Population Reports - Série M - Nº 17 - Continua a Revolução Reprodutiva - 07 - As opções diferentes de métodos anticoncepcionais

Equipe Editorial Bibliomed

Os métodos anticoncepcionais específicos que as mulheres usam variam bastante de um país a outro. As opções de métodos usados num país refletem muitos fatores, inclusive a disponibilidade de vários métodos anticoncepcionais e a percepção que as pessoas têm dos mesmos, de seu custo e de como obtê-los. Além disso, as preferências pessoais, as normas sociais e a percepção de como o uso do planejamento familiar é aceito ou não afetam as opções anticoncepcionais. Quatro métodos anticoncepcionais modernos – a esterilização feminina, os anticoncepcionais orais (ACOs), os injetáveis e o dispositivo intrauterino (DIU) – são os métodos usados mais amplamente pelas mulheres dos países em desenvolvimento pesquisados. Juntos, eles são responsáveis por quase 75% de todo o uso de anticoncepcionais (ver Tabela 3).

Esterilização feminina

Nos países em desenvolvimento pesquisados, a esterilização feminina é o método anticoncepcional mais popular, de modo geral: uma média não ponderada de 9% das mulheres casadas já foram esterilizadas (ver Tabela 3). Mas a esterilização feminina é o método mais amplamente usado em somente 14 dos 60 países em desenvolvimento pesquisados, todos eles na Ásia ou na América Latina e Caribe.

A esterilização é pouco usada no Oriente Médio e África do Norte ou na África sub-Saara. Como seria de se esperar, na maioria dos países onde ela é pouco usada, o acesso à esterilização feminina é limitado ou mesmo inexistente (32, 93).

Os níveis de esterilização feminina permaneceram aproximadamente os mesmos – entre duas pesquisas consecutivas - na maioria dos 38 países em desenvolvimento onde foram feitas múltiplas pesquisas desde 1990 (ver Tabela Web 3). Mas em 3 países pesquisados – Índia, Colômbia e Nicarágua – o uso da esterilização feminina aumentou no mínimo 6% entre as pesquisas. Na Índia, este aumento da esterilização explica todo o aumento da prevalência do uso de anticoncepcionais modernos entre pesquisas consecutivas.

Entre as mulheres não casadas de idade reprodutiva, o uso da esterilização é substancial em alguns países da América Latina e Caribe – inclusive El Salvador, com 26% das mulheres não casadas mas sexualmente ativas, e a República Dominicana, com 24% (ver Tabela Web C). Estes dados incluem muitas mulheres viúvas ou divorciadas que são sexualmente ativas e escolheram a esterilização depois de terem completado suas famílias. Em países pesquisados da África sub-Saara e da Europa Oriental e Ásia Central, praticamente nenhuma mulher não casada mas sexualmente ativa recorre à esterilização.

Anticoncepcionais orais

Os ACOs são o segundo método anticoncepcional mais amplamente usado entre as mulheres casadas de países em desenvolvimento pesquisados pelas DHS e RHS. Eles são o método mais amplamente usado na África sub-Saara e o segundo método mais usado no Oriente Médio e África do Norte, Ásia e na América Latina e Caribe (ver Tabela 3).

Os ACOs são o anticoncepcional mais amplamente usado em um terço dos países pesquisados na região sub-Saara, se bem que somente em Cabo Verde, Maurício e Zimbábue mais de 15% das mulheres casadas de idade reprodutiva usem este método. Mesmo assim, o nível de uso de ACOs em Zimbábue, que é de 36%, é o mais alto de qualquer país do mundo, o que reflete a ênfase que o programa nacional de planejamento familiar colocou na distribuição dos ACOs por todo o país.

O uso de ACOs entre as mulheres casadas permaneceu aproximadamente o mesmo na maioria dos 38 países em desenvolvimento pesquisados mais de uma vez desde 1990 (ver Tabela Web 3). O maior aumento de uso foi em Bangladesh: 5% no período de 6 anos entre duas pesquisas consecutivas.

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Entre as mulheres não casadas mas sexualmente ativas, o uso de ACOs é geralmente mais comum – e em muitos países, muito mais comum – do que entre as mulheres casadas (ver Tabela Web C). Em praticamente todos os países pesquisados que dispõem desses dados, é mais provável que as mulheres não casadas usem os ACOs do que as mulheres casadas. Esta estatística reflete o fato de que poucas mulheres não casadas recorrem à esterilização.

Injetáveis

Os injetáveis se tornaram o terceiro método anticoncepcional mais comumente usado entre as mulheres casadas nos países em desenvolvimento pesquisados, apesar de serem usados por apenas cerca de 5% dessas mulheres casadas. Em 15 países pesquisados desde 1990, a maioria deles na África sub-Saara, os injetáveis são o método anticoncepcional moderno mais popular entre as mulheres casadas (ver Tabela 3).

O uso mais elevado dos injetáveis ocorre na África do Sul, com 23% das mulheres casadas. Outros países onde os injetáveis são amplamente usados incluem a Indonésia, com 21% das mulheres casadas, e Malauí, com 16%. Entre as mulheres não casadas mas sexualmente ativas de idade reprodutiva, o uso dos injetáveis é superior a 10% no Quênia, Guatemala, Namíbia, Niger e Paraguai.

Entre as mulheres casadas de países em desenvolvimento onde houve múltiplas pesquisas desde 1990, o uso de injetáveis aumentou em média 3% em todos os países, exceto Ruanda. O maior aumento de uso deu-se em Malauí (14%), no Peru (13%) e no Haiti e Indonésia (9%) (ver Tabela Web 3).

DIU

O DIU está em quarto lugar entre os métodos de planejamento familiar usados por mulheres casadas dos países em desenvolvimento pesquisados. O uso do DIU parece ter aumentado em 14 dos 38 países em desenvolvimento onde houve duas pesquisas desde 1990, porém os aumentos foram pequenos, menos de 0,5% em média.

O DIU é o método mais amplamente usado no Oriente Médio e na África do Norte (ver Tabela 3). Nos países pesquisados na Ásia e África sub-Saara, o DIU é pouco usado. A única exceção é o Vietnã, onde 39% das mulheres casadas usam o método, o que demonstra a ênfase do governo em colocá-lo à disposição. A China, que não tem feito parte dos programas DHS ou RHS mas tem conduzido suas próprias pesquisas sobre o uso de anticoncepcionais, apresenta altos níveis de uso do DIU, que atinge 36% de todas as mulheres casadas de idade reprodutiva (114). O DIU é o método mais amplamente usado na maioria dos países pesquisados da Europa Oriental e Ásia Central.

Entre as mulheres não casadas mas sexualmente ativas dos países pesquisados, os níveis de uso do DIU são geralmente baixos. As exceções são o Cazaquistão e Moldávia, além de vários países da América Latina, entre eles Equador, Honduras e Nicarágua.

Preservativos masculinos

Apesar dos preservativos serem importantes para proteger contra o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o uso do preservativo masculino no planejamento familiar é raro entre as mulheres casadas dos países em desenvolvimento.5 Os níveis de uso dos preservativos informados por mulheres casadas não mudaram muito nos últimos anos, como mostram os dados de 38 países em desenvolvimento pesquisados mais de uma vez desde 1990.

Nos 60 países em desenvolvimento pesquisados, somente 3%, em média, das mulheres casadas dizem recorrer ao preservativo masculino para a contracepção (ver Tabela 3). Em somente 3 países mais de 10% das mulheres casadas relatam o uso do preservativo para fins de contracepção: Maurício (13%), Costa Rica (16%) e Jamaica (17%).

Entre os países pesquisados da Europa Oriental e Ásia Central, 19% das mulheres casadas usam o preservativo para o planejamento familiar na República Tcheca, enquanto que na Ucrânia, este valor é de 14%.

Uso dos preservativos pelas mulheres não casadas. As mulheres não casadas, sexualmente ativas e de idade reprodutiva têm muito mais probabilidade de responder que usam os preservativos do que as mulheres casadas, probabilidade esta que é 16 vezes maior na África sub-Saara e 3 vezes maior na América Latina e Caribe. Em 11 países em desenvolvimento, os níveis de uso dos preservativos atingem 20% ou mais entre as mulheres não casadas e sexualmente ativas (ver Tabela Web C).

Nos países onde foram feitas pelo menos duas pesquisas com mulheres não casadas desde 1990, o uso do preservativo aumentou 7% em média. Os aumentos foram consideráveis no Paraguai, onde o uso pelas mulheres não casadas passou de 3% a 35%, respectivamente, nas pesquisas de 1990 e 1998, e em Burkina Fasso, onde passou de 12% a 36% nas pesquisas de 1993 e 1998–99.

Outros métodos modernos

Nos países em desenvolvimento pesquisados, relativamente poucas mulheres, casadas ou não, usam outros métodos anticoncepcionais modernos – inclusive esterilização masculina, métodos vaginais (diafragma, tampões cervicais e espermicidas), implantes ou preservativos femininos. Em média, o uso de métodos vaginais não chega a 1% do uso total de anticoncepcionais por mulheres de todas as regiões. O uso mais elevado de implantes é observado entre as mulheres casadas da Indonésia, onde atinge 6%, seguida do Haiti, com apenas 1%. Quanto ao uso do preservativo feminino na contracepção, ele não chega a 1% das mulheres casadas em nenhum país pesquisado.

5 Os níveis informados de uso dos preservativos para fins de planejamento familiar diferem frequentemente dos níveis informados para fins de proteção contra as ISTs. Esta diferença deve-se parcialmente ao uso dos preservativos em relações extraconjugais. Em pesquisas recentes, tanto homens como mulheres apresentam tendência crescente de relatar o uso de preservativos para proteger-se contra a HIV/AIDS e outras ISTs (ver um dos próximos números de Population Reports, que abordará os resultados de pesquisas feitas com homens).

Esterilização masculina. Além da China e Índia, menos de 1% das mulheres pesquisadas em países em desenvolvimento recorrem à esterilização masculina como meio de proteção anticoncepcional. Na Índia, esta cifra é de 2% e na China, 8%. A esterilização masculina praticamente não existe nos países pesquisados da África sub-Saara e Oriente Médio e África do Norte. O Nepal, com 6%, tem o mais elevado nível de esterilização masculina entre todos os países pesquisados pelos programas DHS ou RHS (ver Tabela 3).

Métodos tradicionais de planejamento familiar

O uso dos dois métodos anticoncepcionais tradicionais – abstinência periódica e retirada – varia amplamente entre os países pesquisados. Apesar dos níveis de uso serem geralmente muito mais baixos do que para os métodos modernos, em alguns países é substancial o número de mulheres que usam os métodos tradicionais.

Abstinência periódica. Em todos os países pesquisados, a abstinência periódica é mais amplamente usada na Bolívia, onde chega a 20% das mulheres casadas (ver Tabela 3). Apesar dos baixos níveis de uso em geral nos países em desenvolvimento, a abstinência periódica é o método mais amplamente usado entre as mulheres casadas de 12 dos 30 países da África sub-Saara, mas de qualquer forma esta média é de apenas 4%. Além disso, na África sub-Saara cerca de 10% das mulheres não casadas, sexualmente ativas e de idade reprodutiva relatam o uso da abstinência periódica.

Método da retirada. Na África sub-Saara o uso da retirada entre as mulheres casadas tem uma média de apenas 2%, mas atinge 16% em Maurício. No Oriente Médio e na África do Norte, o uso da retirada é, em média, de 7% mas atinge 24% na Turquia. Na Ásia, o uso da retirada tem uma média de 4%, mas chega a 12% no Vietnã. Na América Latina e Caribe, o uso da retirada é, em média, de 3%, com pouca variação entre os países (ver Tabela 3).

Na Europa Oriental e Ásia Central, a retirada é o método mais amplamente usado, tradicional ou moderno, em 6 dos 11 países pesquisados. Os níveis de uso podem atingir até 41% no Azerbaidjão. Muitas mulheres não casadas nesses países também informam que recorrem ao método anticoncepcional da retirada (ver Tabela Web C).

Método da amenorréia lactacional (LAM)

Muitas mulheres relatam o uso da LAM como método anticoncepcional. Apesar das mulheres acreditarem às vezes que estão usando a amamentação como meio anticoncepcional, os estudos demonstram que, na verdade, o uso correto da LAM é limitado. Para que uma mãe pratique a LAM, ela tem que atender a três critérios: estar amamentando de forma exclusiva ou quase exclusiva; estar dentro do período de seis meses após o parto; e não estar menstruando (41, 63). Se uma mulher sexualmente ativa não atender a todos esses critérios, ela não estará praticando corretamente a LAM, correndo portanto o risco de ter uma gravidez não desejada, a não ser que ela esteja usando ao mesmo tempo um outro método anticoncepcional.

A maioria das mulheres lactantes pesquisadas – desde 50% no Peru a 94% em Mali – declararam depender da amamentação para evitar a gravidez. No entanto, em 12 países estudados, poucas das mulheres lactantes atendiam aos critérios LAM – de 3% no Haiti a 20% em Mali (50).

Population Reports é publicado pelo Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA.

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