Capítulo 08 - Rotações Cardíacas Capítulo 08 - Rotações Cardíacas

José Hallake

Introdução

No plano horizontal, em geral, temos uma morfologia de QRS predominantemente negativa nas precordiais direitas (V1 e V2), isodifásica na zona intermediária septal (V3 e V4) e predominantemente positiva nas precordiais esquerdas (V5 e V6) (Fig. 8-1).

No plano frontal, as variações são inúmeras, em virtude das rotações que o coração pode adotar em relação a três eixos (Fig. 8-2):

A. Eixo ântero-posterior (horizontalização ou verticalização).
B. Eixo látero-lateral ou transversal (desvio (Ia ponta para a frente ou para trás).
C. Eixo longitudinal (rotação horária ou anti-horária).

Inicialmente, estudaremos um coração sem rotação. Nessa situação, a alça de QRS projeta-se de perfil sobre o plano frontal. O primeiro e o quarto vetores dirigem-se para cima e para a direita, e o eixo situa-se em torno de +30º. Isso produz ondas q e s pequenas em D1 e D2 (q1 s1 e q2 S2) e Um Complexo polifásico de pequena amplitude em D3. Em D1 e D2 a onda R é ampla (Fig. 8-3).

Rotação em Torno do Eixo Ântero-Posterior

O eixo ântero-posterior atravessa o coração perpendicularmente ao plano frontal, da face anterior à posterior, ao nível do centro do coração. Assim, a rotação em torno desse eixo pode levar o coração a uma situação horizontal ou vertical (Fig. 8-4).

Horizontalização do Coração

O eixo elétrico de QRS desloca-se para a esquerda, o que determina maior positividade em D1 e aVL e maior negatividade em D3. Os vetores iniciais e finais dirigem-se para a direita, não mais para cima, adotando posições quase horizontais. Há, habitualmente, uma pequena onda q, uma grande onda R e uma pequena onda s em D1 e D2* Em D3 é freqüente um complexo do tipo rSr' (Fig. 8-5).

Essa rotação é encontrada nos indivíduos brevelíneos e nos que apresentam hipertrofia ventricular esquerda.

Verticalização do Coração

O eixo elétrico de QRS desloca-se para a direita, o que determina maior positividade em aVF e em D3* Os vetores iniciais e finais (1º e 4º) assumem uma situação mais para cima e para a direita do que o habitual. Há, normalmente, ondas q e s, além de ondas R relativamente amplas em D1, D2 e D3, (Fig. 8-6).

Essa rotação é encontrada nos indivíduos longilíneos e nos que apresentam hipertrofia ventricular direita.

Rotação em Torno do Eixo Transversal

O eixo transversal ou látero-lateral pertence ao plano frontal e passa linhas axilares médias e pelo centro do coração. Em torno dele o coração adotar a situação de ponta para a frente ou para trás.

Ponta para a Frente

Nessa situação (Fig. 8-7), o primeiro vetor projeta-se no plano frontal, orientando-se para cima e para a direita, aumentando ou fazendo surgir onda q em D1, D2 e D3 (q1, q2 e q3). As ondas s1 s2 desaparecem, e s3 só não desaparece quando o coração é horizontalizado. Essa rotação é encontrada freqüentemente nas hipertrofias ventriculares esquerdas.

Ponta para Trás

Nessa situação, o quarto vetor projeta-se melhor no plano frontal, orientando-se para cima e para a direita, aumentando ou fazendo surgir ondas s em D1, D2 e D3 (s1 , s2, e s3). Essa rotação é frequentemente encontrada nos casos de enfisema pulmonar (Fig. 8-8).

Rotação em Torno do Eixo Longitudinal

O eixo longitudinal ou anatômico vai da ponta do coração até a base (Fig. 8-9). Estando o observador olhando o coração de baixo para cima, poderá ver a rotação horária: o ventrículo direito passa a ocupar mais espaço na face anterior do coração, deslocando o ventrículo esquerdo, de modo que esse ocupe mais espaço na face posterior do coração. Nesse caso, os complexos ventriculares de transição, no plano horizontal, RS, passam a ocorrer mais à esquerda (to precórdio, e teremos padrão rS até V4 nas rotações horárias moderadas ou além de V4 nas rotações acentuadas. Na rotação anti-horária, o ventrículo esquerdo passa a ocupar mais espaço na face anterior do coração. Nesse caso, os complexos ventriculares de transição, no plano horizontal, RS, passam a ocorrer mais à direita do precórdio, e teremos padrão qR Já em V3 nas rotações anti-horárias moderadas ou antes de V3 nas rotações anti-horárias acentuadas.

Rotação Horária

A alça de QRS inscreve-se mais para a direita, com o eixo elétrico entre +90º e +130º. O primeiro vetor dirige-se para cima e para a esquerda, determinando onda q em D3 (q3), e o quarto vetor dirige-se para cima e para a direita, gerando onda s em D1 (s1). Temos, então, o padrão s1 q3 (Fig. 8-10).

Essa rotação é freqüente nos casos de verticalização do coração, nos longilíneos e nos casos de hipertrofia ventricular direita.

Rotação Anti-Horária

A alça de QRS inscreve-se mais para a esquerda, com o eixo elétrico entre +30º e –30º. O primeiro vetor dirige-se para a frente e para a direita, determinando onda q em D1 (q1), e o quarto vetor dirige-se para cima e para a esquerda, determinando onda s em D3 (s3). Teremos então o padrão q1 s3 (Fig. 8-11).

Essa rotação é frequente nos casos de horizontalização do coração, nos brevilíneos, e nos casos de hipertrofia ventricular esquerda.

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