Capítulo 02.08. Lesões Agudas do Estômago

Alcino Lázaro da Silva

Elas podem ser devidas a agentes contundente e penetrante, ingestão de corrosivos ou corpo estranho, iatrogenia (instrumento, hiperdistensão gasosa), ruptura espontânea, dilatação gasosa pós-operatória. 22

Trauma fechado

O estômago é um segmento dilatado e situado entre dois esfíncteres. Suas paredes são finas, e mais finas ainda na distensão gasosa ou no estômago repleto de alimentos. A curvatura menor é fixa, o que facilita, ai, maior número de ruptura, ao contrário da curvatura maior, que é móvel e pouco atingida pelos traumas. A caixa torácica o protege dos traumas diretos ou indiretos e o agride nas manobras de compressão torácica para tentativas de ressuscitação cardiorrespiratória. Tendo ligamentos que o situam no andar supramesocólico, os fenômenos de inércia ou desaceleração rápida facilitam a ruptura da parede anterior, seguida pela curvatura menor, pela maior e pelo corpo do estômago. Estas lesões se acentuam e incidem mais nos estômagos cheios ou distendidos.

A incidência varia entre 0,9 e 1,7% nos traumas ocorridos no tubo digestivo. 23 Nos traumas fechados o estômago pode ser lesado em 0008%, e nos penetrantes até em 10,6%. 21 A hemorragia pode-se associar, geralmente, por laceração de mucosa gástrica. 17 Há rupturas que passam despercebidas e se organizam em abscessos que facilitam uma alta mortalidade por septicemias.

Patologia. Podemos encontrar as seguintes lesões, isoladamente ou em associação: (a) perfuração única ou múltipla do estômago, de extensões variadas, tamponada ou não, abscedada ou não; (b) laceração da mucosa gástrica, associada ou não à perfuração, Há uma ferida, geralmente longitudinal, na mucosa do corpo gástrico, que sangra em graus variados. Ela tem o mesmo quadro clínico da síndrome de Mallory-Weiss, e hematoma intramural, raramente ocorre de maneira isolada nos traumas. Ele pode aparecer sozinho nos hemofílicos, nas outras diáteses hemorrágicas e durante o uso de anticoagulantes ou associado à laceração mucosa.

Quadro Clínico. A manifestação clínica pode ser dividida em três grandes grupos: pacientes em estado de choque; com peritonite por perfuração em cavidade livre, ou síndrome abdominal intermediária que pode evoluir para organização, abscesso e suas conseqüências.

A lesão isolada do estômago é rara. O que se vê, geralmente, é a sua associação a lesões de outros locais no abdômen. Diagnostica-se o choque ou a peritonite por perfuração. Como se trata de politraumatizado, estabelece-se a prioridade terapêutica, e enquanto esta é executada, usa-se de recursos complementares para o diagnóstico etiológico.

Diagnóstico. Faz-se o diagnóstico de lesão gástrica por trauma fechado com os seguintes recursos: (a) história clínica cuidadosa; (b) exame físico, onde se verifica a presença de choque, pré-choque, rigidez abdominal e vigilância de parede abdominal supramesocólica; estuda-se o peristaltismo intestinal; verifica-se a presença de pneumoperitônio ou de peritonite; (c) radiografia de tórax, onde se verifica a presença de pneumoperitônio ou de ar ou nível hidroaéreo no tórax (nos casos de lesão associada com o diafragma e transposição gástrica para o tórax), ou de distensão gasosa do estômago. A radiografia de tórax é superior à do abdômen pela incidência mais superficial dos raios e maior nitidez das alterações (Figs. II-8-1, II-8-2, II-8-3 e II-8-4); (d) cateterismo gástrico — que facilita a identificação de hemorragia e injeção de ar ou contraste para exame mais acurado; (e) exame da urina para verificar quantidade do filtrado e presença de hematúria, que pode significar lesão renal associada; (f) leucometria, que é inespecífica e demonstra a presença de infecção associada, e a dosagem de amilase, importante sobretudo se há lesão associada da cabeça do pâncreas; (g) punção abdominal que revela conteúdo anormal, hemorragia ou fornece material para exame laboratorial (leucometria, dosagem de amilase); (h) lavagem peritoneal, que é um exame especial com indicações restritas e que revela sangue, amilase, leucócitos, bile; (i) radiografia contrastada, feita por injeção de contraste iodado pelo cateter nasogástrico ou pela ingestão oral. Observa-se fuga de contraste para o tórax, andar supramesocólico ou todo o abdômen, e (j) esofagogastroscopia, que pode demonstrar a origem do sangramento ou a perfuração. Exame feito, em caráter excepcional por sua complexidade frente a um quadro clínico exuberante.

Trauma penetrante

Deve-se a projétil de baixa ou alta velocidade, a fragmentos de explosivos e maior potência, a outros objetos projetados em alta velocidade ou pela lei da rotação (pedra, prego) e a armas brancas.

O estômago pode ser lesado em 13,2% nas penetrações do abdômen. A mortalidade, (40,6%) é maior que nas lesões de cólon, intestino delgado, fígado, baço ou trato geniturinário. Em 47,1% os projéteis atravessaram o diafragma, o que explica a alta mortalidade. A lesão é única em 10,1% com 28,6% de óbito ou associada a uma ou mais vísceras, com 42% de óbito. Este cresce aritmeticamente com o número de vísceras lesadas.

O tipo de lesão varia desde a puntiforme até grandes lacerações. O óbito aumenta, naturalmente, no mesmo sentido.

O quadro clínico e diagnóstico se repete, como descrito em Generalidades sobre Trauma Abdominal e Trauma de Estômago.

Gastrite química

Introdução. A ingestão de substâncias corrosivas de modo acidental ou suicida é comum em nosso meio. A seqüela mais freqüente e mais grave é a estenose cicatricial do esôfago.

O estômago raramente é acometido. 18 Para explicar há vários motivos: a maior freqüência de ingestão de corrosivos básicos que afetam mais o esôfago; os vômitos, que impedem a ingestão de maior quantidade de corrosivos; a neutralização do álcali pelo ácido gástrico e a presença de alimentos.

Os agentes mais freqüentes são: ácidos (sulfúrico, clorídrico, nítrico, fenólico, formaldeído), que provocam necrose da mucosa por coagulação; álcalis (hidróxido de sódio, ou potássio, hipoclorito) que produzem necrose por liquefação; venenos sistêmicos, como os mercuriais.

A gravidade depende do agente, quantidade, concentração, tempo de permanência no local acometido e estado do estômago.

Quando se ingere um ácido, este pode passar rapidamente pelo esôfago e somar-se ao poder de secreção cloridropéptica, atingindo somente o estômago, produzindo queimaduras. Estas são mais acentuadas no nível do antrogástrico, talvez devido ao espasmo pilórico e à maior potência da contração muscular antral, que possivelmente promove maior demora do agente adesivo a sua mucosa. 15

História de ingestão de substâncias corrosivas, apresentando, em sua fase aguda, sintomas de queimação nos lábios, boca o faringe; dor retroesternal; vômitos, muitas vezes com sangue e, em processos intensos, até eliminação de fragmentos de mucosa.

Passada a fase aguda, os sintomas se, modificam e caracterizam a seqüela produzida geralmente a partir da segunda semana, representada sobretudo pela estenose.

Podem-se constatar indícios de emagrecimento, desidratação, alterações hidreletrolíticas e dilatação do estômago com produção de ondas peristálticas ativas.

Tentamos determinar a localização e a extensão do segmento estenosado para a escolha do método do tratamento, pois podemos encontrar estenose do estômago, do esôfago ou ambas. 12

Uma estenose gástrica poderá apresentar-se com uma das seguintes modalidades, obstrução antral total, obstrução parcial tom aspecto de ampulheta, ou mais extensa e simular uma linite plástica. Esta estenose pode apresentar tardiamente um carcinoma escamoso 6 (Figs. II-8-5, II-8-6, II-8-7, II-8-8 e II-8-9).

Os cinco pacientes que tratamos apresentavam-se com estenose antropilórica chegando mesmo a simular tumores infiltrativos desta região (Figs. II-8-10 e II-8-11). 14

Pôde-se observar que os dois pacientes que ingeriram ácido muriático hão tiveram acometimento do esôfago, enquanto os outros três apresentaram estenose de ambos.

Tratamento. A identificação do agente agressor é importante, porque há necessidade de neutralizá-lo. Os álcalis são neutralizados por vinagre ou suco de limão, e os ácidos, pelos antiácidos comuns. Havendo ingestão de mercuriais, a aspiração do conteúdo gástrico é muito importante; para prevenir acometimentos gerais. 4

Para tanto necessita-se intuíra (ou cateterizar) o estômago. Devemos ter prudência e não insistir nos insucessos das primeiras tentativas. Pode ter havido um comprometimento grave das paredes do esôfago e estômago, e o cateter gera uma perfuração que leva à mediastinite ou a peritonite.

O mesmo raciocínio vale para o uso de endoscopia imediatamente após a ingestão de corrosivos. Vista a zona necrosada, recuar para prevenir perfurações iatrogênicas.5

As complicações serão tratadas conforme cada caso. Podem ocorrer hemorragia, perfuração e gangrena (necrose).

Os métodos operatórios variam com os achados intra-abdominais. Faz-se desde uma derivação externa até uma gastrectomia alargada.

Estes extremos serão em caráter excepcional nas perfurações com peritonite ou nas necroses de grande parte do estômago.

Recursos intermediários são mais usados —rafia; ressecção e rafia; vagotomia e gastrojejunostomia; antrectomia, vagotomia e gastrojejunostomia.

A complicação tardia é a estenose do antro ou do corpo do estômago (em ampulheta). Estas não constituem urgências importantes porque pode-se contemporizar clinicamente para melhoria, das condições do doente.

Faz-se então desde alargamentos plásticos na parede anterior até ressecções gástricas mais extensas. O mais comum é a antrectomia.

Assim é que existem algumas proposições para esta eventualidade: gastrectomia distal 4,16 mais anastomose gastroduodenal (BI) no nível da grande curvatura, ou gastrojejunostomia (BII), y de Roux 13 gastrenteroanastomose . 2,13,16

Na medida do possível, respeitar a continuidade do duodeno. 10 Nestes casos, tentamos a gastroduodenostomia no nível da pequena curvatura, após ressecção da área gástrica acometida.

Observamos que na maioria dós casos há exeqüibilidade neste propósito, a despeito das dificuldades que os processos aderencial e fibroso acarretam à mobilização, ressecção e anastomose com o coto gástrico. O duodeno, nestes casos, é mobilizável e vai ao estômago com muita facilidade.

Disso tudo pode-se inferir que é raro o acometimento isolado do antro, que há condições de restabelecer o trânsito pelo duodeno, de grande importância, fisiológica para o paciente e que, a despeito do processo fibroso, consegue-se anastomose sem tensão e sem dificuldades técnicas, com o duodeno, no nível de pequena curvatura.

Pneumatose intragástrica (Síndrome da Boum Gasosa Gástrica)

Há uma síndrome que se rotula como síndrome de bolha gástrica, caracterizada pelo acúmulo exagerado de gases no estômago sem correspondente eructação. Observa-se este fato nos pacientes operados por hérnia hiatal com operações anti-refluxo, onde o fundo gástrico envolve todo o esôfago terminal (operação de Nissen), 3 e no pós-operatório imediato de vagotomias, sobretudo na superseletiva. 18 O quadro clínico é crônico.

Quando há acúmulo exagerado de gases dentro do estômago, sem progressão ou eructação de alívio satisfatório, a origem pode ser uma estase gástrica, com incoordenação motora na cárdia, que não se abre para a eructação, normal. Ela decorre de uma ingestão aumentada de gases; taquifagia; uso excessivo de liquido às refeições; neuroses; psicopatias; produção exagerada de gases por alimentação mal-orientada, sobretudo por abuso dos industrializados.

Há casos em que o acúmulo gasoso é exagerado e brusco, agravando a cronicidade do processo. Nesta oportunidade há que se diferenciar a síndrome gasosa de doenças graves e às vezes funestas se não atendidas em tempo hábil: angina de peito, infarto agudo do miocárdio, esofagite de refluxo e hérnia hiatal encarcerada, perfuração de víscera oca. Não confundi-lo com o bolo histérico.

O diagnóstico da síndrome gasosa se faz pela, história clínica, pelo afastamento das moléstias acima referidas e por RX simples de abdômen superior. Neste, vê-se uma silhueta gástrica aumentada por pneumatose que transforma quase todo o estômago em uma grande bolsa aérea, ou hidroaérea.

O tratamento é clinico. Reposição hidreletrolítica, sedativo, antiespasmódico e cateterismo nasogástrico revertem todo o quadro clínico.

Nos casos extremos, que se confundem com a dilataquda do estômago (no pós-operatório, por exemplo, de vagotomia), pode haver isquemia, de parede. Nesta suspeita, a laparotomia se impõe e a correção cirúrgica será de acordo com a área perdida, tamanho da perfuração e estado do estômago. Far-se-á desde uma punção e aquecimento gástrico até uma gastrectomia parcial ou alargada. Regra geral, a descompressão por agulha ou a gastrostomia revertem o processo.

Dilatação aguda do estômago

Generalidades. O estômago, na maioria das vezes por causas desconhecidas, pode dilatar-se e atingir um volume que gera uma síndrome grave (até 75% de óbito).

É uma complicação mais freqüente no pós-operatório, mas pode ocorrer em situações especiais. Por exemplo, hábitos ou desvios psíquicos com ingestão excessiva de ar; ingestão exagerada de gasosos (refrigerantes); em obstruções altas do delgado associadas a uma incapacidade de eructar ou vomitar, nas incompetências da cárdia e piloro, que não se abrem coordenadamente (discinesia cha~ gásica da cárdia com estenose pilórica); discinesia gástrica chagásica com megaestômago; traumas por operações supramesocólicas; acompanhando doenças clínicas (tifo, pneumonia, poliomielite etc.).8

No pós - operatório ela é observada principalmente após vagotomias; desvios metabólicos acentuados; impossibilidade de eliminar gases por eructação ou expulsão através do piloro, falta de cateterísmo gástrico em íleo funcional grave em pós-operatório complicado (Fig.II-8-12, II-8-13, II-8-14, II-8-15, II-8-16, II-8-17 e II-8-18).

Há urna associa à de hipotonia, acúmulo de gases e produção destes e de secreção aumentada pela mucosa gástrica. A distensão gera distensão e esta uma isquemia da parede, agravando a hipotonia. Instala-se um quadro de alça fechada (cega) com incompetência dos esfincteres proximal e distal. A distensão pode progredir e a isquemia transformar-se em necrose, com ruptura da parede e instalação de abdômen agudo do tipo perfurativo.

Causas mecânicas (obstrução do duodeno) ou metabólícas ( hipopotassemia agravada pela hipocioremia) complicam ainda mais a dilatação.

Diagnóstico. Há urna distensão abdominal mais acentuada no andar supramesocólico, náuseas, vômitos de conteúdo pequeno, inquietude, dispnéia, alterações do estado geral, desidratação. Fenômenos circulatórios são observados, como: taquicardia, sudorese, hipotensão palidez e adinamia. Hemorragia no liquido da emese ocorre nas grandes distensões ou rupturas.

A palpação, abdominal não revela resistência de musculatura, mas urna distensão da mesma pelo estiramento em conseqüência do aumento do volume gástrico. Ela pode ser dolorosa. A percussão revela timpanismo acentuado.

O RX simples de abdômen revela uma cavidade com níveis hidroaéreos de grande extensão, com apagamento das linhas usuais do retroperitônio, e às vezes, percebe-se um contorno que lembra o do estômago quando se pensa nessa síndrome. O volume atingido pelo estômago pode ser tão grande que ocupa praticamente todo o contorno interno do abdômen. Neste caso, pode-se perceber um só nível hidroaéreo, cuja posição transversal variará de acordo com o conteúdo intragástrico. 7

Tratamento. O tratamento geralmente é clínico, mas deve ser urgente. O objetivo é descomprimir. O cateterismo do tipo Levine mais grosso é eficaz. Ele demonstram urna eliminação grande de gases e líquido escuro. A aspiração deve prosseguir manualmente ou por bombas de aspiração delicada.

A drenagem deve ser reposta na mesma quantidade, baseando-se em uso de soro físiológico expansores de plasma e em potássio. Este, empiricamente, é administrado à base de 13,5 mEq por cada litro de aspirado.

Se essas medidas não forem satisfatórias há três possibilidades em pauta; íleo funcional generalizado, comprometimento de parede gástrica e obstrução funcional de boca anastomótica pós-vaqotomia.

A primeira necessita ser vista com cuidado, pois poderá estar numa fase perigosa de irreversibilidade.

A obstrução de boca anastomótica, em sua maioria, se resolve com cuidados gerais , locais e de reposição adequada. Paciência e prudência são fundamentais, desde que em poucos dias ou semanas a regressão geralmente se faz . Quando ela se prolonga gravemente por mais de três; a quatro semanas pode-se pensar em reabertura, para revisão da cirurgia, alargamento de anastomose gastroduodenal ou derivação acessória (gastrojejunostomia).

Para a suspeita ou certeza de comprometimento gástrico, faz-se a laparotomia. Aspira-se com rigor a cavidade abdominal. Faz-se a lavagem da mesma se o conteúdo for alimentar ou por corpos estranhos. Diagnostica-se com precisão o local, extensão e gravidade da lesão gástrica e opera-se de acordo com a indicação.

As operações que podem ser feitas são: desbridamento, hemostasia e sutura gástrica; sutura gástrica simples; ressecção gástrica segmentar ou seccional e gastrorrafia; gastrectomia parcial.

Não se deve esquecer de que a sutura tem que ser colocada de maneira a não encurtar a curvatura menor, pois isto levaria a urna dificuldade de esvaziamento no pós-operatório. A sutura transversal será feita se não houver perda de substância, e a longitudinal, quando se ressecarem perdas maiores de tecido, mas com cuidado para não gerar urna estenose e um estômago em ampulheta.

Na gastrectomia, para as perdas de substancias, o transito será refeito sempre que possível pelo duodeno. Neste caso, a vagotornia complementar deve ser cogitada, a despeito da sua execução poder restabelecer a dilatação gástrica.

A prevenção é a atitude mais importante. A1ém do suporte nutricional e metabólico, o grande recurso é o catetetismo nasogástrico. :Este deve ser instituído no pós-operatório imediato ou tio logo surja a dúvida de distensão patológica. Não deve ser mantido por alguns dias pelo risco de refluxo e esofagite. É prudente então cateterizar, aspirar por horas ou urn a dois dias, e retirá-lo. Reintroduzir, se necessário.

Hérnias gástricas agudas ou complicadas

São condições de urgência, graves tanto no período imediato ao trauma quanto no tardio

No imediato , as condições clínicas, diagnósticas e terapêuticas se enquadram no capítulo de trauma toracoabdominal. No períodp tardio, as hérnias gástricas intratorácicas mantêm a complicação já estabelecida (mediastinite, empiema, pneumopatias agudas) ou se acutizam, com encarceramento, perfurações, gangrenas e hemorragias.

Todas as situações são de tratamento cirúrgico, com um intervalo apenas para preparo das condições gerais do doente.

Ruptura espontânea do estômago

1,9,24 A ruptura gástrica ocorre por: ressuscitação boca a boca, massagem cardíaca externa, oxigenação inadvertida por cateterismo nasogástrico ou durante a indução anestésica, ingestão de grande quantidade de bebida gasosa, disparo de ar comprimido ou extintor perto da boca, pós-cirurgia para hérnia de hiato pela fundoplicatura total, aerofagia, uso abusivo de bicarbonato, fermentanção gasosa.

A lesão é lirnitada à curvatura menor por ser menos e elástica e ter menos pregas mucosas que o resto do estômago.

O influxo maciço de ar produz laceração do esôfago que se prolonga abrindo o estômago. Este mecanismo

aproxima do admitido na síndrome de Boerhaave e diferente da de Mallory-Weiss. De qualquer forma é preciso que o estômago fique impossibilitado de esvaziar-se Para frente (peristaltismo) e Para trás (vômito, eructação).

Há distensão brusca, dor, insuficiência respiratória por hiperelevação do diafragma, agitação. Evolui para uma infecção e peritonite, sobretudo se o estômago extravasou alimentos. Há compressão da veia cava inferior: cianose infra-umbilical, edema e ingurgitamento venoso, hipovolemia por retorno diminuído.

O tratamento de emergência exige uma punção do abdômen, descompressiva , deixando-se ou não o cateter . Cateterismo nasogástrico e aspiração continua. Oxigenoterapia cuidadosa. Melhorada a condição ( faz-se a laparotomia. Após a aspiração ou lavagem (se houver resíduos) faz-se; avivamento e rafia; rafia e omentoplastia; rafia e esofagogastrofundoplicatura ântero-lateral ou total (Nissen) ou pexia de alqa jejunial (Thal).

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