Population Reports - Série M - Nº 19 - Novas Opções Anticoncepcionais - 07 - Injetáveis combinados
Equipe Editorial Bibliomed
Os injetáveis combinados – ou seja, anticoncepcionais injetáveis que contêm tanto um progestogênio como um estrogênio – estão merecendo mais atenção por parte dos clientes e profissionais da área de planejamento familiar. As fórmulas combinadas são geralmente injetadas uma vez por mês, ao invés de uma vez a cada dois ou três meses, como é o caso dos injetáveis com somente progestogênio tais como o enantato de noretindrona (NET-EN) e o acetato de medroxiprogesterona (AMPD). Comparados aos injetáveis que têm somente progestogênio, os injetáveis combinados alteram menos os padrões de sangramento vaginal e permitem um retorno mais rápido da ovulação depois que as mulheres interrompem seu uso (170, 271).
A seguinte discussão se concentra nos injetáveis combinados mais recentes: Cyclofem® (também conhecido como Cyclofemina®, Lunelle®, Lunella®, Cyclo-Provera®, Novafem® e Feminena®) e Mesigyna® (também conhecido como Norigynon®) (ver a Tabela 2). Os injetáveis combinados vêm sendo estudados desde os anos 60 e várias formulações têm sido usadas em alguns países nas últimas décadas. As formulações mais antigas de injetáveis combinados que ainda estão em uso incluem o Injetável “Chinese No. 1” (também conhecido como Gravibinon®) e o deladroxato (disponível na América Latina sob vários nomes comerciais, inclusive Perlutal®, Patectro® e Topasel®) (135, 170).
Nova formulação aprovada do AMPD
Apesar dos injetáveis combinados, mesmo os mais novos, estarem no mercado há anos, eles se tornaram mais conhecidos e usados amplamente em anos mais recentes, depois que novos dados sobre sua segurança e eficácia se tornaram disponíveis. A USFDA aprovou o Lunelle, apesar deste produto não estar ainda disponível nos EUA (250). Ele contém 25 mg de AMP e 5 mg de cipionato de estradiol.
A OMS acelerou o desenvolvimento do Cyclofem para uso em países em desenvolvimento, respondendo a pedidos da Índia, México e outros países, nos anos 70, de um injetável mensal mais seguro e eficaz (170). Hoje, o Cyclofem já está disponível em 18 países, principalmente na América Latina e Ásia (114).
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Outro injetável mensal, o Mesigyna, contém 50 mg de NET-EN e 5 mg de valerato de estradiol. O Mesigyna foi desenvolvido pela OMS e foi disponibilizado pela primeira vez pela Schering AG, aproximadamente na mesma época que o Cyclofem. Hoje, ele é um produto registrado em 36 países, principalmente na América Latina e Ásia (96, 114).
Os injetáveis combinados atuam como contraceptivos basicamente por inibir a ovulação, mas também ao tornar mais espesso o muco cervical e ao suprimir o crescimento endometrial. Nos estudos clínicos, de 0,1 a 0,4 de cada 100 mulheres (1 a 4 em cada 1.000) engravidaram no primeiro ano de uso (59, 200, 271). Os estudos do uso regular de injetáveis combinados, ao invés de estudos clínicos, encontraram taxas de gravidez igualmente baixas (86, 96). As mulheres que deixam de usar os injetáveis combinados podem engravidar às vezes em apenas seis semanas depois de sua última injeção, período esse muito mais curto do que no caso das mulheres que interrompem o uso do AMPD (191).
Efeitos colaterais e problemas de acesso
Os efeitos colaterais dos injetáveis combinados, especialmente os transtornos de sangramento, são a principal razão da interrupção do uso (86, 95). Outros efeitos colaterais dos injetáveis combinados que foram relatados incluem dor de cabeça, tontura e sensibilidade nos seios (59, 125, 271) – efeitos colaterais geralmente típicos dos métodos anticoncepcionais hormonais.
Uma outra razão comum para a interrupção do uso é a falta de acesso. Muitas mulheres não têm condições de voltar à clínica ou farmácia todo mês para receber outra injeção (76, 200), e, às vezes, as clínicas não conseguem renovar seus suprimentos com a rapidez necessária (118). Algumas clínicas passam por faltas crônicas de suprimentos e não podem aplicar as injeções nas mulheres quando elas voltam (146).
Mesmo assim, as taxas de interrupção do uso dos injetáveis combinados mensais são mais baixas do que no caso dos injetáveis de somente progestogênio. Uma das principais razões dessa diferença é que os padrões irregulares de sangramento são menos comuns quando se usam os injetáveis combinados, e, além disso, eles tendem a diminuir com o uso prolongado. Ao final de um ano de uso, uma média de 70% das usuárias de injetáveis combinados apresentam sangramento mensal regular, comparadas com cerca de 8% das usuárias do AMPD. A amenorréia também é menos comum entre as usuárias dos injetáveis combinados mensais do que entre as do AMPD. A maioria das mulheres que interrompem seu uso por razões relacionadas ao sangramento mencionam um sangramento abundante, prolongado ou irregular (271).
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Para proporcionar um melhor acesso aos injetáveis combinados, o Programa de Tecnologia Aprovada em Saúde (PATH, em inglês) está promovendo o uso do Uniject, uma seringa pré-carregada e não reutilizável. A seringa Uniject permitiria que os trabalhadores comunitários de saúde aplicassem as injeções ou que as próprias mulheres as aplicassem. No Brasil, um estudo mostrou que cerca de dois terços das participantes estavam dispostas a receber capacitação e usar o Uniject para aplicarem em si próprias o anticoncepcional injetável mensal. Dessas 56 mulheres, 93% o aplicaram corretamente, sendo que 57% preferiam aplicar elas mesmas o injetável em suas casas do que ir à clínica uma vez por mês (26).
Population Reports é publicado pelo Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA.