Capítulo 05 - Tratamento da Parada Cardiorrespiratória Capítulo 05 - Tratamento da Parada Cardiorrespiratória

O tratamento da parada cardiorrespiratória consiste no conjunto de medidas básicas e avançadas de ressuscitação cardiorrespiratória, e tem como finalidade o restabelecimento imediato da irrigação com sangue oxigenado, principalmente dos órgãos vitais (cérebro e coração), através das técnicas de ventilação pulmonar e circulação artificial que assegurem batimentos cardíacos eficazes.17

A oxigenação dos tecidos depende de adequada perfusão e esta depende de desempenho cardíaco adequado, por isso o tratamento deve ser dirigido para romper o ciclo de hipóxia/acidose, baixo débito e hipóxia/acidose.25

O tratamento convencional, objetiva, como já mencionado acima, restaurar a circulação em um menor prazo possível pela compressão torácica externa, pela ventilação artificial, pela desfibrilação elétrica precoce e pelo emprego da terapia medicamentosa com fármacos vasoativos.

Quando o diagnóstico de parada cardiorrespiratória é feito, o passo seguinte é saber a quem a ressuscitação será dirigida, e suas manobras devem ser executadas nos seguintes casos: em pessoas cujos antecedentes são desconhecidos, pessoas cujo tempo de parada não excedeu a 10 minutos de seu início, excetuando-se crianças, intoxicação por barbitúricos e hipotermia; também devem ser ressuscitadas pessoas que não estejam em fase final de qualquer doença.

Uma vez decidida ressuscitação, o tratamento é instaurado. O tratamento da parada cardiorrespiratória é constituído pelo socorro básico (suporte básico de vida) e pelo socorro especializado (suporte avançado de vida) .

Assistência Extra-Hospitalar

Uma das causas mais freqüentes de morte súbita é a doença arterial coronária, que comumente se manifesta de forma súbita, principalmente na modalidade de fibrilação ventricular.

Aproximadamente dois terços das mortes súbitas, segundo algumas estatísticas, secundárias a doença arterial coronária ocorrem fora do ambiente hospitalar, e normalmente duas horas após o início dos sintomas. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com o emprego imediato do suporte básico de vida e posteriormente pelo suporte avançado em cardiologia.

Outras causas de morte súbita que também podem se beneficiar com a realização imediata do suporte básico de vida, além da conseqüente diminuição de seqüelas, entre outras situações clínicas, são: as vítimas de trauma, obstrução das vias aéreas, intoxicações exógenas.55

Como a maioria das morte súbitas acontece antes de o paciente chegar ao hospital, é importante a conscientização de que a comunidade deve ser preparada para auxiliar nesse primeiro atendimento. Portanto a educação pública e o treinamento das manobras de ressuscitação são pontos decisivos para tentar a redução da mortalidade, principalmente nas situações acima citadas.11,33,42

A American Heart Association desde 1992 tem propagado o conceito de corrente de sobrevivência, que consiste em uma série ordenada e encadeada de medidas que devem ser empregadas no atendimento da parada cardiorrespiratória, representada simbolicamente por quatro elos entrelaçados (Fig. 5-1).52,55

O primeiro elo da corrente de sobrevivência representa a necessidade do acesso rápido ao serviço de emergência, que no Brasil é conseguido através do telefone 193.

O segundo elo da corrente é a importância da realização precoce das manobras de ressuscitação cardiorrespiratória ensinadas para leigos em cursos de suporte básico de vida. Nos Estados Unidos, a American Heart Association, promove cursos de suporte básico de vida para leigos, com duração média de quatro horas, em que o principal objetivo é a capacitação dessa população para o conhecimento teórico e desenvolvimento de atividades psicomotoras necessárias para a realização das manobras básicas de ressuscitação. Esse curso deve ser ministrado para o maior número possível de pessoas, os quais devem ser orientadas e motivadas a atuar nas diversas situações de emergência.31

O terceiro elo mostra a importância da desfibrilação elétrica precoce, realizada através dos desfibriladores automáticos ou semi-automáticos. A fibrilação ventricular é a modalidade encontrada na maioria das paradas cardiorrespiratórias, e a recuperação do paciente depende, em sua maior parte, da precocidade com que é realizada a desfibrilação. No Brasil, a legislação não permite a realização de procedimentos médicos por profissionais não-médicos; dessa forma, só as manobras básicas podem ser realizadas.

Os desfibriladores automáticos permitem que o pessoal dos serviços de emergência (polícia, bombeiros, pessoal de ambulância de resgate), que não tem treinamento avançado nem habilidade para o diagnóstico de arritmias, possa aplicar a desfibrilação precoce, uma vez que o aparelho analisa o ritmo e só permite o choque em situações específicas (Fig. 5-2).

Outras situações para o emprego de desfibriladores automáticos externos são em lugares onde há grande número de pessoas adultas, estádios desportivos, centros comerciais, centros industriais, centros militares, auditórios ou centros de conferência, aeroportos e meios de transporte como navios e aviões. Também empregados para uso domiciliar, no caso de pessoas com alto risco para fibrilação ventricular primária, em centros de reabilitação cardiovascular, dentro e fora do hospital, em salas hospitalares, onde o pessoal não tem habilidade técnica para o reconhecimento de arritmias e o uso do desfibrilador padrão.

O quarto elo representa a utilização das manobras avançadas de ressuscitação, isto é, o suporte avançado de vida em cardiologia.56

O enfraquecimento ou a quebra de qualquer um dos elos da corrente de sobrevivência pode levar à diminuição significativa de chance de sobrevivência das vítimas, condenando todos os esforços realizados no atendimento de emergência.

Assistência Intra- Hospitalar

A assistência intra-hospitalar é determinada pelo suporte avançado de vida em cardiologia, que consiste na ressuscitação com a utilização de equipamento adiciona ao usado no suporte básico de vida.17

No socorro especializado, utilizam-se desfibrilação e monitorização cardíaca, marcapasso, equipamentos e técnicas para a obtenção das vias aéreas e ventilação, obtenção de via venosa e administração de medicamentos e cuidados pós-ressuscitação. Deve ser realizada por médicos, enfermeiras e pessoal treinado e amparado pela lei (Fig. 5-3).

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