Davidson Pires de Lima. . Há 30 anos exerço a clínica médica, ou que outro nome possa-se dar a esta prática. Durante este tempo vi imensas transformações em todos os momentos da atividade clínica, sejam nos métodos diagnósticos, nos tratamentos e na organização da assistência médica. A ultra-sonografia e outros métodos de imagem surgiram enquanto auscultávamos e palpávamos os pacientes; os medicamentos modernos são quase inteligentes, substituindo a ampicilina, que prescrevi pela primeira vez no hospital, tratando um paciente portador de abscesso hepático que se curou com aquela droga maravilhosa; e a prática clínica foi pulverizada pelas mais diversas especialidades enquanto se estruturava a assistência pública para os cuidados básicos de saúde. Desde o início trabalhei em ambulatórios e enfermarias, em pronto-atendimentos e na primeira unidade brasileira de terapia intensiva, cuidando de pacientes em diversos ambientes epidemiológicos, um conceito ainda não disponível na época. Sempre me perguntei o que é ser um clínico. E jamais consegui me responder satisfatoriamente. Entretanto, lembro-me exatamente do que já fiz, sei claramente o que faço e tenho uma aparente tranqüilidade do que farei, resguardadas as contingências do imponderável.. . Mas, sem dúvida, estamos em crise. Há uma crise no papel do clínico geral, e os aprendizes de ....