Capítulo 26 - Arritmias Geradas no Nódulo Sinusal
Capítulo 26 - Arritmias Geradas no Nódulo Sinusal
José Hallake
Introdução
São as seguintes as arritmias geradas no nódulo sinusal:
- Taquicardia sinusal.
- Taquicardia sinusal paroxística.
- Bradicardia sinusal.
- Arritmia sinusal.
- Bloqueios sinoatriais e parada sinusal.
- Extra-sístoles sinusais (serão estudadas no Capítulo 31).
Taquicardia Sinusal
É um ritmo originário no nódulo sinusal com freqüência superior a 100 bpm. Os intervalos PR e QT são menores e a onda P aproxima-se da onda T precedente. O QTc (intervalo QT corrigido para a freqüência) continua normal. As ondas P são normais, desde que não haja, obviamente, patologia atrial concomitante (Fig. 26-1).
Taquicardia Sinusal Paroxística
A taquicardia sinusal paroxística1 é uma arritmia caracterizada por um fenômeno reentrante ao nível de regiões perissinusais. É provável que se forme uma alça reentrante entre a musculatura atrial e o tecido perissinusal, determinando assim o caráter paroxístico dessa arritmia, com início e final súbitos. Em realidade, as ondas P resultantes não são sinusais verdadeiras e sim batimentos em "eco".
A freqüência média fica entre 120 e 180 bpm e as ondas P (muito semelhantes às do ritmo sinusal de base) precedem os complexos ventriculares com intervalos PR normais ou levemente aumentados. A condução AV é do tipo 1:1, isto é, cada onda P corresponde a um complexo QRS.
O diagnóstico diferencial entre a taquicardia paroxística sinusal e a taquicardia sinusal clássica é feito pelo caráter paroxístico e pela possibilidade de indução por estimulação programada da primeira condição.
Bradicardia Sinusal
É um ritmo originário do nódulo sinusal, com freqüência inferior a 60 bpm. A onda P é normal e o intervalo PR tende a aumentar à medida que a freqüência cardíaca diminui. É claro que a onda P se afasta da onda T precedente (Fig. 26-2).
A bradicardia sinusal está habitualmente na dependência do aumento do tônus vagal ou de ação medicamentosa. Freqüências muito baixas, inferiores a 30 bpm, levantam a suspeita de outros mecanismos para sua gênese.
Arritmia Sinusal
É um ritmo originário do nódulo sinusal, com freqüência variável. Essa variação pode ser cíclica, relacionada à respiração (arritmia sinusal respiratória ou fásica), quando a freqüência cardíaca aumenta no final da inspiração e diminui no final da expiração, ou não relacionada aos movimentos respiratórios (arritmia sinusal afásica ou acíclica).
A arritmia sinusal é freqüente em crianças, tendendo a desaparecer no adulto. Não tem significado patológico e está relacionada às variações entre o tônus simpático e o vagal (Fig. 26-3).
Bloqueios Sinoatriais
A principal causa de bloqueio sinoatrial é a dificuldade de o estímulo sair do nódulo sinusal, pela alteração na junção sinoatrial: há um bloqueio de saída.
Os bloqueios sinoatriais podem ser de 1º, 2º e 3º graus.
Bloqueio Sinoatrial de 1 Grau
Não é diagnosticado pelo eletrocardiograma convencional, já que o intervalo P-P representa o valor do ciclo automático gerado pelo nódulo sinusal, sem levar em conta o tempo de condução sinoatrial, quando ele é fixo.
Bloqueio Sinoatrial de 2º Grau
Há ausência de um ciclo completo P-QRS-T. Pode ser do tipo I (Wenckebach ou Mobitz I) ou do tipo II (Mobitz 11).
Nos de 2º grau tipo I (Wenckebach), o intervalo P-P encurta-se progressivamente antes da pausa, e a duração da pausa é menor que dois ciclos P-P. Em realidade, existe uma condução decremental ao nível do tecido perissinusal, isto é, os tempos de passagem são progressivamente mais longos até o surgimento de um estímulo não-conduzido (ausência de P-QRS-T). Depois desse, fica restabelecido o ritmo sinusal, podendo ou não repetir esse fenômeno (Fig. 26-4).
Nos de 2º grau tipo II (Fig. 26-5), os intervalos sem ondas P-QRS-T são aproximadamente duas, três ou mais de quatro vezes o ciclo P-P basal; há, portanto, ausência de um ou mais ciclos cardíacos (P-QRS-T).
Bloqueio Sinoatrial de 3º Grau
Nesse caso, nenhum estímulo consegue sair do nódulo sinoatrial e, portanto, nenhuma onda P nem complexo QRS ou onda T serão inscritos. Esse fenômeno também é chamado de parda sinusal ou atrual. É claro que, nessa eventualidade, haverá um ritmo de escape de origem juncional ou ventricular (ver Capítulo 32). Caso contrário. O paciente morrerá em assistolia.
Extra-sístoles Sinusais
(Serão estudadas no Capítulo 31)
Bibliografia
1. Narula. O. S. Sinus node re-entry: mechanism of supraventricular tachycardia in man. Circulation, 46 (sup. 2): 11, 1972.
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