Anne H. Rowley
Stanford T. Shulman
A Síndrome de Kawasaki foi descrita pela primeira vez
em 1967 por Tomisaku Kawasaki, quando ele registrou sua experiência com 50 crianças que
apresentavam uma doença clínica característica.1 A síndrome de Kawasaki foi
originalmente denominada, por Kawasaki, como síndrome do linfonodo mucocutâneo e
considerada uma doença benigna da infância. No final dos anos 70, entretanto, estava
claro que 10 casos fatais desta doença haviam ocorrido no Japão, todos em crianças com
menos de 2 anos que pareciam ter se recuperado ou estavam em processo de melhora. A
publicação original de Kawasaki na literatura de língua inglesa em 19742 foi
seguida em 1976 pela publicação de Melish e colaboradores,3 que descreve a
mesma doença em 16 crianças no Hawai. Melish desenvolveu, independentemente, os mesmos
critérios diagnósticos da Síndrome de Kawasaki no início dos anos 70, antes do
conhecimento da experiência japonesa com a mesma doença. A disponibilidade do
ecocardiograma desde 1979 tem mostrado que aproximadamente 20 dos pacientes com síndrome
de Kawasaki não tratados desenvolvem seqüela cardiovascular, com uma extensão de
gravidade variando de ectasia assintomática da artéria coronária ou formação de
aneurisma à aneurismas gigantes da artéria coronária com trombose, infarto miocárdico
e morte súbita. A Síndrome de Kawasaki parece ter substituído atualmente a febre
reumática aguda como principal causa de doença cardíaca adquirida identificável em
crianças nos Estados Unidos.4
Características
Clínicas
Na ausência de um teste diagnóstico específico para a
síndrome de Kawasaki, o diagnóstico é estabelecido pela presença de febre e pelo menos
quatro de cinco outros critérios clínicos principais, não havendo outra explicação
para a doença (Quadro 13-1).5
A febre no paciente com síndrome de Kawasaki é
geralmente elevada (usualmente de 104F ou mais), remitente e prolongada. A duração da
febre, em geral, é de uma a duas semanas nos pacientes não tratados.
Injeção conjuntival é única no paciente com Síndrome
de Kawasaki, envolvendo a conjuntiva bulbar muito mais gravemente do que a palpebral ou
tarsal, e sem associação com exsudato. Geralmente começa logo após o início da febre
e persiste por uma a duas semanas nos pacientes não tratados com y-globulina.
Alterações na cavidade oral são caracterizadas por
ressecamento, fissura, descamação e sangramento dos lábios; eritema da mucosa
orofaríngea; língua de framboesa com eritema difuso e papilas proeminentes; e ausência
de ulcerações orais ou na língua.
Achados nas mãos e pés são típicos. Há eritema de
palmas e plantas, algumas vezes com mãos e pés firmes, endurecidos, limitando os
movimentos motores finos e podendo ser doloroso a ponto de resultar em recusa de suportar
peso. A descamação dos dedos começa na região periungueal e pode se estender até
envolver palmas e plantas. Estas alterações não são encontradas na primeira semana de
doença, surgindo caracteristicamente 10 a 20 dias após o início da febre. A
proximadamente um a dois meses após o início da doença, podem surgir sulcos
transversais profundos nas unhas (linhas de Beau), que subseqüentemente desaparecem com o
crescimento da mesma, ocasionalmente fazendo com que a unha se solte.
O rash da Síndrome de Kawasaki geralmente surge
nos 5 dias após o início da febre e pode assumir várias formas: um exantema
urticariforme com grandes placas eritematosas, um rash morbiliforme maculopapular
que pode ser tipo-multiforme com lesões em alvo, um eritroderma escarlatiniforme, ou
raramente uma forma micropustular fina. Comumente há grande envolvimento do tronco e das
extremidades. Acentuação perineal pode estar presente. Bolhas e vesículas não são
encontradas, e lesões pustulares são raras. A escamação ocorre em outras áreas, além
de mãos e pés, em aproximadamente 10 dos pacientes, particularmente na região perineal.
O critério diagnóstico final, linfadenopatia cervical,
é encontrado em 50 a 75 dos pacientes, enquanto que cada um dos outros cinco critérios
são observados em mais de 90 dos pacientes. Pelo menos um linfondo maior que 1,5 cm de
diâmetro é necessário para preencher este último critério. Os nódulos geralmente
são unilaterais, mas podem ser bilaterais, firmes e algo dolorosos; não são flutuantes,
não fornecem pus quando aspirados, e tipicamente não há crescimento bacteriano na
cultura do material. Um paciente ocasional, geralmente acima de 3 anos de idade, pode
apresentar linfadenopatia cervical como principal sintoma clínico da Síndrome de
Kawasaki. Estes pacientes podem ter nódulo cervical muito aumentado, doloroso e
eritematoso que não responde à antibioticoterapia. Injeção conjuntival, alterações
de extremidades, lábios eritematosos e rash podem ser sobrelevados diante de
adenite cervical severa. Entretanto o clínico deve procurar cuidadosamente outros sinais
da Síndrome de Kawasaki em pacientes com adenite cervical, particularmente se a adenite
não responder ao tratamento antibiótico.
Achados associados à Síndrome de Kawasaki incluem
artralgia e artrite, vistos em 30 dos pacientes. A artrite pode ocorrer durante a primeira
semana de doença e é usualmente poliarticular, envolvendo joelhos, tornozelos e mãos.
Evidência de meningite asséptica é encontrada em pelo menos um quarto dos pacientes
submetidos à punção lombar. O líquido cérebro-espinhal nesses pacientes contém uma
média de 25 a 100 células brancas (WBCs)/ cu mm, com predomínio de linfócitos, e
valores de glicose e proteínas normais. Doença cardíaca ocorre em cerca de 20 dos
pacientes e será discutida posteriormente neste capítulo. Disfunção hepática com
icterícia obstrutiva leve e níveis de transaminases pouco ou moderadamente aumentados
ocorre ocasionalmente. Distensão aguda não calculosa da vesícula (hidropsia) é
encontrada em pacientes com síndrome de Kawasaki e se apresenta com defesa e massa no
quadrante superior direito, durante as primeiras duas semanas de doença. O quadro se
resolve sem intervenção cirúgica. A ultra-sonografia é útil para o diagnóstico.6
Outros achados associados incluem diarréia, pneumonite e otite média estéril (Quadro 13-2).
O curso da Síndrome de Kawasaki pode ser dividido em
três fases clínicas. A fase febril aguda, usualmente durando de 7 a 14 dias, é
caracterizada por febre, injeção conjuntival, alterações nos lábios e boca, edema e
eritema das mãos e pés, rash, linfadenopatia, meningite asséptica, diarréia e
disfunção hepática. Durante a fase subaguda, a febre, o rash e a linfadenopatia
se resolvem, mas a persistem irritabilidade, a anorexia e a injeção conjuntival. Nesta
fase são encontradas descamação dos dedos, artrite e artralgia, disfunção miocárdica
e trombocitose, que duram tipicamente do décimo ao vigésimo quinto dia após o início
da doença, aproximadamente. O estágio convalescente começa quando todos os sinais da
doença desaparecem e continua até que a velocidade de homossedimentação (VHS) retorne
ao normal, geralmente de 6 a 8 semanas após o início da doença.
Ocasionalmente, um paciente apresenta recaída, com
retorno da febre e outros sinais clínicos agudos, como rash e injeção
conjuntival. A recaída ocorre mais freqüentemente dentro de poucas semanas após o
início da doença e está associada ao risco aumentado de doença de artéria coronária.7
Segundo ataque ou recorrências foram registrados em 3 a 4% dos pacientes japoneses8,
todavia a taxa de recorrência nos Estados Unidos parece ser mais baixa.
Casos atípicos de síndrome de Kawasaki têm sido
reconhecidos com crescente freqüência. A doença pode ser mais grave e de diagnóstico
mais difícil em recém-nascidos, posto suas manifestações individuais podem ser mais
súbitas.12 Doença de artéria coronária pode se seguir a uma doença que
inclua alguns achados da Síndrome de Kawasaki mas que não preencha os critérios
diagnósticos clássicos.13 Este dado sugere que crianças com doença febril
prolongada inexplicada, especialmente quando associada à descamação periférica
subseqüente, deve ser submetida a um ecocardiograma 3 a 4 semanas após o início da
doença. O objetivo é identificar estes pacientes com patologias caracterizadas por
manifestações incompletas da Síndrome de Kawasaki que desenvolvem anormalidades
coronarianas significativas, permitindo, assim, a instituição de monitorização e
terapia apropriada.
O diagnóstico da Síndrome de Kawasaki inclui febre
escarlate, síndrome da "pele escaldada" pelo estafilococo, síndrome do choque
tóxico, febre maculosa da Montanha Rochosa, leptospirose, síndrome de Stevens-Johnson,
reações a drogas e atrite reumatóide juvenil. A recente reascenção de casos de
rubéola em grandes áreas urbanas dos Estados Unidos permitiu a comparação entre os
achados clínicos da rubéola e os da Síndrome de Kawasaki. Há notáveis semelhanças
entre a apresentação clínica destas duas patologias que enfatizam a dificuldade de
identificar casos de Síndrome de Kawasaki em países onde a rubéola é comum.
Entretanto, existem algumas diferenças importantes. A conjuntivite por rubéola é
geralmente exsudativa, enquanto que a da Síndrome de Kawasaki é não-exsudativa. Manchas
de Koplik são características de rubéola, enquanto que não se encontram lesões orais
discretas na síndrome de Kawasaki. O rash da rubéoloa começa comumente na face,
particularmente atrás das orelhas e na linha de implante do cabelo, já o rash da
Síndrome de Kawasaki geralmente se inicia nas extremidades e tronco. Edema de mãos e
pés é encontrado nas duas doenças. A contagem de células brancas e o VHS são baixos
na rubéola não complicada; na Síndrome de Kawasaki a regra é uma alta contagem de
células brancas e um VHS marcadamente aumentado. Quando for difícil diferenciar as
doenças por dados clínicos e laboratoriais padrão, um rápido teste de anticorpo
imunoglobulina M (IgM) para rubéola é valioso.
Achados
Laboratoriais
Os achados laboratoriais não são específicos nem
diagnósticos para a Síndrome de Kawasaki. O mais característico é uma leucocitose
moderada a importante com predomínio de neutrófilos durante a primeira semana da
doença. O aumento do VHS é quase universal, e valores elevados ajudam a distinguir a
Síndrome de Kawasaki de doenças virais e de reações a drogas. A contagem de plaquetas
é geralmente normal durante a primeira semana, mas começa a subir na segunda semana,
atingindo o pico em torno de 3 semanas com uma contagem média de 800.000/cu mm, embora
possa atingir valores tão altos quanto 2.000.000/cu mm. Os níveis séricos de IgE estão
moderadamente elevados na maioria dos pacientes durante o estágio agudo ou subagudo da
doença.14 A hipoalbuminemia é surpreendentemente comum e geralmente está
correlacionada de forma direta com a duração da doença. A hipercoagulabilidade e a
ativação de plaquetas estão presentes na Síndrome de Kawasaki e fornecem uma base para
a terapia.15
Epidemiologia
A Síndrome de Kawasaki é uma doença quase que
exclusivamente de crianças jovens. Cerca de 80 dos pacientes têm menos de 4 anos de
idade, sendo incomum em crianças acima de 8 anos. A Síndrome de Kawasaki ocorre em todo
o mundo e acomete crianças de todas as raças, porém os asiáticos (particularmente
japoneses e coreanos) encontram-se sob maior risco e os caucasianos, aparentemente, sob
menor risco.16
Um estudo com crianças japonesas com Síndrome de
Kawasaki mostrou que a taxa geral de um segundo caso de desenvolvimento da síndrome em
uma família um ano após o início do primeiro caso era significativamente maior entre
irmãos do que a taxa para a população geral da mesma faixa etária. Além disso, mais
da metade dos segundos casos ocorreram dentro de 10 dias após o primeiro caso; e em 3 e 4
duplas de gêmeos que desenvolveram a síndrome de Kawasaki, a doença surgiu na mesma
data.17 Estes dados sugerem que a síndrome de Kawasaki acomete indivíduos
geneticamente predispostos, após exposição concomitante a um agente infeccioso.
Estudos nos Estados Unidos e Europa têm demonstrado
achados semelhantes. A idade de maior incidência de pacientes com Síndrome de Kawasaki
é de 18 a 24 meses – maior do que no Japão. Epidemias da doença ocorrem
primariamente durante o final do inverno e na primavera, em intervalos de aproximadamente
três anos. A síndrome de Kawasaki acomete mais comumente crianças de classe
socioeconômica média e alta. Devido às diferenças raciais na incidência da Síndrome
de Kawasaki, fatores genéticos têm sido investigados. Estudos de tipagem de HLA têm
fornecido dados conflitantes que não corroboram a associação da doença com tipos
específicos de HLA.18,20
Etiologia
A etiologia da Síndrome de Kawasaki permanece
desconhecida. Em duas epidemias nos Estados Unidos, história de doença respiratória
antecedente foi obtida de significativamente mais pacientes do que dos controles.16
Um agente etiológico que tem sido investigado é um retrovírus, devido às grandes
anormalidades imunorregulatórias encontradas em pacientes com síndrome de Kawasaki. No
momento, entretanto, não há evidência suficiente para indicar que a Síndrome de
Kawasaki seja etiologicamente relacionada a um retrovírus. Um outro grupo de agentes
linfotrópicos, os herpesvírus, tem sido investigado e não parace estar relacionado à
síndrome de Kawasaki. Este grupo inclui o herpesvírus humano 6,21 o qual se
descobriu ser o agente causador da roséola infantil durante os estudos da Síndrome de
Kawasaki e crianças controle.
Transmissão infreqüente pessoa a pessoa, dados de casos
secundários em irmãos e gêmeos, diferenças em incidência racial e achados clínicos
de vasculite e artrite sugerem que esta doença possa ser causada por algum(ns) agente(s)
infeccioso(s) que leva(m) a uma síndrome imunomediada em certos indivíduos predispostos
geneticamente.
Manifestações
Cardiovasculares
Logo após a descrição inicial de Kawasaki, se tornou
evidente que umas poucas crianças com esta síndrome morriam súbita e inesperadamente,
geralmente durante a terceira ou quarta semana após o início da doença, quando pareciam
estar melhorando. O óbito era em geral devido a infarto miocárdico extenso, secundário
à trombose de artéria coronária em áreas com formação de aneurisma coronário ou
estenose coronária2 (Fig. 13-1).
Atualmente é sabido, por dados ecocardiográficos e angiográficos, que cerca de 20 dos
pacientes com Síndrome de Kawasaki não tratados desenvolvem anormalidades de artéria
coronária, incluindo aneurismas. Dados das taxas japonesas de letalidade documentada tão
baixas quanto 0,08 (T. Kawasaki, comunicação pessoal, 1989) são conseqüência do
aprimoramento da terapia e do reconhecimento de casos mais leves.
As complicações cardíacas mais precoces ocorrem nos
primeiros 10 dias de doença. Miocardite, ocasionalmente grave, é encontrada, em algum
grau, em praticamente todos os pacientes. Achados menos comuns incluem pericardite com
derrame, insuficiência mitral ou aórtica (ou ambas) e arritmias. Alterações
eletrocardiográficas estão presentes em pelo menos um terço dos pacientes retificação
e depressão do segmento ST, achatamento e inversão da onda T, baixa voltagem e
distúrbios de condução, como bloqueio cardíaco. Após 5 semanas, estes achados
geralmente desaparecem, mas arterite coronariana aguada durante as primeiras 2 semanas de
doença pode levar à formação de aneurisma de artéria coronária. Através de estudos
empregando ecocardiogramas diários, Kato documentou alterações na ecodensidade da
parede da artéria coronária tão precoce quanto 7 dias após início da febre.22
Hirose e cols. demonstraram que a dilatação da coronária é primeiro detectada por
volta do décimo dia de doença e o pico de freqüência de dilatação coronariana ou
aneurisma ocorre com 4 semanas.23 Embora a ectasia possa ser detectada mais
precocemente, aneurismas coronarianos fusiformes ou saculares em geral aparecem entre o
décimo oitavo e vigésimo quinto dia após o início da doença. O desenvolvimento de
anormalidades coronarianas após 4 semanas é raro. A maioria dos óbitos ocorre durante o
período de 2 a 12 semanas após o início da doença, geralmente por trombose de um
aneurisma coronariano levando a infarto miocárdico, por miocardite aguda, ou, raramente,
por ruptura de um aneurisma coronariano com hemopicárdio.
As alterações aneurismáticas das artérias coronárias
podem ser resolver ou persistir. O destino dos aneurismas coronarianos na Síndrome de
Kawasaki foi bem descrito por Kato et al.24 Em 1 a 3 meses após o
início da Síndrome de Kawasaki, 15 de todos os pacientes do estudo apresentavam
evidência angiográfica de aneurisma coronariano. A repetição da angiografia 5 a 18
meses depois naqueles com anormalidades mostrou que em cerca de 50 dos pacientes o
aneurisma havia se resolvido. Naqueles com anormalidades persistentes, metade tinha
aneurisma menor comparado aos pacientes em seu estudo prévio, um terço teve resolução
do aneurisma mas desenvolveu obstrução completa ou estenose importante, e o restante
apresentou irregularidades finas das paredes das coronárias sem estenose. O trombo
formado dentro dos vasos coronarianos anormais pode aumentar de tamanho com o tempo ou
pode recanalizar. Está cada vez mais claro que a resolução da vasculite de artéria
coronária pode resultar em estenose do vaso, e esta estenose geralmente provoca
obstrução coronariana significativa e isquemia miocárdica.
As implicações da resolução angiográfica e
ecocardiográfica dos achados inicialmente anormais da artéria coronária são
desconhecidas. É possível que os vasos permaneçam alterados, apesar de recobrarem o
calibre normal, e que estes pacientes apresentem risco de desenvolver arteriosclerose
prematura e infarto miocárdico posteriormente. Estudos têm demonstrado que estes vasos
freqüentemente carecem de elasticidade normal, como é demonstrado pela capacidade
reduzida de dilatar com o aumento do débito cardíaco.25 Estudos de
acompanhamento a longo prazo são essenciais para determinar se pacientes com Síndrome de
Kawasaki, que não desenvolvem anormalidades coronarianas detectáveis ou têm resolução
aparentemente completa de aneurismas coronarianos, apresentariam risco aumentado de
eventos isquêmicos prematuros quando adultos.
O ecocardiograma bidimensional é usado rotineiramente
para detectar e acompanhar alterações em artéria coronária. As porções proximais das
artérias coronarianas são mais facilmente visualizadas pela ecocardiografia do que as
porções distais, mas os aneurismas na maioria das vezes surgem aproximalmente, e esta
técnica demonstra mais de 90 dos aneurismas detectados pela angiografia.23,26
Certos dados clínicos parecem ser preditivos de risco
aumentado para desenvolvimento de doença de artéria coronária na Síndrome de Kawasaki.
Entretanto, a ausência destes fatores de risco não abolem a necessidade de um
ecocardiograma de rotina em todos os pacientes com Síndrome de Kawasaki, incluindo
aqueles com baixo risco preditivo de desenvolver aneurisma. Os fatores mais fortemente
preditores de doença coronariana incluem duração da febre por mais de 16 dias,
recorrência da febre após um período de pelo menos 48 horas, arritmias diferentes de
bloqueio cardíaco de primeiro grau, sexo masculino, idade menor que 1 ano e
cardiomegalia.7 Indivíduos brancos do sexo masculino com menos de 1 ano têm,
aparentemente, o risco mais elevado.27 A prevalência de anormalidades
coronarianas graves é particularmente alta entre aqueles com menos de 6 meses de idade.
Outros fatores que têm sido associados ao aumento de risco no desenvolvimento de doença
coronariana incluem a presença de derrame pericárdio e regurgitação mitral no
ecocardiograma obtido na época da apresentação clínica,28 crioprecipitados
no soro29 e baixa contagem de plaquetas, hematócritos e nível de albumina
sérica na apresentação.30 Pacientes que desenvolvem aneurisma gigante de
artéria coronária, definido como tendo um diâmetro interno máximo de pelo menos 8 mm,
têm maior risco de apresentar trombose coronariana, estenose e infarto miocárdico.31
Os infartos miocárdicos foram assintomáticos em 37 dos pacientes e geralmente
ocorrem no primeiro ano de doença, apesar de 27 dos pacientes terem desenvolvido esta
complicação após 1 ano.
Tratamento
e Manuseio
O tratamento da Síndrome de Kawasaki tem como objetivo
reduzir a inflamação no miocárdio e na parede da artéria coronária e previnir
trombose através da inibição da agregação plaquetária (Quadro 13-3). Tratamento mais específico aguarda
a descoberta do agente etiológico da síndrome de Kawasaki. Foi publicado um consenso
sobre o manuseio da Síndrome de Kawasaki, preparado pelos participantes norte-americanos
do Terceiro Simpósio Internacional Sobre Doença de Kawasaki, realizado em Tokyo em
dezembro de 1988.32 Aspirina em doses de 80 a 100 mg/kg/dia (30 a 50 mg/kg/dia
no Japão) tem sido usada na fase aguda da síndrome de Kawasaki para reduzir a
inflamação. Atualmente está claro que aspirina e y-globulina intravenosa (IVGG)
resultam em um efeito antiinflamatório bem mais rápido do que a aspirina isolada. As
altas doses de aspirina geralmetne são reduzidas a doses mais baixas por volta do décimo
quarto dia de doença. Pacientes com síndrome de Kawasaki aguda podem ser tratados com
infusão única de 2000 mg/kg de IVGG e dose alta de aspirina (80 a 100 mg/kg/dia em
quatro doses) nos 10 primeiros dias de doença. A aspirina proporciona um importante
efeito antitrombótico durante a fase convalescente da doença; a dose de aspirina é
reduzida a 3 ou 5 mg/kg/dia como dose única diária, começando no décimo quarto dia de
doença. A aspirina é suspensa em torno de 6 a 8 semanas após o início da doença se
nenhuma anormalidade coronária tiver sido detectada pelo ecocardiograma. O tratamento com
aspirina deve ser interrompido se o paciente desenvolver uma doença suspeita de ser
varicela ou influenza, a fim de reduzir o risco teórico de Síndrome de Reye. O uso de um
agente antiplaquetário alternativo, como o dipiridamol, deve ser considerado neste
intervalo se o paciente apresentar um risco particularmente alto de infarto miocárdico.
Embora a terapia com corticosteróide pareça ter valor
teórico em suprimir a inflamação, um estudo comparando o tratamento com aspirina e com
esteróide demonstrou aneurisma coronário em 64,7 dos pacientes tratados com esteróide
em comparação com 11,1 nos pacientes tratados com aspirina.33 Logo, os
esteróides são contra-indicados no tratamento da Síndrome de Kawasaki.
Furusho foi o primeiro a utilizar IVGG no tratamento de
pacientes com Síndrome de Kawasaki no Japão. Seus resultados sugeriram que 40 mg/kg/dia
de IVGG durante 5 dias com aspirina (30 a 50 mg/kg/dia) era superior à aspirina isolada
na prevenção do desenvolvimento de anormalidades ecocardiográficas das coronárias.34
Um estudo multicentrico usou 400 mg/kg/dia de IVGG durante 4 dias com aspirina (80 a
100 mg/kg/dia) e empregou interpretação cega do ecocardiograma de acordo com um
protocolo uniforme predeterminado.35 Este estudo demonstrou que: anormalidades
de artéria coronária foram detectadas pelo ecocardiograma 7 semanas após admissão no
estudo em 14 de 79 (18) pacientes tratados com aspirina, mas em apenas 3 de 79 (4)
pacientes tratados com IVGG e aspirina (p = 0,005); e ocorreu resolução
significativamente mais rápida da febre e dos índices laboratoriais de inflamação no
grupo tratado com IVGG. O dramático efeito antiinflamatório do IVGG na síndrome de
Kawasaki aguda é, em geral, aparente dentro de poucas horas após o início da infusão.
Em média 30 meses após o início da Síndrome de Kawasaki aguda, a prevalência de
anormalidades de artéria coronária era de 11 no grupo de aspirina e de apenas 2 nos
pacientes tratados com IVGG e aspirina.36 IVGG também reduz a prevalência de
anormalidades de artéria coronária a longo prazo. Além disso, anormalidades da função
ventricular esquerda determinadas pelo ecocardiograma normalizaram significativamente mais
rápido nos pacientes tratados com IVGG e aspirina do que nos pacientes tratados com
aspirina isoladamente.37
Um ensaio de fase II com 549 pacientes, comparando um
regime de dose única de 2000 mg/kg/dia de IVGG mais aspirina (80 a 100 mg/kg//dia) com o
tratamento com 400 mg/kg/dia de IVGG por 4 dias mais aspirina, foi realizado pelo U.S.
Multicenter Kawasaki Study Group.38 Duas semanas após a admissão do estudo,
anormalidades coronarianas estavam presentes (pelo ecocardiograma) em 24 de 263 crianças
(9,1) no grupo de 4 dias e em 12 de 260 crianças (4,6) no grupo de infusão única (p =
0,098). Quatro dos cinco pacientes que desenvolveram aneurisma coronário gigante
(diâmetro interno > 8 mm) foram tratados com o regime de 4 dias. As crianças tratadas
com o regime de infusão única apresentaram defervescência mais rápida, menor duração
da febre e retorno mais rápido ao normal das medidas laboratoriais de inflamação aguda.
Os dois grupos tiveram incidências similares de efeitos adversos, nenhum que ameaçasse a
vida.
Desta forma, dose única de 2000 mg/kg/dia de IVGG com
aspirina (80 a 100 mg/kg/dia) é o tratamento escolhido para pacientes com Síndrome de
Kawasaki aguda, uma vez que é tão eficaz quanto o regime de 4 dias, e, bem tolerado em
infusão de 10 a 12 horas, resulta em resolução mais rápida da febre e dos índices
laboratoriais de inflamação aguda, podendo reduzir a duração e o custo da
hospitalização por Síndrome de Kawasaki aguda. Continua a ser recomendação do U.S.
Multicenter Kawasaki Study Group que todas as crianças com diagnósticos de Síndrome de
Kawasaki, com 10 dias do início da febre, recebam alta dose de IVGG o mais cedo
possível.
Não é claro se todas as preparações de IVGG
comercialmente disponíveis são igualmente eficazes na Síndrome de Kawasaki. O produto
de IVGG que foi testado mais rigorosamente nos Estados Unidos é o fabricado pela Immuno
AG (Viena, Áustria), licenciado nos Estados Unidos com o nome de Iveegam.35,38
O iveegam tem sido bem tolerado quando administrado nos ensaios clínicos multicêntricos
nos EUA, com virtualmente nenhum efeito colateral grave.35,38 Anafilaxia pode
ocorrer em pacientes com deficiência grave de IgA se o produto de IVGG contiver IgA.
Outros efeitos colaterais ocasionais, como calafrios ou febre, podem ser aliviados pela
interrupção temporária ou diminuição da infusão. A administração de um grande
volume de colóide em pacientes com síndrome de Kawasaki aguda com anormalidades de
função miocárdica pode teoricamente resultar em insuficiência cardíaca, mas este não
foi um problema clinicamente significativo nos ensaios multicêntricos dos EUA, talvez
devido à melhora da função cardíaca que resulta prontamente da administração do
IVGG. Nenhuma das preparações de IVGG comercialmente disponíveis nos Estados Unidos tem
sido associada à transmissão de hepatite ou imunodeficiência humana.
A Síndrome de Kawasaki incompleta ou atípica apresenta
sérios dilemas diagnósticos e terapêuticos. Uma criança que se apresenta nos 10
primeiros dias de doença com algumas características, mas não todas, da Síndrome de
Kawasaki, um VHS marcadamente elevado, e talvez outros dados associados à Síndrome de
Kawasaki como piúria estéril, irritabilidade ou artrite, deve ser tratada com IVGG e
aspirina. A decisão de tratar uma possível Síndrome de Kawasaki atípica deve ser
tomada com base em cada caso individualmente. Crianças pequenas, particularmente aquelas
abaixo de 6 meses de idade, freqüentemente não manifestam critério diagnóstico
completo para Síndrome de Kawasaki. Um índice particularmente alto de suspeita é
necessário para o diagnóstico destes pacientes.12 Infelizmente, estas
crianças jovens com Síndrome de Kawasaki têm também risco substancialmente mais alto
de desenvolver anormalidades de artéria coronária.
Algumas poucas crianças com Síndrome de Kawasaki aguda
que recebem IVGG apresentam febre persistente 24 horas após o término da infusão.
Alguns pacientes podem demonstrar uma defervescência inicial, mas desenvolvendo
posteriormente febre recorrente após terem permanecido sem febre por 24 horas ou mais. Em
ambas as circunstâncias, o possível retratamento com IVGG deve ser considerado.
Experiência limitada sugere que o retratamento com IVGG é seguro e parece resultar em
melhora do defeito antiinflamatório em muitos pacientes com febre recorrente ou
persistente. Ainda não foi estabelecido se o retratamento diminui o risco de seqüela
coronariana nestes pacientes.
Após o tratamento com IVGG, a aplicação de vacina para
sarampo-caxumba-rubéola (MMR) deve ser retardada por pelo menos 5 meses (exceto durante
uma epidemia de sarampo, quando é prudente administrar a vacina precocemente e repetir a
vacinação em época futura), devido à persistência de anticorpos contra sarampo,
adquiridos passivamente, no soro dos pacientes com Síndrome de Kawasaki por 4 a 5 meses
após a terapia com IVGG.39 Esquemas de administração de outras vacinações
de rotina não precisam ser interrompidas.
Dipiridamol é ocasionalmente utilizado em associação à
aspirina nos pacientes com aneurisma coronário, especialmente se houver suspeita de
formação de trombo. Digital e diuréticos são usados conforme necessário em pacientes
com insuficiência cardíaca congestiva. É preciso cautela no uso de digital quando o
paciente apresenta miocardite.
Pacientes com Síndrome de Kawasaki devem ser submetidos a
exame físico periódico com contagem sangüínea completa, determinação do VHS e
contagem de plaquetas até que estes valores retornem ao normal. Os testes de função
hepática podem estar alterados durante a primeira semana da doença.
Um eletrocardiograma basal e um ecocardiograma devem ser
obtidos durante a primeira semana da doença. O ecocardiograma é repetido duas a três
semanas após o início da doença, já que os aneurismas coronarianos geralmente se
tornam aparentes nesta época. Se o ecocardiograma for normal na terceira semana, deverá
ser repetido após um mês. Se este terceiro exame não demonstrar nenhuma anormalidade, e
o VHS e a contagem de plaquetas tiverem retornado ao normal, a aspirina é suspensa. O
desenvolvimento de aneurisma após 6 semanas do início da doença é incomum, a menos que
persista evidência clíncia de inflamação.
Se o paciente apresentar um ecocardiograma anormal durante
a fase aguda ou convalescente da doença, a aspirina é mantida e as alterações
acompanhadas por ecocardiogramas seqüenciais. Baixa dose de aspirina pode ser continuada
indefinidamente mesmo havendo resolução do aneurisma, uma vez que o revestimento
endotelial pode permanecer alterado apesar de a artéria ter retornado ao calibre
aparentemente normal. Entretanto, nem todos concordam com esta abordagem, e muitas
autoridades suspendem a aspirina quando o ecocardiograma se normaliza.
Em pacientes com pequeno aneurisma solitário persistente,
baixa dose de aspirina deve ser administrada a longo prazo. Nestes pacientes e naqueles
com anormalidades coronarianas resolvidas, não há necessidade de restrição de
atividade física. Entretanto, teste de esforço deve ser considerado para estes
pacientes; e estudos adicionais, como scan de perfusão miocárdica, podem ser
indicados se o teste de esforço, o ecocardiograma, ou dados clínicos sugerirem isquemia
miocárdica. Se for demonstrada isquemia miocárdica, a angiografia está indicada para
avaliar a anatomia coronariana, a qual pode direcionar a conduta futura.
Em pacientes com aneurisma coronariano grande ou múltiplo
sem obstrução, devem ser administradas drogas antiplaquetárias a longo prazo (aspirina
com ou sem dipiridamol), e alguns recomendam terapia anticoagulante adicional. As
atividades destes pacientes devem ser restringidas.
Um difícil problema de manuseio da Síndrome de Kawasaki
é o paciente que desenvolve alterações obstrutivas em uma ou mais artérias
coronárias. A obstrução pode ser causada por trombose ou estenose do vaso secundária
à proliferação da íntima e fibrose. Alguns pacientes com trombo pequeno podem ser
tratados apenas com anticoagulante oral. Terapia trombolítica intracoronária ou
intravenosa tem sido utilizada em pacientes selecionados com trombose aguda significativa,
com graus variáveis de eficácia.40,41 No momento, existe experiência
limitada com angioplastia coronária transluminal.41,42 Kitamura reviu a
experiência nacional no Japão com 170 pacientes com Síndrome de Kawasaki que foram
submetidos ao enxerto de ponte coronariana de 1975 a 1991, a maioria entre 5 e 10 anos de
idade.43 A taxa de sobrevida destes pacientes foi de 87 em 4 anos e 45 em 10
anos. A experiência japonesa também demonstrou a superioridade das pontes de artéria
mamária interna sobre as pontes de veia safena.43,44
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