Capítulo 37 - O Eletrocardiograma nos Portadores de Marcapasso Capítulo 37 - O Eletrocardiograma nos Portadores de Marcapasso

Lucio Pereira de Souza

Introdução

O eletrocardiograma é o primeiro e principal instrumento na avaliação do funcionamento do marcapasso.

O padrão do traçado eletrocardiográfico permite estabelecer uma série de conclusões:

A - Tipo de marcapasso
B - Localização do cabo-eletrodo
C - Disfunções do marcapasso

O eletrocardiograma poderá ser realizado de modo convencional ou associado a manobras especiais (manobra vagal, estimulação da parede torácica e aplicação de ímã).

Abordaremos, aqui, o tipo de estimulação cardíaca mais comumente utilizado em nosso meio, o sistema VVI.

No sistema VVI (marcapasso ventricular de demanda) o cabo-eletrodo uni ou bipolar é fixado ao ventrículo e conectado ao gerador que estimula o ventrículo e inibe a estimulação quando ocorre uma ativação ventricular espontânea.

O cabo-eletrodo é fixado ao endocárdio do ventrículo direito, por via transvenosa, e ao epimiocárdio do ventrículo esquerdo ou ventrículo direito, por via transtorácica (Fig. 37-1).

O eletrocardiograma durante a estimulação cardíaca pelo marcapasso mostrará a espícula do marcapasso seguida da despolarização ventricular. A morfologia do traçado dependerá do ventrículo estimulado.

Estimulação Ventricular Esquerda

A estimulação ventricular esquerda determina a despolarização tardia do ventrículo direito e, conseqüentemente, a espícula é seguida de ativação ventricular com padrão de bloqueio de ramo direito (BRD).

A orientação do eixo do QRS no plano frontal é determinada pela localização do eletrodo.

A implantação epimiocárdica ventricular esquerda é usualmente feita na base do ventrículo esquerdo, o que origina o padrão de BRD associado ao desvio do eixo do QRS para direita (Fig. 37-2).

Estimulação Ventricular Direita

A estimulação do ventrículo direito ocasiona a ativação tardia do ventrículo esquerdo, o que resulta em espícula do marcapasso seguida de ativação ventricular com padrão de bloqueio de ramo esquerdo (BRE).

A orientação do eixo do QRS na estimulação ventricular direita é mais variável em virtude de diferentes posições da ponta do cabo-eletrodo no ventrículo.

Na estimulação endocárdica apical ventricular direita, a mais freqüente, o padrão de BRE está associado ao desvio do eixo do QRS para a esquerda de -30º a -90º devido à ativação do ápex para a base dos ventrículos (Fig. 37-3).

O trato de saída do ventrículo direito, quando estimulado, dá origem ao padrão de BRE associado ao eixo do QRS normal ou desviado para a direita (Fig. 37-4).

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