01- Como satisfazer as necessidades de adultos jovens

Cada vez mais os jovens enfrentam graves riscos à sua saúde, quando amadurecem e se tornam ativos sexualmente. Para enfrentar esses riscos, a maioria dos jovens conta com muito pouco em termos de informações factuais, orientação sobre responsabilidade sexual e acesso aos serviços de saúde. O atendimento das diferentes necessidades dos adultos jovens representa um desafio para os pais, as comunidades, os profissionais de saúde e os educadores. Apesar da urgência dessas necessidades, os esforços programáticos foram, até agora, insuficientes e prejudicados pelas controvérsias.

Um quinto da população mundial tem entre 10 e 19 anos de idade. Os jovens atuais demoram mais para se casar mas é maior o número dos que têm relações sexuais antes do casamento. Com isso, enfrentam maior risco de gravidez involuntária e doenças sexualmente transmitidas (DSTs). Nos países em desenvolvimento, de 20% a 60% das gravidezes e partos de mulheres jovens ocorrem de forma não intencional, a maioria sem planejamento. A gravidez coloca em risco a saúde das jovens, devido ao próprio parto ou a abortos perigosos. Cada vez mais, a paternidade precoce resulta na interrupção dos estudos e na conseqüente perda permanente de rendimentos. Metade das pessoas infectadas pelo vírus HIV, que causa a AIDS, tem idade inferior a 25 anos.

Varia muito o nível de ajuda de que necessitam os adultos jovens para evitar esses riscos. Alguns jovens ainda não iniciaram sua vida sexual. Estes necessitam de apoio e preparação para conseguir adiar o início dessa atividade. Outros sofreram abusos sexuais e, por isso, carecem de proteção e assistência. Outros se iniciaram sexualmente antes do casamento, podendo ter vários parceiros sexuais antes de se envolverem num relacionamento duradouro. Estes necessitam de ajuda para abster-se sexualmente ou usar preservativos que evitam a gravidez e as DSTs. Muitos outros já estão casados e necessitam basicamente dos mesmos serviços de saúde e de planejamento familiar que outros casais de idade superior.

Como Chegar aos Jovens

Freqüentemente, existe oposição à educação sexual e aos programas de saúde reprodutiva para adultos jovens, mas as pesquisas mostram que, ao contrário do que pensam os opositores, esses programas não conduzem a uma maior freqüência ou a um início precoce das atividades sexuais. Para contar com o apoio do público, os programas devem trabalhar junto aos pais e seguir as normas comunitárias. Ao mesmo tempo, os programas devem defender novas normas sociais que protejam a saúde dos adultos jovens. As normas atuais recompensam os rapazes mas punem as moças pela prática sexual; promovem o sexo irresponsável nos meios de comunicação de massa, mas rejeitam o interesse natural dos jovens pela sua sexualidade. A não ser que tais valores mudem, os programas destinados aos jovens enfrentam uma batalha perdida ao tentar inculcar um comportamento responsável e oferecer serviços adequados.

Os programas conhecidos como Educação sobre a Vida Familiar (EVF) são os únicos programas de ampla difusão destinados aos jovens. São programas breves, realizados principalmente em escolas, que promovem a abstinência, dão informações básicas sobre saúde e fisiologia da reprodução, aperfeiçoam a capacidade de resolução de problemas, a tomada de decisões e o planejamento familiar e, em alguns casos, discutem os métodos anticoncepcionais. Muitos deles cobrem também a questão do HIV/AIDS, enquanto outros programas escolares ou de extensão concentram-se exclusivamente na prevenção da AIDS. O impacto foi modesto até agora. Os programas EVF podem aumentar o entendimento e melhorar as atitudes. Os melhores entre eles também conseguiram adiar a iniciação sexual, reduzir a freqüência das relações sexuais ou aumentar um pouco o uso dos anticoncepcionais. Algumas campanhas feitas pelos meios de comunicação de massa conseguiram evitar a representação típica do sexo isento de riscos, conseguindo usar o entretenimento para promover um comportamento responsável.

Para obter serviços de planejamento familiar, tratamento das DSTs e atendimento pré-natal, a maioria dos adultos jovens é obrigada a freqüentar as mesmas clínicas que o resto da população adulta. Existem poucos hospitais e organizações governamentais que estabeleceram clínicas especiais ou horários especiais para os jovens. Já foram tentados vários tipos de programas de extensão, geralmente empregando os próprios jovens para conversar com seus companheiros e, às vezes, distribuir preservativos. Em algumas escolas dos Estados Unidos, as clínicas oferecem um certo nível de serviço de saúde reprodutiva junto a algum outro tipo de serviço; algumas poucas escolas oferecem preservativos.

Lições Aprendidas

Os jovens adultos necessitam de programas que estejam dispostos a ouvir e responder às suas necessidades, conquistar sua confiança, ir aos lugares mais freqüentados pelos jovens e falar a sua língua. A experiência ainda é modesta, mas os melhores resultados foram atingidos com os programas que:

• conseguem angariar suporte por trabalhar junto aos pais e líderes comunitários;
• removem as barreiras políticas e diminuem os preconceitos dos profissionais de saúde;
• buscam a participação dos jovens na elaboração e realização do programa;
• informam aos jovens especificamente o que eles devem fazer;
• ajudam os jovens a praticar as técnicas de relacionamento interpessoal que necessitam para evitar os riscos;
• articulam a informação e a orientação com os serviços;
• oferecem modelos de comportamento que tornam mais atraente o comportamento seguro;
• investem o suficiente, e por tempo suficiente, para conseguir resultados positivos.