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emagrece e engorda novamente, o que é muito
comum entre quem faz uso de medicamentos
para emagrecer. Logo, isso também impulsionaria
a venda dos medicamentos, uma vez que, quando
engordarem novamente, essas pessoas voltariam
a comprar a droga para perder os quilos que
ganhou?
Faz sentido. É algo para ser pensado. E o que eu
pensei agora foi:mas as pesquisas deveriammostrar
também esses obesos que usaram drogas para
emagrecer e perderam peso. Mas, mesmo assim,
o número de pessoas obesas esta aumentando.
Então tem alguma coisa de errado.
O que provoca o efeito sanfona?
A falta de mudança de hábitos. Como é que eu vou
mudar um hábito à custa de um remédio? Alguns
profissionais defendem o uso do medicamento
para o resto da vida. O curioso nisso tudo é que
o obeso só volta a procurar ajuda depois que
engordou tudo de novo. Mas, por quê? E eu tinha
um objetivo, o alcancei, e estou o vendo ir embora,
não é lógico que eu tome uma providência rápida?
Será que essa pessoa quer mesmo emagrecer?
Geralmente, as dietas são restritivas e as pessoas
deixam de comer vários alimentos que gostam para
emagrecer. Quando alcançam o objetivo, sentem-
se no direito de comer novamente aquilo do que
abriram mão como uma forma de recompensa pelo
esforço feito durante o regime. Isso é correto?
Me parece que essa pessoa esta fora da realidade.
Para se conquistar uma coisa, tem que se abrir
mão de outra. Logo, se uma pessoa quer emagrecer
e se manter magra, deve ter consciência de que
não pode abusar dos alimentos calóricos. Como
eu falei: emagrecer depende da alimentação. O
segredo de uma dieta de sucesso é não ter dieta.
Então seria reaprender a comer.
Reeducação alimentar, reaprender a comer, são
expressões batidas, que perderam o impacto. O
que eu falo com as pessoas que me procuram
para emagrecer é que se elas não gostarem do
novo modo de comer delas, não emagrecerão
em definitivo. Sempre que tenho a oportunidade
converso francamente com meus pacientes e digo:
“Olha, ou você passa a gostar do que você está
fazendo ou não há chance de você ter sucesso a
longo prazo”.
O ideal é que o paciente tenha consciência do que
quer e se pergunte: “exatamente porque que é que
eu quero perder peso?” Uma coisa que eu falo para
os meus pacientes, e alguns arregalam os olhos
como se eu fosse um ET, é: “você tem o direito
de ser obeso”. É preferível que você seja um obeso
saudável e feliz do que alguém que vai passar o
resto da vida sofrendo, tenso, deprimido, irritado,
se achando a última pessoa do mundo em termos
de valor porque vive emagrecendo e engordando.
Faça como o Jô Soares. Assuma. Ninguém tem
nada a ver com isso. É um problema da pessoa.
As pessoas têm o direito de serem obesas e de
serem magras, quando elas querem ser umas
e quando elas querem ser outra. Se a sociedade
supostamente diz que você tem que ser uma coisa
ou outra, brigue com a sociedade.
A ANVISA publicou um depoimento em que alerta
que o Victoza tem efeitos colaterais que incluem
náusea, dor de cabeça, distúrbios na tireóide e
alterações na função renal. Esses efeitos podem
causar problemas a longo prazo, mesmo se o uso
do medicamento for interrompido?
Normalmente, o efeito colateral cessa com o uso
da medicação. Agora, é possível ter algum efeito
colateral que não tenha volta. Mas isso é mais
OPINIÃO DO ESPECIALISTA