Population Reports - Série J - Nº 48 - Guia REALCE de Orientação/Aconselhamento - 12 - Orientar sem Controlar

Equipe Editorial Bibliomed

Muitas clientes querem tomar suas próprias decisões, recebendo dos profissionais alguma orientação ou aconselhamento. Dois princípios são fundamentais para o aconselhamento:

Þ É o desejo da cliente, e não o do profissional, que determina o quanto de orientação deve ser dado. Clientes diferentes necessitam de diferentes orientações.

Þ Um boa orientação é aquela que ajuda a cliente a tomar sua própria decisão. O profissional deve procurar não controlar, ou seja, tomar a decisão pela cliente.

O profissional de saúde pode, ao mesmo tempo, dar orientação e proteger o direito da cliente de fazer uma escolha bem informada (veja "Decisões bem informadas: direito de toda cliente!). (Uma sugestão: fazer perguntas ao invés de assertivas ajuda o profissional a evitar a tendência ao controle.)

Orientação (Vale a pena usar!) Controle (Vale a pena evitar!)
• Dizer à cliente claramente que a decisão é dela, mas que você pode ajudar também: “Podemos discutir juntos sua decisão, mas a palavra final é sua.”

• Ajudar a cliente a pensar sobre os efeitos das suas escolhas, sejam elas boas ou más: “Algumas mulheres ficam enjoadas quando começam a tomar a pílula. E se isso acontecer com você?”

• Ajudar a cliente a pensar sobre sua vida. “Pensando nos seus afazeres diários, tem algum que poderia ajudá-la a se lembrar de tomar a pílula todo dia?”

• A própria cliente pode lhe dar uma deixa: “Você disse que teve vários parceiros sexuais no ano passado. Talvez você precise se proteger das doenças sexualmente transmissíveis.”

• Mencionar experiências comuns de outras pessoas semelhantes à cliente. Seja moderado: “No caso dos injetáveis, tem mulheres que ficam satisfeitas quando o sangramento menstrual pára, já outras evitam os injetáveis exatamente por esta razão.”

• Respeitar a decisão da cliente sobre sua própria vida: “Pelo que entendi, você tem que trabalhar fora de casa todo dia. Nesse caso...”
- Dar conselho que não seja solicitado: “Bem, se você quiser minha opinião...”

- Tomar decisão pela cliente: “Se eu fosse você, eu faria o seguinte...”

- Expressar sua opinião pessoal ou criticar o comportamento da cliente: “O que você fez foi errado. Você deveria saber isso.”

- Exigir uma decisão rápida, sem tempo para refletir: “Esta é a lista de métodos que temos. Qual você vai escolher?”

- Antecipar-se à decisão da/do cliente: “Tenho certeza que você não quer este método.” O melhor é pedir à/ao cliente que declare sua opção ou desejos para, então, repeti-los e discuti-los.

- Usar palavras tais como “deveria”, “sempre”, “tem que”, “nunca”.

- Interromper a cliente e mudar de assunto: “Não temos muito tempo. Vamos discutir agora...”

- Assumir que todas as pessoas semelhantes têm exatamente as mesmas necessidades: “Você não é casada e todas as pessoas solteiras necessitam usar o preservativo para se proteger contra as DST’s.”

Sugestão de exercícios:

1. Tente dar pelo menos dois exemplos das abordagens de orientar e controlar. Discuta a diferença entre elas.

2. Na representação de papéis para fins de treinamento, faça o papel de uma cliente específica que escolhe um método de planejamento familiar (veja Idéias para os serviços de Saúde"). Um dos colegas faz o papel de orientador sem controlar e o outro colega, o de orientador que tenta controlar suas decisões. Discuta como você se sentiu enfrentando essas duas orientações diferentes. Discuta também como essas duas abordagens diferentes podem influenciar a forma de agir de uma cliente.

Veja mais detalhes sobre o estágio “Encorajar as perguntas”.

Como “Escutar Ativamente”

• Aceite suas clientes como elas são. Trate cada uma delas individualmente.

• Ouça aquilo que ela diz e também como ela diz. Note o tom de voz, a escolha das palavras, a expressão facial e os gestos.

• Coloque-se no lugar da cliente enquanto você a escuta.

• Mantenha silêncio em certos momentos. Dê tempo à cliente para pensar, fazer perguntas e falar. Respeite o ritmo da cliente.

• Ouça atentamente aquilo que a cliente diz ao invés de pensar naquilo que você vai dizer em seguida.

• De vez em quando, repita o que ela disse. Isso deixa claro para ambos que você entendeu o que foi dito.

• Sente-se confortavelmente. Evite movimentos que provoquem distrações. Olhe diretamente para a sua cliente e não para os seus papéis ou pela janela.

Desmentindo Boatos

Quando se pede às clientes para falar do que já ouviram sobre métodos anticoncepcionais ou sobre doenças sexualmente transmitidas, acaba-se ouvindo alguma informação falsa ou boato.

O que são esses boatos?

São informações erradas transmitidas de boca-a-boca entre as pessoas de uma comunidade. Essas informações se disseminam e passam como verdades, apesar de serem freqüentemente incorretas ou falsas. A fonte original é normalmente esquecida.

De onde vêem os boatos sobre saúde reprodutiva?

• Erros não intencionais de uma pessoa, ao transmitir a outra um comentário que ouviu.

• Crenças tradicionais relacionadas com o corpo e a saúde.

• Exageros para tornar uma história mais interessante.

• Explicações confusas ou falta de explicação suficiente por parte dos profissionais de saúde.

• Erros que surgem quando as pessoas tentam explicar fatos cuja explicação não é muito óbvia, como, por exemplo, um efeito colateral.

• Erros ou exageros dos meios de comunicação de massa.

• Informações errôneas feitas de propósito para prejudicar a reputação do planejamento familiar, de outros serviços de saúde ou dos profissionais de saúde.

Como lidar com os boatos que as clientes ouviram:

• Pergunte claramente às clientes o que elas ouviram falar sobre o método e o que mais as preocupa. Esse tipo de pergunta traz à tona os boatos.

• Explique por que a informação é falsa. E o que for verdade, explique de forma que a cliente realmente entenda.

• Descubra o que a cliente precisa saber para ter confiança no método ou no profissional de saúde. Procure determinar em quem a cliente realmente acredita.

• Procure se informar sobre as crenças tradicionais sobre problemas de saúde. Isso o ajudará a entender os boatos e a explicar as questões de saúde de forma que as clientes entendam.

• Recomende às clientes que confirmem com um serviço de saúde se tiverem dúvidas sobre informações que ouviram de outras pessoas.

Como desmentir boatos na comunidade:

• Encontre uma pessoa respeitável que diga a verdade às pessoas e contenha a disseminação do boato. Particularmente úteis são os líderes comunitários e usuárias satisfeitas.

• Tente saber como começou o boato. Talvez seja necessário explicar algum outro evento que realmente aconteceu.

• Se os boatos estiverem sendo veiculados pela mídia, o diretor da clínica ou serviço poderá entrar em contato com repórteres ou editores e dar esclarecimentos sobre o assunto, talvez por meio de uma entrevista dada aos jornais ou outros meios de comunicação. O diretor pode aproveitar e se oferecer para ajudar os repórteres a confirmar quaisquer boatos futuros.

• Recomende às pessoas que, antes de transmitir uma notícia ou informação que pode ser um boato, confirmem com o serviço ou os profissionais de saúde.

Þ Sugestão de Discussão: Pense sobre um boato que você já ouviu sobre os métodos anticoncepcionais ou sobre as DST’s. Como eles podem ter começado? O que poderia ter sido feito para conter esse boato?

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