartá-los (36, 191, 213). Os DIU’s de
cobre e de plástico nunca devem ser fervidos ou submetidos ao autoclave, pois ficarão
deformados (436) (Veja a Foto 3).
Momento Adequado para a
Colocação
A colocação do DIU pode ser feita de forma segura e eficaz a qualquer momento do
ciclo menstrual (70, 90, 375, 426, 437). Um estudo internacional feito com 12.000 mulheres
que colocaram o DIU em ocasiões diferentes do seu ciclo menstrual, bem como estudos
semelhantes conduzidos nos EUA, não comprovaram nenhuma vantagem na prática tradicional
de colocação durante os primeiros cinco dias do ciclo menstrual (70, 91, 426). Assim,
quando se tem um nível razoável de certeza de que a mulher não está grávida, o melhor
momento para colocar o DIU é aquele em que a mulher vem à clínica solicitar sua
colocação (398).
Colocação após o Parto
Desde que realizada por profissional com experiência e treinado especificamente para
esse fim, a colocação do DIU dentro de 48 horas após o parto é segura e conveniente e
não aumenta o risco de infecção, perfuração ou sangramento (19, 71, 160, 304, 305,
373, 375, 535, 650). A colocação após o parto dá melhores resultados quando é
discutida anteriormente com a mulher, dentro do programa de atendimento pré-natal.
Durante o trabalho de parto, não se pode esperar que a mulher tenha tranqüilidade para
tomar uma decisão acertada sobre o uso de anticoncepcionais. Além disso, esses programas
têm melhores condições de garantir a presença, quando a mulher dá à luz, de um
profissional treinado na colocação do DIU após o parto. Dentro do sistema de
previdência social mexicano, o Instituto Mexicano del Seguro Social, o pessoal da sala de
parto tem treinamento específico para a colocação do DIU e as mulheres recebem
orientação, durante o período de atendimento pré-natal, com relação às opções
disponíveis de anticoncepcionais pós-parto. O DIU é o anticoncepcional pós-parto mais
popular do México (99).
A principal desvantagem da colocação pós-parto é a alta taxa de expulsão. O DIU é
expulso mais facilmente após o parto porque o útero está se contraindo e o colo do
útero está dilatado (341). As taxas de expulsão do DIU colocado após o parto são mais
baixas quando o DIU é colocado dentro de 10 minutos após a expulsão da placenta (60,
71, 494, 498), quando se usa um DIU de cobre ao invés de um DIU não-medicado (382, 555,
567), e quando os profissionais responsáveis pela colocação são treinados e
experimentados, sabendo alojar o DIU corretamente, na parte alta do fundo do útero (498,
535, 555, 650). Quando um profissional com experiência coloca uma T de cobre dentro de 48
horas após o parto, as taxas de expulsão aos seis meses variam de 6 a 15 mulheres em
cada 100 (60, 71, 382, 483, 498, 535, 561). Como a colocação entre uma semana e quatro a
seis semanas após o parto está sujeita ao maior risco de perfuração, muitos grupos
recomendam cuidado especial na colocação, podendo chegar a desaconselhar a colocação
do DIU durante esse período (164, 398, 433, 487, 498, 535, 565).
A capacidade e a experiência do pessoal responsável pela colocação é,
provavelmente, fator mais importante na redução das ocorrências de expulsão e outras
complicações do que o tipo de dispositivo usado (60, 361, 377, 382). Um grande estudo
internacional de colocações de DIU feitas imediatamente após o parto constatou que as
taxas de expulsão aos três meses eram quase duas vezes superiores para os DIU’s
colocados durante a primeira parte do estudo, quando os responsáveis pela aplicação
tinham menor experiência, do que na parte mais avançada do estudo (60). De forma
semelhante, um estudo feito na Bélgica constataran índices de expulsão, gravidez
acidental e remoção devida a dor, sangramento e outras razões médicas que eram muito
menores quando a colocação pós-parto era feita por profissionais mais experientes
(382).
Colocação do DIU em caso de cesariana. Estudos realizados na China, Bélgica e
México, que examinaram a colocação do DIU aproveitando a incisão abdominal de uma
operação cesariana, constataram que o procedimento era seguro e que as taxas de
expulsão eram baixas (59, 64, 409, 437, 524, 535, 567, 650). No entanto, se houver um
parto prolongado ou uma ruptura prematura das membranas, a inserção do DIU após uma
cesariana deve ser evitada devido ao risco de infecção (437).
Amamentação e DIU. O DIU com cobre ou o DIU não-medicado é um bom método
anticoncepcional para uma mulher que está amamentando (437), porque esses tipos de DIU
não afetam a quantidade e composição do leite materno (53, 72). No caso do DIU LNG,
observa-se a presença de pequenas quantidades do progestogênio no leite materno, mas,
aparentemente, estes níveis baixos não afetam a saúde infantil (146, 531).
Havia uma certa preocupação, gerada por alguns relatos de casos e por um estudo de
casos e controles de menor porte, de que a colocação durante o período de lactação
pudesse acarretar um risco maior de perfuração uterina (54, 144, 228, 328). No entanto,
os resultados dos estudos clínicos internacionais realizados por Family Health
International foram, de forma geral, tranqüilizadores. Não se constatou nenhum caso de
perfuração uterina, seja entre as 1.243 mulheres que estavam amamentando quando o
TCu-380A foi colocado pelo menos 42 dias após o parto, ou entre as 1.032 mulheres que
não estavam amamentando (508). Resultados semelhantes foram observados em estudos
clínicos do DIU Gyne T-380 (548). Nos estudos clínicos do TCu-380A, Alça de
Lippes D e MLCu-375 na Indonésia, não se constatou nenhuma diferença
estatisticamente significativa nas taxas de expulsão/deslocamento entre as 724 mulheres
que amamentavam e as 2.096 mulheres que não amamentavam, seja aos 12 ou 24 meses. No
entanto, todas as três perfurações relatadas ocorreram entre as mulheres que
amamentavam (540).
A colocação após o parto exige técnicas especiais que minimizam o risco de
perfuração. Deve-se evitar o uso de histerómetro devido ao risco de perfuração do
útero mole. Normalmente, o DIU é colocado após o parto, com o uso de uma pinça
coração ou manualmente, ao invés de usar um tubo de inserção padrão (71, 535). Se
for usado um tubo de inserção, Tapani Luukkainen recomenda que os braços do DIU em T
sejam liberados assim que o tubo de inserção ultrapassar o orifício interno do canal
cervical. A partir daí, o DIU aberto pode ser levantado até o fundo do útero. Os
braços estendidos do T reduzem o risco de perfuração (608).
Colocação Após um Aborto
A concepção pode ocorrer apenas dez dias após um aborto e, portanto, existe
necessidade da adoção imediata de um método anticoncepcional eficaz (34). O DIU pode
ser colocado de forma segura depois de um aborto espontâneo ou induzido, exceto em
mulheres com infecção pélvica ou abortos sépticos (211, 436, 445, 565). Os estudos da
OMS demonstram taxas de expulsão moderadas associadas à colocação do DIU após abortos
de primeiro trimestre, as quais variam, ao cabo de dois anos, de 5 a 9 mulheres em 100, no
caso do aborto induzido, e de 10 a 14 mulheres em 100, no caso de aborto espontâneo. No
caso da colocação do DIU após um aborto no segundo trimestre de gravidez, são muito
mais altas as taxas de expulsão e de remoção por dor ou outros motivos médicos (436,
445).
Population Reports is published by the Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA
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