Eficácia da pílula: questões pendentes Não existem dados conclusivos sobre até que ponto o uso de antibióticos, o vômito e a diarréia – ou os antibióticos e doenças gastrointestinais juntos – afetam a eficácia da pílula na prevenção da gravidez. Apesar do uso imperfeito ser a principal razão pela qual a pílula falha, existem outros fatores citados por mulheres que engravidaram enquanto usavam a pílula, os quais situam-se geralmente em segundo lugar, depois de pílulas não tomadas (47, 207, 253-255, 258, 259). Como algumas mulheres que usam os ACOs relatam mais de uma razão pelo possível fracasso deste método, é difícil interpretar até que ponto o uso de antibióticos, o vômito e a diarréia reduzem a eficácia da pílula. Interferência de outros medicamentos Considera-se que algumas poucas drogas interferem significativamente com a eficácia dos ACOs (243, 245). Já foi demonstrado que as drogas de indução hepática de enzimas diminuem a eficácia da pílula. Estas drogas incluem a rifampicina, griseofulvina antifúngica, barbitúricos e os anticonvulsivos carbamazepina, fenitoína e primadona (12, 32, 34, 44, 125, 172, 202). Antibióticos de amplo espectro Alguns estudos menores que avaliaram o efeito dos antibióticos de amplo espectro sobre a eficácia dos ACOs não constataram nenhuma ovulação entre as usuárias de ACOs que tomavam estas drogas. Enquanto em alguns estudos reduziu-se a concentração do etinilestradiol entre as mulheres, o nível de estrogênio manteve-se suficiente para evitar a gravidez (11, 35, 42, 64, 130, 142, 145). As drogas estudadas incluem a ampicilina, ciprofloxacina, doxiciclina, fluconazole, ofloxacina, temafloxacina, tetraciclina e triazole. No entanto, algumas mulheres que engravidaram tomando a pílula relatam ter tomado antibióticos em torno da época da concepção. Por exemplo, 21% das mulheres que desejavam abortar na Nova Zelândia relataram ter tomado antibióticos nessa época (207). Baseado no questionamento e nas avaliações feitas pelos profissionais que as atenderam, acredita-se que as mulheres desse estudo não deixaram de tomar a pílula na época da concepção (207). Em outros estudos, entre 4% e 34% das mulheres que desejavam abortar depois que engravidaram por falha da pílula, relataram uso concomitante de antibióticos, se bem que esses estudos não dão informações sobre outros fatores que possam ter contribuído à falha da pílula (47, 255). Uma razão pela qual o uso concomitante de antibióticos parece ser tão comum entre mulheres que experimentam falhas da pílula pode ser o amplo uso dos antibióticos: algumas mulheres engravidam porque deixam de tomar uma ou mais pílulas e, por coincidência, estão usando antibióticos ao mesmo tempo (74). No entanto, outras mulheres são afetadas fisiologicamente pelo uso dos antibióticos. O corpo de algumas mulheres absorve menos etinilestradiol do que outras. Estas mulheres dependem da flora intestinal para consumir o etinilestradiol e recirculá-lo pelo intestino delgado. Mas os antibióticos de amplo espectro removem esta flora, não restando nenhum mecanismo para redistribuir o etinilestradiol (10, 201). Alguns pesquisadores concluem que somente estas mulheres experimentam a falha da pílula como resultado do uso de antibióticos (10, 201, 234). Infelizmente, não existe forma de identificar estas mulheres antecipadamente (201). As usuárias da pílula não devem deixar de tomar os antibióticos antes de terminar todo o tratamento antibiótico receitado, mesmo que tenham medo de que eles tornem a pílula menos eficaz. Um número crescente de organismos patogênicos estão aumentando sua resistência a antibióticos de amplo uso porque as pessoas não estão terminando todo o tratamento com antibióticos (257). Vômitos e diarréia Em sete estudos de usuárias da pílula que engravidaram, 19% a 39% relataram casos de vômito, diarréia ou ambos durante o ciclo no qual conceberam (47, 207, 253-255,, 258, 259). Entre mulheres que queriam abortar na Nova Zelândia, as quais não se considerava que tivessem deixado de tomar nenhuma pílula, 39% relataram diarréia e/ou vômitos em torno da época da concepção (207). De forma similar, entre mulheres dinamarquesas para as quais a pílula falhou mas que tinham tomado todas as pílulas, 23% relataram gastrenterite em torno da época da concepção (253). Vômitos e diarréia podem interferir com a absorção tanto do estrogênio como do progestogênio. Apesar dos hormônios dos ACOs serem absorvidos no trato intestinal superior, o aumento da motilidade intestinal durante surtos de doenças parece reduzir a absorção hormonal (63). No entanto, muitas usuárias da pílula não estão cientes de que os vômitos e/ou diarréia podem tornar a pílula menos eficaz (19, 47). Que conselhos dar? Não existe um consenso sobre como aconselhar as usuárias da pílula. Alguns recomendam usar uma maior proteção durante esses períodos, mas outros não consideram tal proteção necessária. Entre as várias recomendações oferecidas estão as seguintes:
As mulheres devem tomar outra pílula se vomitarem ou tiverem diarréia dentro de duas horas após tomar uma pílula. Duas horas é tempo suficiente para que os hormônios da pílula sejam absorvidos e mantenham a eficácia anticoncepcional (8). |