Capítulo 07 - Eixo Elétrico Capítulo 07 - Eixo Elétrico

José Hallake

Introdução

Eixo elétrico é um vetor capaz de representar todos os vetores de uma determinada alça vetorcardiográfica. Assim, é capaz de representar as alças da despolaroização atrial, da ventricular e da repolarização ventricular, no plano frontal.

Eixo Elétrico de P (ÂP)

Se tivermos o vetorcardiograma de P no plano frontal, como mostra a Fig. 7-1, o ÂP estará a +60º. Chegamos a essa conclusão analisando o eletrocardiograma, partir das deflexões de P obtidas nas seis derivações do plano frontal. O eixo de P será perpendicular à derivação em que P for isodifásico ou isoelétrico. Assim, no exemplo da Fig. 7-1, a onda P é isodifásica em aVL; logo, o eixo de P estará perpendicular a aVL e, portanto, em D2. Para sabermos se o eixo aponta me., +60º ou –120º, basta olharmos a morfologia de P em D2. Como em D2 a onda P é positiva, dizemos que o ÂP está a +60º (Fig. 7-2).

Eixo Elétrido de QRS (ÂQRS)

Repete-se o raciocínio feito para ÂP. Vejamos a Fig. 7-3: como o QRS é isodifásico em D1, o ÂQRS estará em aVF, +90º ou –90º. Basta que verifiqueque em aVF a morfologia de QRS é positiva para inferirmos que o ÂQRS está a +90º.

Eixo Elétrico de T (ÂT)

Repete-se o mesmo raciocínio feito para ÂP e para ÂQRS. Vejamos a Fig. 7-4: como a onda T é isodifásica em D3, o ÂT estará em aVR (+30º ou - 150º). Basta vericarmos que em aVR a morfologia de T é negativa para concluirmos que o ÂT está a + 30º.

Observar os exemplos mostrados nas Figs. 7-5, 7-6 e 7-7.

Os valores de ÂP, ÂQRS e ÂT variam muito em função da idade e do do indivíduo. Assim, os indivíduos longilíneos e as crianças tendem a eixos mais para a direita (mais próximos de +90º) e os brevilíneos, mais esquerda (mais próximos de 0º) (Tabelas 7-1 e 7-2).

Na Fig. 7-5, ÂP, ÂQRS e ÂT estão perpendiculares a aVL. Como em D2, ondas P e T e o complexo QRS são positivos, concluímos que os eixos elétricos de P, QRS e T estão a +60º.

Vejamos o exemplo da Fig. 7-6:

ÂP - Observamos que, em aVL, a onda P está na linha de base. Assim entendemos que o eixo elétrico de P está na derivação perpendicular a aVL, isto é, em D2. Poderia então estar a +60º ou a –120º. Observando-se D2, vemos que a onda P é positiva, indicando então que o ÂP está a +60º.

ÂQRS - Observamos que, em aVF, o QRS é difásico, com discreto rijo da negatividade. Se fosse rigorosamente isodifásico, isto é r=s, diríamos que o ÂQRS estaria perpendicular a aVF e, portanto, na linha de D1. Como o QRS é positivo em D1, o ÂQRS estaria a 0º. Como em realidade o QRS em aVF é predominantemente negativo, embora discretamente, dizemos que o ÂQRS está em torno de -5º ou -10º.

ÂT - A onda T é isodifásica em aVL. Portanto, ÂT está perpendicular a aVL e, portanto, em D2. Poderia estar a +60º ou a -120º. Corno em D2, a onda T é positiva, concluímos que o ÂT está a +60º.

Finalmente, o exemplo da Fig. 7-7:

ÂT - A onda P é isoelétrica em D3, (inscreve-se na linha de base). Então, o ÂP é perpendicular a D3 e, portanto, está na derivação aVR (+30º ou - 1500). Como a onda P é negativa em aVR, o ÂP está a +30º.

ÂQRS - O complexo QRS é isodifásico em aVL. Então, o ÂQRS é perpendicular a aVL e, portanto, está na derivação D2 (+60º ou – 120º). Como o QRS é predominantemente positivo em D2 , o ÂQRS está a +60º.

ÂT - Em nenhuma derivação a onda T é isoelétrica ou isodifásica. Mas observamos que sua amplitude em D2 é aproximadamente igual a sua profundidade em aVR. Isso sugere que o ÂT deve estar entre +30º e +60º. Como, no entanto, a onda T é levemente maior em D1 do que em aVF,o ÂP deve estar mais próximo de 0º do que de 90º. Assim, podemos dizer que o ÂT está em torno de +35º ou +40º.

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