Population Reports - Série M - Nº 17 - Continua a Revolução Reprodutiva - 08 - Conhecimento e disponibilidade da contracepção

Equipe Editorial Bibliomed

Para poder usar a contracepção, as pessoas têm que estar informadas, ver seu uso como algo vantajoso e poderem obter os métodos que mais desejam. As pesquisas constataram que o conhecimento da contracepção é praticamente universal entre as mulheres casadas dos países em desenvolvimento e que a maior parte das pessoas aprovam o planejamento familiar.

Na maioria dos países, os meios de comunicação de massa, sobretudo a televisão e o rádio, são uma fonte essencial de informações sobre o planejamento familiar. A maioria das mulheres que conhecem a contracepção sabem também como obtê-la. As fontes de contracepção, sejam públicas, privadas ou outras, variam amplamente de país a país.

Conhecimento e aprovação

Em 37 dos 60 países em desenvolvimento pesquisados, pelo menos 95% das mulheres casadas estão informadas sobre pelo menos um método anticoncepcional (moderno ou tradicional).6 Em 36 países, pelo menos 95% conhecem pelo menos um método moderno (ver Tabela 4).

Mesmo nas áreas rurais, 70% ou mais das mulheres casadas conhecem pelo menos um método anticoncepcional moderno, exceto em alguns países africanos. As diferenças entre as áreas rurais e urbanas quanto ao conhecimento sobre a contracepção tendem a ser menores do que as diferenças de uso dos anticoncepcionais. Em 13 dos 60 países pesquisados, as mulheres das áreas rurais têm a mesma probabilidade que as mulheres das áreas urbanas de estarem informadas sobre pelo menos um método moderno. Mas em 17 países, o conhecimento de um método moderno pode ser 15% a 42% mais elevado entre as mulheres da área urbana do que as da área rural. Desses 17 países, 12 estão na África sub-Saara e os outros são a Bolívia, Guatemala, Mauritânia, Paquistão e Iêmen (ver Tabela Web G).

O conhecimento de métodos anticoncepcionais específicos varia substancialmente entre os países pesquisados (ver Tabela 4). Por exemplo, é amplo o conhecimento sobre os ACOs mas, ao mesmo tempo, menos da metade das mulheres casadas sabem algo sobre os ACOs em alguns países. De modo similar, os preservativos masculinos estão entre os métodos anticoncepcionais mais conhecidos no mundo, mas em oito países pesquisados, menos de metade das mulheres casadas conhece esse método.

6 Nas pesquisas DHS, primeiro pede-se às entrevistadas que dêem o nome de todos os métodos anticoncepcionais de que já ouviram falar. Depois, pede-se a elas que reconheçam algum método que não haviam mencionado espontaneamente. Os dados deste relatório incluem tanto as respostas espontâneas como auxiliadas.

Para começar a usar a contracepção, é preciso que a pessoa esteja informada sobre pelo menos um método anticoncepcional, mas para que ela possa fazer uma escolha bem informada de planejamento familiar, a pessoa tem que conhecer uma variedade de métodos eficazes, tornando o uso de anticoncepcionais ainda mais provável. A opção de poder trocar de método é fundamental para o uso contínuo do planejamento familiar. Quando se dispõe de uma variedade de métodos, as pessoas se sentem à vontade para mudar de método quando suas necessidades mudam, ao invés de usar apenas um método que já não é mais apropriado para o caso ou ao invés de cessar totalmente a prática da contracepção (128).

O número médio de métodos anticoncepcionais sobre os quais as mulheres têm informações varia substancialmente entre os países. Entre os países pesquisados pela DHS, o Chade está na posição extrema, pois aí as mulheres estão informadas sobre apenas 1,4 métodos. No outro extremo estão Bangladesh, Colômbia, República Dominicana, Jordânia e Peru, onde as mulheres já ouviram falar de 9 métodos, em média.

Aprovação do planejamento familiar. Em 27 dos 50 países que dispõem de dados de pesquisa, mais de metade das mulheres casadas dizem aprovar o planejamento familiar e pensam que seus maridos também o aprovam (ver Tabela Web H). Entre os 24 países em desenvolvimento fora da África sub-Saara, somente na Mauritânia, Paquistão e Iêmen a aprovação por ambos os cônjuges cai abaixo de 50%.

Muitas mulheres aprovam o planejamento familiar, mesmo acreditando que seus maridos não o aprovam. Na África sub-Saara, a aprovação das mulheres, com ou sem a aprovação do marido, é em média de 74%. Em outras partes, a aprovação das mulheres varia de 76% no Oriente Médio e África do Norte a 88% na América Latina e Caribe.

Os meios de comunicação de massa

Os programas de planejamento familiar dependem frequentemente das campanhas dos meios de comunicação de massa para informar as pessoas sobre a contracepção e influenciar as normas sociais sobre o planejamento familiar. A televisão, rádio e outros meios de massa exercem uma influência muito forte sobre as atitudes e comportamentos das pessoas no que se refere ao planejamento familiar e à fertilidade (13, 83).

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Em todo país pesquisado da África sub-Saara, o rádio atinge muito mais mulheres com as mensagens sobre planejamento familiar do que a televisão (ver Tabela 5). Mas em outras partes, em 20 de 32 países, especialmente na Europa Oriental e Ásia Central, mais mulheres recebem pela televisão as informações sobre planejamento familiar. O alcance das mensagens de planejamento familiar transmitidas pelos meios de massa, inclusive rádio e televisão, aumentou desde 1990 (ver Tabela Web 5).

Aprovação das mensagens de planejamento familiar. Em todo o mundo em desenvolvimento, a maioria das mulheres considera aceitáveis as mensagens sobre planejamento familiar nos meios de massa e os níveis de aprovação continuam a aumentar. Em todos os países pesquisados, exceto Chade e Paquistão, mais de metade das mulheres dizem que as mensagens dos meios de massa sobre planejamento familiar são aceitáveis – desde uma média de 74% na África sub-Saara até 91% na América Latina e Caribe (ver Tabela 5). O nível de aceitação aumentou em 8 dos 10 países com pelo menos duas pesquisas desde 1990 (ver Tabela Web 5).

Disponibilidade do planejamento familiar

Recentemente, o programa DHS deu início às pesquisas chamadas SPA (Avaliação da Prestação de Serviços). Estas pesquisas coletam informações sobre a disponibilidade e qualidade do atendimento de planejamento familiar, infecções sexualmente transmitidas, HIV/AIDS, saúde infantil e saúde maternal. As pesquisas SPA são diferentes de suas precursoras, as pesquisas de Disponibilidade de Serviços, já que coletam dados de uma amostragem nacional representativa de todos os tipos de unidades de saúde, desde dispensários a hospitais dos setores público e privado, ao invés de coletá-los junto às autoridades de saúde e líderes comunitários.

As duas primeiras avaliações desse tipo – uma feita no Quênia em 1999 e a outra feita em Bangladesh em 1999–2000 – constataram que, respectivamente, 88% e 85% de todas unidades de saúde nos dois países prestavam serviços de planejamento familiar. Em ambos os países, 89% das instalações de saúde forneciam injetáveis. No Quênia, 88% forneciam preservativos e, em Bangladesh, 96%. No Quênia, 51% forneciam o DIU e, em Bangladesh, 87%. No Quênia, somente 11% das instalações de saúde ofereciam esterilização feminina, comparado a 37% em Bangladesh (74, 99). Outros relatórios sobre prestação de serviços estão sendo concluídos sobre o Egito, Gana, México e Ruanda, e outros ainda foram planejados para mais países.

Conhecimento das fontes. As pesquisas DHS com famílias medem as percepções individuais da disponibilidade do planejamento familiar. Em países que dispõem de tal informação, a maioria das mulheres diz que sabem onde obter um método anticoncepcional (36). Por exemplo, em 9 de cada 11 países em desenvolvimento fora da região sub-Saara da África que dispõem de dados de pesquisa, 90% ou mais das mulheres casadas sabem onde obter pelo menos um método moderno. As exceções são Paquistão e Iêmen, onde as cifras são 45% e 27%, respectivamente (36).

Na África sub-Saara, o conhecimento das fontes varia amplamente entre os países pesquisados. Em quatro países, mais de 80% das mulheres casadas declaram conhecer alguma fonte de anticoncepcionais modernos. Por outro lado, em seis outros países, menos de metade das mulheres declaram conhecer alguma fonte.

A maioria das mulheres informadas sobre a contracepção também sabe onde obtê-la, mas em alguns países há uma grande lacuna entre a percepção de um método e o conhecimento da fonte onde obtê-lo. Por exemplo, em Burkina Fasso, 63% das mulheres casadas conhecem um método anticoncepcional moderno, mas somente 28% sabem de uma fonte de fornecimento do mesmo. Também existem lacunas substanciais em Níger, Paquistão, Senegal e Iêmen (36).

Fontes públicas, privadas e outras fontes. O setor público é o principal fornecedor de contracepção nos países em desenvolvimento, considerados como um todo (36). No entanto, no Oriente Médio e na África do Norte, como também na América Latina e Caribe, os provedores privados fornecem mais de metade dos ACOs e injeções. Na África sub-Saara e na Ásia, as fontes privadas fornecem mais da metade dos preservativos.

As fontes variam por tipo de anticoncepcional. Em muitos países, mais da metade das usuárias de métodos clínicos, tais como o DIU e os injetáveis, obtêm tais métodos de uma unidade estacionária do governo. Já em regiões diferentes da África sub-Saara, as farmácias privadas são a fonte principal de métodos tais como os preservativos e os ACOs (36).

Population Reports é publicado pelo Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA.

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