07 - Benefícios não Anticoncepcionais para a Saúde
Equipe Editorial Bibliomed
Os injetáveis tem vários outros benefícios à saúde, além de evitar gravidezes
involuntárias. Eles ajudam a evitar o câncer do endométrio e, possivelmente, o câncer
do ovário. Além disso, eles ajudam as mulheres que sofrem de anemia e falcemia. Também,
da mesma forma que outros métodos anticoncepcionais que impedem a ovulação, tais como
os anticoncepcionais orais e, em escala menor, os implantes Norplant, os injetáveis
protegem as mulheres contra a gravidez ectópica, que pode causar a morte devido ao grave
sangramento interno repentino devido à ruptura da trompa de Falópio. Alguns estudos
parecem apontar para outros benefícios dos injetáveis, entre eles a prevenção da
doença inflamatória pélvica (DIP).
Redução da Anemia
Um anticoncepcional que aumente os níveis de hemoglobina é particularmente útil nos
países em desenvolvimento, onde de 20% a 40% das mulheres sofrem de anemia devido à
insuficiência de ferro (343). Vários estudos observaram que os níveis de hemoglobina no
sangue aumentam nas usuárias de AMPD e EN NET (65, 121, 122, 201), enquanto outros
estudos não constataram qualquer diferença (1, 129). Os injetáveis com somente
progestogênio podem aumentar os níveis de hemoglobina reduzindo a perda de sangue
menstrual, acelerando a formação das células vermelhas e prolongando seu período de
sobrevivência (65, 121). Dois estudos de injetáveis mensais não detectaram qualquer
mudança nos níveis de hemoglobina (86, 108), ao passo que um estudo de um ano do
injetável Mesigyna detectou um aumento significativo depois da terceira injeção (208).
Veja Quadro 2 e Quadro 3
Menos Crises de Falcemia
A falcemia, ou anemia falciforme, é causada por um defeito na estrutura da hemoglobina
que causa a deformação das hemácias, as quais adquirem o formato de foice ao serem
privadas de oxigênio. Estas células bloqueiam o fluxo do sangue, provocando crises
dolorosas de falcemia. A falcemia é mais comum entre as pessoas da raça negra, causando
pelo menos 80.000 mortes anuais no mundo inteiro (231).
A testosterona, progesterona e os progestogênios tais como o AMPD, evitam as crises de
falcemia, provavelmente ao estabilizar a membrana das células vermelhas, as hemácias
(139). No único estudo que relaciona o AMPD e a falcemia, as mulheres que usaram o AMPD
durante um teste conduzido por dois anos tiveram um número significativamente menor de
crises de falcemia que as mulheres que receberam um placebo. Os testes hematológicos
constataram aumentos significativos na contagem do total de hemoglobina e células
vermelhas entre as usuárias do AMPD e decréscimos significativos no volume de células
falciformes irreversíveis (65).
Outros Possíveis Benefícios
Os injetáveis com somente progestogênio podem ajudar as mulheres que sofrem de
infecções do aparelho reprodutivo, epilepsia e endometriose. No entanto, a evidência é
ainda insuficiente e fazem-se necessários estudos posteriores neste sentido.
Os injetáveis com somente progestogênio podem ajudar a evitar a doença inflamatória
pélvica (DIP). Um estudo multinacional da OMS, conduzido com 319 mulheres que sofriam de
DIP e 638 outras que serviam de pares de controle, constatou que, entre as usuárias de
AMPD ou EN NET, o risco de desenvolver a doença inflamatória pélvica aguda era a metade
do risco corrido pelas não-usuárias, apesar da diferença em risco não ter sido
significativa devido ao tamanho reduzido da amostra (99). Os injetáveis podem proteger
contra a DIP tornando mais espesso o muco cervical, evitando que os organismos de doenças
sexualmente transmissíveis passem através do colo uterino.
Os progestogênios fizeram diminuir a freqüência das convulsões em mulheres que
sofriam de epilepsia (194, 359). Vários estudos relataram que a freqüência das
convulsões das mulheres diminui quando os níveis de progesterona são altos, durante o
ciclo menstrual, e aumentam quando os níveis de estrogênio são altos. Um estudo
realizado com 14 mulheres constatou que, quando se adicionava o acetato de
medroxiprogesterona oral e injetado aos medicamentos antiepilépticos administrados a tais
mulheres, durante um período médio de 12 meses, a freqüência das convulsões das 11
mulheres que haviam desenvolvido amenorréia diminuía em 30%, passando de 11 convulsões
por mês (antes do acréscimo) a 5 convulsões (depois do acréscimo), o que constitui uma
mudança significativa (194).
A endometriose provoca uma menstruação dolorosa e um sangramento prolongado. Usa-se
uma dosagem diária de 20 a 30mg de medroxiprogesterona para tratar a endometriose (214).
Os estudos clínicos sugerem que o AMPD na dosagem anticoncepcional provoca também a
diminuição dos sintomas (154).
Population Reports is published by the Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA
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