Population Reports - Série M - Nº 19 - Novas Opções Anticoncepcionais - 13 - Contracepção hormonal masculina

Equipe Editorial Bibliomed

A contracepção hormonal para homens está em estágios clínicos de desenvolvimento há quase duas décadas e agora passa por estudos clínicos de fase III na China (253). Este sistema funciona ao usar a testosterona ou uma combinação de testosterona com progestogênio para inibir a produção de espermatozóides. Quando a testosterona é administrada aos homens, os níveis de testosterona baixam nos testículos, o que resulta numa menor produção de espermatozóides (6).

Pílulas, adesivos, injeções e implantes já foram testados para aplicar várias formulações de testosterona (159). Nos estudos clínicos, as formulações injetáveis parecem ser as mais eficazes para inibir a produção de espermatozóides (159, 172, 257).

Anticoncepção hormonal masculina

Se os estudos clínicos tiverem êxito, um método anticoncepcional hormonal para homens poderá estar disponível na China em 2006, e em outros países vários anos depois (171). Uma vez no mercado, este novo sistema hormonal daria aos homens uma opção de contracepção reversível e eficaz, além dos preservativos. Também em desenvolvimento estão os anticoncepcionais masculinos de longo prazo, porém potencialmente reversíveis, que buscam obter acesso aos condutos deferentes para bloquear os espermatozóides (veja o quadro).

Estudos pioneiros fornecem a prova

Dois grandes estudos clínicos internacionais forneceram evidência preliminar de que a testosterona pode suprimir suficientemente a produção dos espermatozóides para servir como um anticoncepcional viável. O primeiro estudo, levado a cabo em sete países, entre 1986 e 1990, acompanhou 271 homens que receberam semanalmente injeções de 200 mg do composto hormonal com enantato de testosterona (275). O segundo estudo, feito em nove países em 1994, examinou 399 homens que receberam o enantato de testosterona segundo o mesmo regime (276).

Estes estudos, que foram patrocinados pela OMS em colaboração com o programa CONRAD, estabeleceram que os métodos hormonais funcionariam para os homens e também definiram o nível até o qual as contagens de espermatozóides devem baixar para impedir que as parceiras dos homens engravidem. Além disso, o segundo estudo estabeleceu que um anticoncepcional hormonal poderia ser eficaz, provocando apenas 1 gravidez entre as parceiras de cada 100 homens por ano de uso, se a produção de espermatozóides fosse suprimida adequadamente (276).

Fórmulas que contêm somente testosterona

Se os estudos clínicos de fase III, que estão em curso na China, confirmarem os resultados da fase II (90), a China poderia se tornar o primeiro país a registrar um método anticoncepcional hormonal masculino e a oferecê-lo dentro do programa nacional de planejamento familiar (253). Mil homens chineses em 10 centros estão recebendo uma dosagem inicial de 1.000 mg de uma formulação de testosterona, o undecanoato de testosterona (UT), seguida de doses de 500 mg que são ministradas a cada quatro ou a cada seis semanas, durante dois anos. O undecanoato de testosterona está entre as mais novas e mais bem sucedidas preparações de testosterona. Tem ação mais prolongada que outros compostos, tais como o enantato de testosterona, e permite que os homens recebam as injeções a cada mês ou dois meses, ao invés de semanalmente (284).

Por si só, a testosterona não suprime a produção de espermatozóides em homens não asiáticos tão bem como o faz com os asiáticos e, portanto, em outras regiões, um anticoncepcional hormonal masculino provavelmente combinaria a testosterona com um outro composto hormonal para melhorar sua eficácia (276). Os estudos já feitos não foram capazes de detectar a causa exata da diferença de eficácia entre os homens asiáticos e outros homens (120, 156, 256).

Os dois principais desafios que restam ao desenvolvimento de outros anticoncepcionais hormonais masculinos são a necessidade de injeções freqüentes e a incapacidade de inibir uniformemente a produção de espermatozóides em todos os usuários (89). Os pesquisadores buscam definir formulações de testosterona e formulações hormonais combinadas de ação mais prolongada para superar esses desafios.

Formulações combinadas

A combinação da testosterona com compostos tais como progestogênios ou os análogos do GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofina) agiliza e reforça a inibição da produção de espermatozóides e permite o uso de menos testosterona, reduzindo assim os efeitos colaterais induzidos pela testosterona (172, 257). Para conseguir o melhor efeito anticoncepcional, os pesquisadores de vários países no mundo inteiro estão realizando estudos clínicos de menor escala sobre fórmulas combinadas. Os progestogênios parecem ser os mais promissores. Os estudos estão testando vários sistemas de administração do progestogênio que sejam separados do sistema de administração da testosterona, entre eles, pílulas, adesivos, injeções e implantes (10, 43, 85, 130, 158).

As grandes organizações envolvidas na pesquisa desses compostos incluem a OMS, CONRAD, o Instituto de Medicina Reprodutiva da Universidade da Alemanha, Schering AG, Organon e o Population Council, que está investigando um hormônio sintético mais potente, o MENT®, como substituto da testosterona (192, 203, 239).

Efeitos colaterais. Em pequenos estudos clínicos, as fórmulas combinadas de testosterona e progestogênio não causaram nenhum efeito colateral grave ou complicações médicas. A contracepção hormonal masculina não deverá ter grande impacto sobre o apetite sexual ou o comportamento agressivo masculino, sugerem os resultados dos estudos (122).

A combinação do progestogênio com testosterona parece reduzir, mas não eliminar, os efeitos colaterais da testosterona (7, 9, 31, 157). Os efeitos colaterais da aplicação de somente testosterona incluem dor no local da injeção, aumento de peso e supressão do colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade), o colesterol saudável que já foi associado a um menor risco de aterosclerose (calcificação das artérias). O HDL volta aos níveis normais depois da descontinuação do uso da testosterona (160, 277). Estudos maiores e de longo prazo são necessários para avaliar todos os efeitos colaterais das fórmulas combinadas (172).

Eficácia. A eficácia anticoncepcional de qualquer formulação hormonal masculina depende, evidentemente, da sua eficácia para suprimir a produção de espermatozóides. Os pesquisadores buscam desenvolver uma formulação que reduza a contagem de espermatozóides a menos de 1 milhão por mililitro de material ejaculado, nível este que resultaria num índice de eficácia de 1,4 gravidezes por ano entre as parceiras de 100 homens que estiverem usando a formulação (113, 276).

Várias combinações de progestogênios e testosterona conseguiram produzir baixas contagens de espermatozóides ou nenhum espermatozóide em quase 100% dos participantes de pequenos estudos clínicos. Todos os progestogênios testados parecem promissores na supressão da produção de espermatozóides e nenhum progestogênio parece superior aos outros (89, 257). Já existem planejados estudos clínicos maiores em que os participantes serão tratados por períodos mais longos (159).

Aceitação

O progresso da contracepção hormonal masculina tem sido menor do que no caso da contracepção hormonal feminina (204). Uma razão para isto é que a contracepção sempre foi vista como responsabilidade da mulher. Também, os pesquisadores têm adotado muita cautela quanto aos efeitos potenciais do uso dos hormônios sobre o bem-estar emocional e sexual dos homens (98, 197).

Ao desenvolver os anticoncepcionais femininos, os efeitos potenciais colaterais poderão parecer de menor importância comparados aos grandes benefícios para a saúde ao evitar uma gravidez ou filhos indesejados. Em contraste, ao desenvolver métodos anticoncepcionais para homens saudáveis, que não enfrentam os riscos da gravidez e do parto, os impactos dos efeitos colaterais podem parecer comparativamente maiores (123, 197).

Mas os estudos sugerem que muitos homens estão dispostos a sofrer os efeitos colaterais e correr os riscos para a saúde decorrentes do uso dos anticoncepcionais (102, 195, 196, 259). Muitos homens e mulheres que participaram de pesquisas, de grupos de discussão ou de entrevistas já declararam que desejam dividir entre si as responsabilidades da contracepção. Os estudos da aceitação potencial da contracepção hormonal masculina também sugerem que as mulheres acreditam que seus parceiros usariam o método de forma confiável (88).

Population Reports é publicado pelo Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA.

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