Manoel Jacy Vilela Lima
Alcino Lázaro da Silva
Introdução
Soluções de continuidade podem acontecer ao longo de
todo o tubo digestivo e inúmeras condições podem levar a úlceras da mucosa digestiva.
Em muitas delas, a etiopatogenia é obscura como na úlcera cecal, retocolite e doença de
Crohn. Muitas vezes podem representar a manifestação local de uma doença sistêmica
como a colite isquêmica nas doenças auto-imunes.
A grande maioria das úlceras do tubo digestivo atinge
apenas a mucosa e a submucosa e quando se curam não deixam cicatrizes. Podem predispor a
uma invasão bacteriana ou fúngica e disseminar na parede da víscera ou sistemicamente a
infecção.
O acometimento da camada muscular e serosa pode acarretar
a perfuração da víscera, com saída do conteúdo intestinal e contaminação de toda a
cavidade abdominal ou do mediastino. Quando se faz lentamente, há tempo para se localizar
o processo, graças ao tamponamento, de vísceras adjacentes e do omento, formando
abscessos.
A hemorragia e a obstrução mecânica do tubo digestivo
podem ocorrer pelo comprometimento de vasos e pelos processos de cicatrização e
retração determinados pela lesão ulcerada.
A situação geográfica tem importância. Nos povos em
climas temperados vê-se mais perfuração na RCUC. enterite radiógena e úlcera
duodenal. Nos tropicais predominam as enterites tifóides e não-específicas.27
Úlceras
Não-Clolidropépticas do Esôfago
Tumores. A forma ulcerada do tumor esofágico é menos
comum que a forma infiltrativa. A perfuração pode ocorrer espontaneamente ou após
tratamento radioterápico, Pode determinar a formação de mediastinite, abscesso
mediastinal, perfuração livre na cavidade pleural ou fístula traqueobrônquica.
O tratamento é freqüentemente limitado pelo estado geral
do paciente. Na perfuração para o mediastino ou espaço pleural, o método usado pode
ser drenagem, ressecção do segmento perfurado ou abscedado ou interrupção do trânsito
esofágico e esofagocoloplastia.54
A fistula esofagotraqueal leva a pneumonias repetidas e
abscessos pulmonares.14 Tubos esofágicos intraluminares tipo Mousseau-Barbin
podem tamponar a fistula, porém apresentam problemas técnicos que impedem seu uso na
rotina.6,1O,17,43,47 Esofagostomia cervical terminal e gastrostomia constituem
métodos de paliação. Porém a alimentação por gastrostomia apenas aumenta o
padecimento do doente. A esofagogastroplastia, com exclusão do esôfago é alternativa
razoável, pois resolve de maneira satisfatória a disfagia e tem mortalidade e morbidez
aceitáveis.8,35,36,45,47,51,58,63 O fechamento do esôfago, torácico não
traz problemas, além de uma mucocele, e pelo curto tempo de vida destes pacientes não
resulta em inconvenlentes.43
A fistulização do tumor para a aorta produz quadro
dramático e fatal de hemorragia (Fig.
II-7-1).
Infecção. O esôfago é relativamente livre de
infecções, à exceção de pacientes que apresentam distúrbios imunológicos.
A monilíase é a mais freqüente. Adquire
importância em pacientes imunossuprimidos, em uso de quimioterápicos ou corticóides ou
com deficiências imunológicas, como os pacientes com câncer avançado desnutridos e
diabéticos.
Os antibióticos, eliminando a flora normal
predispõem ao aparecimento de formas graves de monilíase, que podem levar a úlceras
profundas da mucosa esofágica, invasão da corrente sangüínea e fungemia. Até mesmo
perfuração e obstrução esofágica já foram relatadas.28
O aparecimento de disfagia e odinofagia em pacientes com
deficiência imunológica e que estejam em uso de antibiótico, deve alertar o médico
para a presença de monilíase esofágica. O estudo radiológico deve ser realizado
precocemente na investigação de defeitos de enchimentos nodulares, pseudomembranas e
úlceras. A esofagoscopia pode evidenciar membranas, úlceras e inflamações. A biópsia
e o exame do material demonstram a forma micelial.
O tratamento deve ser realizado com nistatina,
400.000-600.000 unidades quatro vezes ao dia, por dez dias. A anfotericina é recomendada
para casos graves, na dosagem de 0,6 mg por kg por dia.
A esofagite herpética pode apresentar quadro semelhante
em pacientes com deficiência imunológica. As úlceras nesta doença não se revestem de
gravidade e geralmente são achados de necropsia. Outras infecções são mais raras, como
a propagação da difteria da orofaringe, a tuberculose, a sífilis e a histoplasmose.
Certos medicamentos podem levar à formação de úlceras no esôfago, como as
tetraciclinas, o ácido ascórbico, e agentes anticolinérgicos. 1
Úlceras
Não-Cloridropépticas do Estômago
Tumores. O tumor gástrico é o mais freqüente dos
tumores do trato intestinal. A forma ulcerada ocorre em 25% deles.2O