Novo anticoncepcional masculino de longo prazo em estudos clínicos

Dois novos métodos de anticoncepção masculina que estão em desenvolvimento – o RISUG e o Dispositivo Intra Vas (IVD, em inglês) – provocam a infertilidade a longo prazo e têm como vantagem o potencial de serem reversíveis. Encontram-se atualmente em estudos clínicos.

RISUG: Gel injetado bloqueia os espermamatozóides

O RISUG (sigla em inglês de "Inibição Reversível dos Espermamatozóides Sob Orientação") é um gel transparente de polímero feito de estireno-anidrido maléico (SMA, em inglês) misturado com o sulfóxido de dimetila (DMSO, em inglês). Foi desenvolvido pelo Indian Institute of Technology e o All India Institute of Medical Sciences da Índia. O RISUG é injetado no conduto deferente, o conduto que transporta os espermatozóides do epidídimo ao conduto ejaculatório. Apesar do mecanismo de ação não ser ainda totalmente compreendido, os resultados do estudo sugerem que o RISUG bloqueia parcialmente o conduto deferente e, ao mesmo tempo, provoca rupturas nas membranas por onde passam os espermatozóides, desativando assim a maior parte dos espermatozóides que conseguem atravessá-las (47, 48, 133, 143, 145).

Os resultados dos estudos clínicos de fase I e II indicaram que o RISUG pode ser tanto seguro como eficaz como método anticoncepcional (92, 93). Em estudos clínicos, o RISUG provocou alguns efeitos colaterais temporários tais como o inchamento do escroto em cerca de um terço dos participantes (92, 93, 94). Um estudo de toxicidade está sendo planejado para permitir uma avaliação posterior da segurança do RISUG (142). Um estudo clínico de fase III começou na Índia com 140 homens, mas foi adiado até que os resultados dos estudos de toxicidade estejam concluídos (48, 142).

Os resultados dos estudos com animais indicam que os espermatozóides reaparecem no material ejaculado quando o RISUG é eliminado com DMSO ou bicarbonato de sódio, ou quando sua saída é forçada de forma não invasiva usando massagem, vibração ou aplicação de um baixo nível de corrente elétrica. Ainda não foram realizados estudos formais sobre a inversão do processo em seres humanos (91, 133, 144).

Os estudos clínicos de fase II mostram que os usuários não produzem espermatozóides ou os mesmos são incapazes de mobilizar-se durante pelo menos um ano (93, 94). É essencial a realização de estudos de acompanhamento a longo prazo dos participantes nos estudos clínicos, bem como estudos de maior alcance para obter um melhor entendimento da segurança e eficácia do RISUG (232).

Apesar do RISUG já ter sido estudado por mais de duas décadas, os pesquisadores se preocupam porque os testes pré-clínicos têm sido inadequados e alguns questionam a precisão dos testes de toxicidade (232). O Governo da Índia está começando a responder a essas preocupações, dando apoio aos estudos planejados de toxicologia (91, 142).

Dispositivo Intra Conduto Deferente: Dois tampões implantados bloqueiam os espermatozóides

O Dispositivo Intra Vas (IVD, também conhecido em inglês como "shug", ou "tampão de borracha") é um dispositivo que pode ser implantado no conduto deferente. Ele usa dois tampões em cada conduto para que, se os espermatozóides passarem através de um tampão, serão bloqueados pelo segundo (141). Em testes com animais, o IVD deu como resultado a ausência de espermatozóides no material ejaculado (282) e, depois da retirada dos dispositivos, todos os primatas ejacularam quantidades normais de espermatozóides de novo (283).

A colocação e remoção do IVD não exige uma capacitação cirúrgica especial; ele pode ser oferecido como opção anticoncepcional em qualquer clínica onde se possa fazer uma vasectomia com a técnica sem bisturi. Os testes com animais sugerem que a implantação e remoção podem ser feitas, cada uma, em 20 minutos (282, 283).

Entre os 30 homens que participaram de um estudo piloto, o IVD reduziu drasticamente a contagem de espermatozóides no material ejaculado de todos os participantes; 27 homens não apresentavam nenhum espermatozóide ou somente aqueles incapazes de locomoverem-se (281). A Shepherd Medical, companhia que detém os direitos sobre o IVD, solicitará a aprovação da USFDA em 2005 para começar testes clínicos de fase II, os quais acompanharão 90 homens dos EUA ao longo de 18 meses. O estudo avaliará a segurança do IVD, sua capacidade de bloqueio do vaso deferente e sua eficácia geral como anticoncepcional (236).