Capítulo 12 - O Eletrocardiograma do Recém-Nascido e da Criança Capítulo 12 - O Eletrocardiograma do Recém-Nascido e da Criança

José Hallake

Introdução

O eletrocardiograma da criança apresenta peculiaridades do nascimento à puberdade, quando começa a mostrar aspectos semelhantes aos dos adultos.

Durante a vida intra-uterina, as resistências arteriolares pulmonares são mais elevadas que as da placenta. Assim, as cavidades direitas funcionam em regime de pressão sistêmica, ocasionando predomínio das forças elétricas das câmaras direitas em relação às esquerdas.

Logo após o nascimento, a criança apresenta-se com as mesmas características fetais, estando os eixos de P e de QRS desviados para a direita.

Segundo Boccalandro (1962) e Tranchesi (1975), até as primeiras 48 horas após o nascimento, o eixo de P no plano frontal situa-se em torno de +55º, o eixo de QRS entre +110º e +180º (média de 124º) e a freqüência cardíaca varia entre 130 e 160 bpm.

Entre o terceiro e o quinto mês de vida, o eixo de QRS no plano frontal tende a se orientar mais para a esquerda. Antes do primeiro mês de vida, o eixo de QRS está em torno de +160º e, ao completar o primeiro ano de vida, em torno de +68º. De 1 a 12 anos de idade, o ÂQRS situa-se em tomo de +60º. Dos 4 aos 8 anos de idade as crianças começam a exibir, em V1 e V2, o padrão rs que se vai transformando em rS. Simultaneamente, começamos a observar complexos Rs em precordiais esquerdas.

A onda T geralmente é positiva em V1 e V2 nas primeiras 48 horas após o nascimento. A partir de então, já se apresenta negativa e assimétrica nessas derivações.

Na criança, a onda T pode ser difásica (menos-mais) de V1 a V3 É o chamado padrão infantil, que pode persistir até a idade adulta.

A Tabela 12-1 mostra as variações de ÂP, ÂQRS e ÂT em crianças normais, até 12 anos de idade. Já a Tabela 12-2 mostra a polaridade da onda T em crianças normais, também até 12 anos de idade.

Bibliografia

1. Radi Macruz & Rachel Snitcowsky et al. Cardiologia Pediátrica. Sarvier, 1 ed., 1983.

2. João Tranchesi. Eletrocardiograma Normal e Patológico. Atheneu Editora São Paulo S. A., 1972.

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