Population Reports - Série J - Nº 48 - Guia REALCE de Orientação/Aconselhamento - 14 - Os Desafios do Aconselhamento
Equipe Editorial Bibliomed
Apresentamos abaixo alguns desafios que os profissionais de aconselhamento enfrentam no
dia-a-dia e como resolvê-los.
A cliente silenciosa.
• Se a cliente permanece em silêncio no início da sessão, você pode mencionar
discretamente o fato, dizendo, por exemplo: “Sei que é difícil falar sobre esse
assunto, isso acontece muito freqüentemente com as clientes novas. Imagino que você
também esteja se sentindo um pouco ansiosa, não é?” Olhe para a cliente e use sua
linguagem corporal para demonstrar empatia e interesse. Espere até que a cliente
responda.
• Durante a discussão, o silêncio pode ser algo normal: a cliente pode estar
pensando ou decidindo como expressar seus sentimentos. Dê à cliente tempo necessário
para pensar.
A cliente chora.
• A cliente pode chorar por motivos diferentes: para expressar tristeza, para ganhar
simpatia, por preocupação ou nervosismo, ou para encerrar a discussão. Não presuma
saber porque ela está chorando.
• Espere um pouco e se o choro continuar, diga que chorar é normal, é uma reação
natural. Isto permite que ela expresse seus motivos para chorar. Você pode perguntar o
motivo do choro.
O orientador não vê uma solução para o problema da cliente.
• Os orientadores também podem ficar ansiosos, sobretudo se não têm certeza do que
aconselhar à cliente. Mas lembre-se, o orientador pode ser especialista em saúde
reprodutiva mas não tem que saber resolver todos os problemas dos clientes. Demonstre sua
compreensão, às vezes é só isso que a cliente quer. Sugira outros serviços ou
profissionais mais adequados para ajudá-la em seu problema.
O orientador não sabe responder a uma pergunta da cliente.
• Diga honestamente que não sabe mas que, juntos, poderão procurar a resposta.
Procure a informação necessária com seu supervisor, um colega mais bem informado ou em
livros e manuais e dê à cliente uma resposta precisa.
O orientador comete um erro.
• Corrija o erro e peça desculpas. É importante ser preciso, mas não é importante
dar a impressão de que você é perfeito. Admitir um erro demonstra respeito à cliente.
• Seja sincero: Quanto mais francamente expressar seus próprios sentimentos, no
momento adequado (sem revelar sua vida pessoal), mais fácil será para a cliente fazer o
mesmo.
O orientador e cliente já se conhecem.
• Assegure à cliente que a consulta será mantida confidencial e privada.
• Se ela preferir, peça a outro orientador que o substitua.
A cliente faz uma pergunta pessoal.
• Em geral tente não falar sobre você mesmo. Isso desvia a atenção da cliente.
• Você não precisa responder a perguntas pessoais. A relação entre você e a
cliente é profissional e não social.
• Você pode falar sobre sua própria experiência de uso de um método, se quiser e
achar que vale a pena. Ou poderá descrever a experiência de outras pessoas, sem dar
nomes ou identificá-las como clientes.
• Algumas vezes a cliente pergunta se o
orientador tem o mesmo problema. O melhor é não dar uma resposta tipo sim ou não, mas
dizer algo como: “Estou familiarizado(a) com esse tipo de situação, mas conte-me
mais sobre isso.”
A cliente quer que o orientador tome decisões por ela.
• A cliente está, na verdade, pedindo ajuda. Você pode fazer perguntas do tipo:
“Você parece estar tendo problemas para chegar a uma decisão. Talvez não tenha
chegado ainda o momento certo, o que acha? Gostaria de discutir este assunto um pouco
mais? Necessita de mais informações? Mais tempo para pensar? Quer discutir o assunto com
outra pessoa, talvez seu marido, seus pais?”
• Você pode dizer: “Posso responder suas perguntas e ajudar você a pensar nas
opções que têm à sua frente, mas é você quem melhor conhece sua vida. A melhor
decisão será sempre aquela que você tomar por si própria.”
• Se a cliente não conseguir decidir sobre um método no momento, forneça
preservativos e espermicidas para ela usar enquanto decide.
Þ Sugestão de Discussão:
Pense em pelo menos 2 outros desafios que o orientador enfrenta e pense em como os
resolveria.
Seis princípios do bom
aconselhamento Adaptado de: Murphy, E. e Steele Verne, C.,
Interação cliente-provedor nos serviços de planejamento familiar: orientação a partir
da pesquisa e experiências dos programas. Em: Grupo de Trabalho de
Orientação/Competência Técnica. Recomendações de atualização de práticas
selecionadas de uso de anticoncepcionais, Vol. 2, Chapel Hill, NC, INTRAH, 1997. |
Confira suas Habilidades de Aconselhamento
Faça uma auto-avaliação de suas habilidades em cada estágio do aconselhamento REALCE.
Também pode pedir a um colega que o avalie durante uma sessão de orientação (com a
permissão da cliente). Tente aprimorar um estágio a cada semana, durante 6 semanas, até
que possa se desempenhar melhor em todos eles.
Coloque o número correspondente à sua resposta no espaço deixado ao lado de cada
pergunta abaixo, 0 = Nunca, 1 = Algumas Vezes, 2 = Freqüentemente, 3 = Sempre.
Depois de responder a todas as perguntas, some os números para chegar aos escores de cada
estágio e ao escore final do sistema REALCE.
R eceber as clientes – Você...
— Saudou a cliente na chegada dela?
— Fez a consulta em um lugar confortável e privativo?
— Tranquilizou a cliente quanto à confidencialidade dessa consulta?
— Demonstrou sua atenção, interesse e aceitação por meio de palavras e gestos
durante a consulta?
— Explicou o que deve ser esperado pela cliente?
E ncorajar as perguntas – Você...
— Perguntou à cliente o motivo da consulta?
— Estimulou a cliente a falar o máximo possível?
— Fez perguntas abertas na maioria das vezes?
— Prestou atenção no que a cliente disse e como ela disse, fazendo mais perguntas
para dar prosseguimento à discussão?
— Colocou-se na situação da cliente, procurando entendê-la sem fazer críticas ou
julgar?
— Inquiriu sobre os sentimentos da cliente?
— Perguntou quais as preferências da cliente? (Por exemplo, que método ela gostaria
de usar?)
— Procurou saber sobre a necessidade de proteção contra as DST’s/AIDS?
A tualizar informações – Você...
— Começou a discussão perguntando qual o método preferido pela cliente?
— Adaptou e personalizou a informação?
— Forneceu as informações mais importantes para a cliente tomar a decisão?
— Procurou evitar o excesso de informação?
— Usou palavras que a cliente entende?
— Quando discutiu os métodos, falou de eficácia, vantagens e desvantagens e
proteção contra as DST’s e AIDS?
— Utilizou amostras e desenhos ou outros materiais educativos?
L evar as clientes a escolher – Você...
— Informou à cliente que a decisão final é dela?
— Ajudou a cliente a identificar toda a gama de opções à sua disposição?
— Ajudou a cliente a pensar como cada opção afetaria sua vida?
— Aconselhou sem controlar?
— Deixou a cliente decidir?
— Pediu à cliente que afirmasse em voz alta sua decisão?
— Repetiu em voz alta a decisão da cliente, de forma a confirmá-la?
— Certificou-se de que a escolha da cliente se baseou em um entendimento preciso?
— Listou as razões médicas que poderiam contra-indicar o uso do método e verificou
se a cliente apresenta alguma dessas condições?
C omentar e explicar – Você...
— Forneceu o que a cliente procurava, se não existia nenhuma contra-indicação
médica?
— Explicou como usar o método, sua eficácia, e os motivos médicos para voltar para
consultas de seguimento?
— Explicou e mostrou como usar o método?
— Certificou-se de que a cliente entendeu tudo?
— Perguntou se havia dúvidas?
— Forneceu suprimentos?
— Explicou as instruções escritas e forneceu-as à cliente?
— Discutiu a prevenção das DST’s/AIDS e forneceu preservativos (se
necessário)?
— Discutiu a anticoncepção de emergência?
E stabelecer visita de retorno – Você...
— Agendou a próxima consulta, se necessária?
— Convidou a cliente a voltar a qualquer hora, por qualquer motivo?
— Indicou à cliente um outro serviço para atendê-la naquilo que você não pode?
— Agradeceu à cliente por vir e convidou-a a enviar ou trazer outras pessoas?
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