Capítulo 02.10. Estenose Gástrica Congênita

Alcino Lázaro da Silva

Após a amamentação, a estenose (atresia) do esôfago mostra um vômito de leite não-coalhado: a do estômago devolve um conteúdo de leite coalhado (membrana congênita antral ou estenose hipertrófica do piloro) e na estenose baixa do duodeno há leite coalhado corado por bile. Nesta última, ao contrário das anteriores, o mecônio não apresenta bile. As lesões gástricas (membranas pilórica, e pré-pilórica e a hipertrofia pilórica congênita) podem persistir e não criar situações graves para os lactentes se não diagnosticadas, prolongam-se até a idade adulta, com sintomatologia frustra.

No adulto, o que se encontra, em número maior, apesar de raros, são a membrana pré-pilórica e o diafragma mucoso antral. A hipertrofia pilórica é a exceção, 1,3,5 admitindo-se uma predisposição genética em determinadas famílias 11,12 (Fig. II-10-1).

A hérnia hiatal pode estar associada2 e a gastrite ou a úlcera cloridropé rica aparecem como complicações da estase gástrica.6,7

O RX mostra estase e dilatação gástricas, peristaltismo de luta e a região pilórica fina ou obstruída. Em geral há uma demonstração radiológica de estreita fuga de contraste para o duodeno. Na hipertrofia pilórica a imagem é definida e típica. Há uma forma em H, onde se identificam: um filete de contraste tipo cordão, uma imagem distal em forma de cogumelo (guarda-chuva) e uma imagem proximal (gástrica) onde se notam de cima para baixo as formas de um mamilo, uma elevação (ombro) e um bico coincidindo com o início da imagem de cordão.8 Encontram-se no adulto alterações mucosas e úlcera gástrica(Fig. II-10-2).

O quadro clínico, no adulto, é o de uma estenose pilórica e por isso deve ser rigorosamente diferenciado do da úlcera e do câncer 9,10 (Figs. II-10-3 e II-10-4).

Deve-se lembrar, sem possibilidade maior de confusão diagnóstica, da estenose de corpo de estômago, secundária à retração inflamatória. Essa pode decorrer de úlceras gástricas de curvatura menor, que se cicatrizam com retração às vezes intensa do corpo gástrico; de processos inflamatórios supurados (gastrites complicadas); ou após radioterapia supra-umbilical. Determinam uma estenose de terço médio gástrico gerando o chamado estômago em ampulheta.

O tratamento é cirúrgico, após melhora das condições gerais e metabólicas, e pode variar entre piloromiotomia extramucosa (Fredet-Ramstedt) ampla e uma gastrectomia com vagotomia na úlcera gástrica associada. Não havendo lesão gástrica associada, distúrbios de cloridria, ou outras complicações, pode-se optar pela ressecção da área estenosada e anastomose gastroduodenal oralis totalis ou no nível da curvatura menor. Outras medidas intermediárias e menos seguras podem ser adotadas com, por exemplo, divulsão digital do piloro, ruptura da membrana mucosa, piloroplastia a Heineke-Mickulicz, pilorectomia anterior do tipo Judd, gastroduodenostomia lateral do tipo Finney e gastrojejunostomia.4

Referências Bibliográficas

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6. ROWLING J.T. Br. J. Surg., 4 7:162, 1959.

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