09 -Comunicação com o Público
Equipe Editorial Bibliomed
Os anticoncepcionais injetáveis têm grande potencial, mas também geram algumas
controvérsias. As pessoas devem ser informadas sobre tudo o que é verdadeiro e
cientificamente provado sobre os anticoncepcionais injetáveis, bem como sobre as
informações incorretas ou não provadas. Também, devem conhecer as vantagens e as
desvantagens dos injetáveis e poder compará-las às dos outros métodos à sua
disposição. Quando o programa se preocupa, desde o início, em transmitir uma imagem
precisa dos injetáveis, está evitando o trabalho muito mais difícil de corrigir uma
impressão errônea, no futuro.
A maior disponibilidade dos injetáveis é uma oportunidade de fazer chegar mais
informações a um número maior de pessoas, por vários meios. Com poucas exceções, a
maioria dos programas tem pouca experiência na comunicação sobre os injetáveis.
Geralmente, o máximo que os programas fizeram foi produzir material informativo impresso
para ser distribuído aos provedores e clientes, incluindo cartazes, folhetos e
apresentações pré-preparadas, material este que descreve os injetáveis bem como outros
métodos anticoncepcionais. Com o aumento do acesso aos injetáveis, cresce também a
necessidade de se contar com informações mais completas e facilmente acessíveis sobre
os injetáveis.
Os esforços no sentido de uma comunicação mais eficaz começam a partir de
pesquisas. Através de avaliações das necessidades ou análises de situações,
identifica-se o público, seus interesses e preocupações e como este público poderia
ser atingido. Uma questão particularmente importante, no caso dos injetáveis, é a
reação das mulheres aos distúrbios menstruais, reações estas que variam de país a
país e mesmo dentro de um único país.
Os métodos de pesquisa incluem levantamentos, entrevistas, debates com grupos de
pesquisa avançada, observação dos provedores e avaliação dos canais e serviços de
comunicação. Por exemplo, as Pesquisas Demográficas e de Saúde e outras pesquisas
nacionais podem ajudar os programas a identificar seu público. Tais pesquisas podem
indicar um alto percentual de mulheres que têm a intenção de usar o planejamento
familiar, sendo que muitas delas podem estar planejando usar os injetáveis como método.
No Quênia, por exemplo, 58% das mulheres atualmente casadas e que não usam
anticoncepcionais, declararam pretender usar o planejamento familiar em algum momento e
44% declararam a intenção de usar o planejamento familiar no próximo ano. Entre as
primeiras, 41% declararam que têm a intenção de utilizar os injetáveis como método de
anticoncepção (156).
Quando bem planejados, os programas de comunicação podem ajudar as mulheres a levar a
cabo suas intenções. As mensagens talvez tenham que abordar as atitudes públicas com
relação ao planejamento familiar em geral, o conhecimento público dos injetáveis e a
história das controvérsias sobre o uso do AMPD.
Atitudes públicas com relação ao planejamento familiar. Quais são as
características dos injetáveis que os programas de comunicação podem enfatizar? A
conveniência dos injetáveis é uma de suas características mais atraentes.
Levantamentos feitos em países bastante diferentes, como Egito e Filipinas, demonstraram
que a "facilidade de uso" é vista como uma vantagem altamente desejável em
qualquer anticoncepcional (140, 161). As pesquisas sobre os injetáveis confirmam esta
constatação. Por exemplo, nos debates com um grupo avançado de pesquisa, realizados
pelo projeto SOMARC (Comercialização Social para a Mudança) no Nepal, as mulheres
acabaram sugerindo um nome comercial para o AMPD: "Injeção Fácil de 3 Meses"
(307). Veja Foto
A reversibilidade dos injetáveis também pode ser uma vantagem atraente. No Nepal, as
pesquisas constataram que as pessoas associam anticoncepção com esterilização, sendo
que muitas não estão informadas da possibilidade de espaçar os nascimentos. Na Pesquisa
de Fecundidade, Planejamento Familiar e Saúde de 1991, 14% das mulheres informaram que
gostariam de espaçar os filhos, porém somente 1% delas estavam usando a anticoncepção.
Por isso, o projeto de Vendas de Anticoncepcionais no Varejo, que vende o AMPD, planeja
dar maior ênfase à questão da reversibilidade em sua promoção de comercialização social dos injetáveis (117, 307).
No Zimbábue, os programas informam ao público sobre os injetáveis e, ao mesmo tempo,
insistem com os homens para que assumam a responsabilidade pelo planejamento familiar. Em
meados dos anos 80, pesquisas constataram que os homens freqüentemente tomavam as
decisões sobre o planejamento familiar e o dimensionamento de suas famílias e que
desejavam maiores informações sobre o planejamento familiar. Portanto, em programas
levados a cabo, de 1987 a 1994, pelo Conselho Nacional de Planejamento Familiar do
Zimbábue, com a colaboração do Johns Hopkins Population Communication Services, os
programas semanais de rádio se dirigiam aos homens; os cartazes e artigos de jornais e
revistas informavam ao público sobre os métodos de ação prolongada, atores vestidos de
forma a representar os produtos injetáveis divertiam o público durante jogos de futebol
e os provedores ofereciam orientação quanto ao planejamento familiar em eventos
comunitários. As pesquisas realizadas antes e depois de uma campanha realizada em 1993-94
constataram um aumento significativo no percentual de homens que aprovavam o uso de
injetáveis, que passou de 55% a 67%, e no percentual de mulheres que informavam que seus
parceiros aprovavam o uso dos injetáveis, que passou de 46% a 60% (160, 174).
É evidente que muitas mulheres usam os injetáveis porque não querem que seus maridos
saibam que elas estão usando métodos anticoncepcionais. Em geral, os programas de
comunicação não enfatizam publicamente este atributo dos injetáveis. Pelo contrário,
eles procuram convencer os casais a conversar sobre o tema e atingir um consenso nas
questões de planejamento familiar. As mulheres usam os injetáveis por mais tempo, quando
contam com o apoio de seus esposos (267). A melhor maneira para os provedores discutirem o
uso secreto de injetáveis é através das reuniões individuais de orientação com as
clientes. Mesmo insistindo que os casais discutam entre si o assunto do planejamento
familiar, os programas devem ter cuidado para não afastar as mulheres que não contam com
a possibilidade de discutir o planejamento familiar com seus parceiros.
Conhecimento público dos injetáveis. Os meios de difusão, a distribuição
ampla de folhetos e cartazes e a promoção dos provedores profissionais já ajudaram a
aumentar o conhecimento e uso dos injetáveis. A maior parte desses programas aborda o uso
dos injetáveis bem como de outros métodos disponíveis. Na Tanzânia, por exemplo, uma
campanha multimídia conduzida pelo Ministério da Saúde, de 1991 a 1994, utilizou
cartazes, anúncios de rádio e folhetos específicos para cada método para descrever os
injetáveis e outros métodos de ação prolongada. Foram feitas apresentações, tanto no
nível nacional como em várias regiões, que atraíram a atenção da imprensa e do
público. Uma pesquisa feita em três regiões, depois da campanha, mostrou que o
percentual de homens e mulheres de 15 a 44 anos de idade, que mencionaram os injetáveis
sem que tais produtos fossem sugeridos pelos pesquisadores, havia aumentado de 18% a 49%,
e que o uso de injetáveis havia aumentado de 1% a 3% (142). Em termos gerais, durante o
período de 1991–92, 0,4% das mulheres casadas na Tanzânia usavam injetáveis (224).
No Paquistão, estima-se que 20 milhões de pessoas viram a telenovela Nijaat
(Liberação) onde se via, em um dos 13 episódios, um casal que analisava suas opções
de anticoncepção e acabavam decidindo por um anticoncepcional injetável (119, 147). Na
Indonésia, a campanha do Círculo Azul promove os serviços de planejamento familiar de
médicos e parteiras particulares, que oferecem injetáveis e outros métodos (295). Em um
folheto sobre os injetáveis, distribuído durante a campanha, faz-se a seguinte pergunta:
"Mães, vocês sabem o suficiente sobre os anticoncepcionais injetáveis?"
Nem sempre é necessário preparar um programa de comunicação em grande escala. Na
Tailândia, a disseminação do Programa McCormick de Planejamento Familiar ocorreu
principalmente por via oral. Durante seus primeiros quatro anos, o programa atraiu 60.000
clientes, dois terços das quais escolheram o AMPD. As mulheres da área do programa
desejavam intensamente praticar o planejamento familiar e contavam com o McCormick
Christian Hospital, que lhes inspirava confiança (20).
Os programas de comunicação podem também ajudar a garantir a segurança da
aplicação das injeções, mostrando provedores que fazem uso de técnicas seguras de
aplicação e instando às mulheres para que insistam que a aplicação das injeções
sejam seguras.
A história de controvérsias sobre o uso do AMPD. Os programas de comunicação
necessitam estar prontos para responder aos provedores e ao público, que poderão
perguntar como um medicamento, que antes era julgado perigoso, é, agora, considerado
seguro. Os programas podem observar que os temores eram baseados em estudos conduzidos com
animais e que agora, já se dispõe dos resultados de estudos epidemiológicos mais
confiáveis, realizados com grupos de mulheres.
A informação das últimas pesquisas sobre o AMPD podem ser apresentadas em
seminários especiais, como já foi feito no Equador, Peru e Filipinas, para preparar
autoridades e provedores de serviços. No Equador e no Peru, os injetáveis são bem
conhecidos, mas muitos provedores os consideram perigosos. Os seminários realizados em
ambos os países prepararam o caminho para uma introdução limitada do medicamento ou
para a expansão dos serviços (51, 84, 255). Nas Filipinas, o Departamento de Saúde
produziu uma coletânea de informações para provedores, onde se destaca a existência de
grande volume de pesquisa sobre o qual se baseia a aprovação do AMPD pela FDA, nos EUA.
A coletânea cita ainda o apoio ao planejamento familiar que é oferecido pelo presidente
das Filipinas e pelo ministério da saúde daquele país, a popularidade do AMPD nas
Filipinas e a capacidade do próprio país em produzir o medicamento (248). As novas
orientações de serviço ali contidas enfatizam a importância de se fornecer instrução
às clientes (125). O programa de comercialização social nas Filipinas colocou um
anúncio no jornal Bulletin, de Manila, sob o título "Fatos sobre a
Depo-Provera". O anúncio cita estudos de AMPD nas Filipinas, descreve o uso do
método nos países desenvolvidos e o processo de aprovação nos EUA, destaca o fato de
que o AMPD é reversível e refuta o boato de que o AMPD provoca abortos (53). Além
disso, o programa já treinou provedores de planejamento familiar para serem entrevistados
no rádio e televisão e para combater informação errônea e boatos falsos sobre o AMPD (18).
Por outro lado, na Índia, tais esforços não conseguiram convencer alguns grupos que
se opõem ao AMPD. A Upjohn Company trabalhou em conjunto com o Conselho Indiano de
Pesquisa Médica (ICMR), que aprovou o AMPD. Também, a Upjohn convidou autoridades da
Tailândia para discussões sobre o tema com cientistas e autoridades indianas (91). Mesmo
assim, alguns grupos femininos não se convenceram ainda de que o AMPD é um medicamento
seguro e, conseqüentemente, sua oposição atrasou a introdução do AMPD no programa
nacional de planejamento familiar.
Quando trabalham com os grupos que se opõem ao AMPD, os órgãos governamentais podem
abordar algumas das preocupações destes grupos. Por exemplo, representantes da FDA
norte-americana encontraram-se com representantes da Rede Nacional de Saúde Feminina para
discutir o estabelecimento de um registro nacional de usuárias de AMPD, com o fim de
acompanhar a ocorrência de efeitos colaterais (244).
Population Reports is published by the Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA
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