05 - O uso da contracepção para espaçar os nascimentos

Equipe Editorial Bibliomed

No mundo inteiro, milhões de mulheres usam métodos anticoncepcionais temporários para atingir seus intervalos preferidos entre partos. Todas as formas de contracepção, exceto a esterilização feminina e a vasectomia, são temporárias e podem ser usadas tanto para espaçar como para limitar os nascimentos, ou seja, para evitar ter mais filhos.

Por outro lado, muitas outras mulheres não estão usando a contracepção, mesmo quando prefeririam espaçar seu próximo parto. Considera-se que estas mulheres têm uma demanda não satisfeita de planejamento familiar. Entre as mulheres que desejam espaçar os nascimentos, os níveis de demanda não satisfeita por planejamento familiar são ainda mais altos do que entre as mulheres que desejam limitar os nascimentos, particularmente na África sub-Saara.

Somando-se o número de mulheres que usam atualmente a contracepção para espaçar os nascimentos com o número daquelas cujas necessidades não estão satisfeitas, temos o total da demanda potencial de contracepção para fins de espaçamento. Apesar de muitas mulheres cuja necessidade de espaçamento não se encontra ainda satisfeita não terem a intenção de usar a contracepção, muitas outras provavelmente usariam métodos anticoncepcionais temporários se vários obstáculos fossem ultrapassados (151). Os programas de planejamento familiar podem fazer muito mais para vencer esses obstáculos.

Demanda potencial total por espaçamento

Nos países em desenvolvimento, é grande a demanda potencial total de contracepção para espaçar os nascimentos – chegando a cerca de um terço de todas as mulheres em idade reprodutiva – conforme uma análise feita por Population Reports de 54 países com dados das pesquisas DHS. As mulheres casadas com poucos filhos são responsáveis pela maior parte da demanda potencial de espaçamento dos nascimentos. Além disso, algumas mulheres casadas que não têm filhos ainda desejam esperar mais tempo para ter o primeiro (16, 79).

Quase metade da demanda potencial total por contracepção do mundo inteiro é de pessoas que desejam ter mais filhos no futuro. Em outras palavras, o nível de demanda potencial por espaçar os nascimentos é aproximadamente o mesmo que para limitar os nascimentos. Mas em 45 dos 54 países, a demanda potencial por espaçamento está sendo satisfeita em menor escala do que a demanda potencial por limitação. Uma implicação disto é a de que os programas de planejamento familiar não atendem às necessidades anticoncepcionais de mulheres mais jovens e de outras que desejam espaçar os nascimentos de forma tão eficaz como atendem às necessidades de mulheres que desejam limitar os nascimentos. Mas, ao mesmo tempo, as mulheres que desejam espaçar seu próximo parto podem se motivar menos a usar a contracepção do que as mulheres que não desejam mais filhos (195). As conseqüências de uma gravidez desejada porém inoportuna podem ser menores do que as conseqüências de uma gravidez não desejada e, portanto, as mulheres que desejam adiar o momento de ter o próximo filho podem estar menos propensas a usar a contracepção.

Uso de anticoncepcionais para espaçar os nascimentos

Nos 54 países pesquisados, menos de um terço das mulheres casadas em idade reprodutiva usam atualmente a contracepção para espaçar os nascimentos. O uso de anticoncepcionais para espaçar os nascimentos varia de 2% das mulheres, no Paquistão, a 29% no Zimbábue.

Na maioria dos países em desenvolvimento, excluída a África sub-Saara, a contracepção é usada muito mais para limitar do que para espaçar os filhos. Mas na África sub-Saara, a maioria do uso de anticoncepcionais é para o espaçamento, porque muitas pessoas desejam famílias maiores e o espaçamento dos nascimentos é comum em muitas culturas africanas (87). Dos 54 países pesquisados, um extremo é ocupado pelo Níger, onde 84% do uso anticoncepcional total (cuja taxa é de 8%) é de mulheres que desejam adiar o próximo filho ao invés de limitar os partos. No outro extremo está a Índia, onde o uso anticoncepcional para adiar os nascimentos é de apenas 7% da taxa total de uso de anticoncepcionais (48%), principalmente porque o programa nacional de planejamento familiar tem enfatizado tradicionalmente a limitação do tamanho e não do espaçamento da família (73, 84, 113) (ver a Figura 3).

O efeito da taxa de uso de anticonceptivos de um país sobre o intervalo mediano entre os nascimentos varia entre os países mas parece ter menos influência naqueles onde o uso anticoncepcional é mais baixo. Uma análise dos dados das pesquisas DHS feitas entre 1990 e 1995 em 27 países, principalmente fora da região da África sub-Saara, demonstra um efeito limiar na relação entre o uso de métodos temporários e a extensão dos intervalos entre nascimentos (131). Nos países onde menos de 30% das mulheres usam métodos temporários, o nível específico de prevalência anticoncepcional não tem nenhum efeito de peso no intervalo médio entre os nascimentos nesse país. Mas quando o uso de métodos temporários ultrapassa 30%, os intervalos médios entre nascimentos são mais longos.

Uma possível explicação é a de que, como as mulheres que desejam limitar os nascimentos estão mais motivadas a evitar a gravidez, elas são geralmente as primeiras usuárias da contracepção temporária em um país. Eventualmente, o uso da contracepção torna-se mais aceitável e as mulheres que desejam espaçar os nascimentos começam a usá-la também. Na medida em que aumenta a porcentagem das que usam os anticoncepcionais para fins de espaçamento, os intervalos entre nascimentos começam a aumentar (131). Mas esta tendência é invertida na África sub-Saara, onde a maioria das usuárias de anticoncepcionais utilizam-nos para espaçar os nascimentos (196).

Necessidade não satisfeita de espaçamento

Um estudo recente estimou que 17% das mulheres casadas em idade reprodutiva de países em desenvolvimento têm uma necessidade não satisfeita de planejamento familiar (156). Entre as regiões, o nível mais alto de necessidade não satisfeita de espaçamento é visto na África sub-Saara, onde atinge 16% das mulheres casadas. A porcentagem mais elevada de necessidade não satisfeita de espaçamento dos nascimentos também pode ser encontrada na África sub-Saara, representando 65% de toda a demanda não satisfeita por planejamento familiar. No mundo inteiro, mais de metade da necessidade não satisfeita relaciona-se ao espaçamento dos nascimentos (156). A ambivalência, a falta de informações e a oposição pessoal e familiar explicam a maior parte da necessidade não satisfeita de mulheres que desejam adiar o momento de ter o próximo filho. A falta de acesso aos serviços de planejamento familiar também é um fator de peso em muitos países (151, 195).

O conceito de demanda não satisfeita para o espaçamento dos nascimentos descreve as mulheres que não estão usando o planejamento familiar e dizem desejar ter mais filhos, porém desejam esperar pelo menos 2 ou mais anos para tê-los, ou aquelas que não têm certeza se querem ter mais filhos, ou ainda aquelas que desejam ter mais filhos mas não sabem ainda quando. As mulheres que engravidaram em momento não oportuno, bem como as mulheres que não estão menstruando e cujos partos anteriores não foram oportunos, também são incluídas nesta definição (79, 198).

As mulheres mais jovens e as mulheres que tiveram um parto recente têm uma necessidade não satisfeita de espaçamento bastante substancial. Mais de 23% das mulheres casadas de 15 a 24 anos de idade têm uma necessidade não satisfeita de espaçamento.

As mulheres mais jovens são responsáveis por um terço de toda a necessidade não satisfeita (156), sendo a maior parte desta para fins de espaçamento (6, 79). Além disso, muitas mulheres que tiveram partos recentes não usam a contracepção mas pretendem fazê-lo. Um estudo de mulheres que tiveram um parto há no máximo um ano, usando 27 pesquisas DHS realizadas entre 1993 e 1996, constatou que cerca de dois terços delas tinham uma necessidade não satisfeita de planejamento familiar. Quase 40% dessas mulheres tinham a intenção de usar um método anticoncepcional dentro dos próximos 12 meses (157).

Population Reports é publicado pelo Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA.

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