"Patients die not from their disease. They die from the physiological abnormalities of their disease." Sir William Osler. I. Introdução. Em 1950, Hans Selye, da McGill University, em Montreal, Canadá, publicava um dos mais importantes e abrangentes trabalhos deste século versando sobre o trauma. Dono de uma mente dotada de extraordinária capacidade de síntese, esse autor, injustamente esquecido, apresentava na sua obra The Physiology and Pathology of the Exposure to Stress
Livro / Publicado em 26 de outubro de 2011
I. A Teoria de Sistemas. O modelo que melhor se adapta ao estudo de fenômenos biológicos in vivo é, sem dúvida, o apoiado na teoria dos sistemas, a base da cibernética. Como é sabido, tal teoria, desenvolvida por Norbert Wiener, do Massachusetts Institute of Tecnology, em 1948, preconiza que os sistemas, dentre eles o biológico, apresentam certas características de adaptabilidade muito peculiares e universais. Os sistemas biológicos são os melhores exemplos desta teoria. Em verdade,
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"Anoxia not only stops the machine but wrecks the machinery" Charles Sherrington (1906)I. Introdução A análise da evolução da SFMO utilizando a metodologia da teoria dos sistemas converge para conclusões relacionadas com os diferentes fatores participantes do processo cibernético de adaptação aos desvios da harmonia homeostática do sistema. Em realidade, raros são os exemplos envolvendo complexos sistemas biológicos nos quais tal raciocínio não é diretamente aplicável. Assim,
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A. Sistema Catecolaminérgico A utilização do raciocínio lógico estruturado sobre a teoria de sistemas na explicação de dados clínicos e experimentais relacionados ao trauma resultou no desenvolvimento de uma hipótese de trabalho unitária, estruturada sobre o bipólo: (a) lesão inicial do centro de controle do sistema (o SNC) induzida pela própria reação de alarma ; (b) efetivação do quadro lesivo universal por indução inapropriadamente prolongada do SNC sobre um leque de efetores periféricos.
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I. Introdução. As infecções disseminadas são, de longa data, recohecidas como indutoras de lesões difusas no organismo comprometido. Desde a década de 70, alguns autores, como Eiseman e cols. (1977), intuitivamente atribuíram à sepse a responsabilidade fisiopatológica primária de indução do quadro de SFMO, mesmo que tal fato não possa ser efetivamente comprovado em mais da metade dos casos, não podendo, portanto, ser considerado, com base na metodologia científica vigente, como
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I. Introdução A SFMO é uma síndrome associada a elevadas morbidade e mortalidade devido ao dramático envolvimento secundário de praticamente todos os órgãos do corpo. Naturalmente, alguns desses órgãos, quando comprometidos, colocam o paciente em risco de morte imediata. Outros, por sua vez, podem periclitar o sistema de uma forma mais protraída. Há outros ainda que, apesar de atingidos pelos componentes fisiopatológicos da síndrome, não traduzem seus danos em déficits sistêmicos significativos.
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I. Histórico. Celsus, em 20 d.C., parece ter sido o primeiro autor a relatar a ocorrência de sangramento gastrointestinal em associação a ferimentos graves, acontecidos durante campanhas militares. Joseph Swan, cirurgião do Lincoln County Hospital, em 1823, relatou o primeiro caso dessa modalidade de hemorragia digestiva alta no Edinburgh Medical and Surgical Journal (LXXVI:344-7). O paciente Joseph Baily, de 5 anos, teve as suas roupas incendiadas no dia 2 de junho de 1822, resultando
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I. Introdução. Cumin, em 1823, e Long, em 1840, foram, aparentemente, os primeiros pesquisadores a descrever as lesões renais macroscópicas encontradas em casos de trauma inespecífico, constituindo-se a insuficiência renal em uma séria complicação tardia que acomete o paciente traumatizado, como parte do quadro da SFMO. Após raras referências, levantadas principalmente após a II Guerra Mundial, com o trabalho histopatológico de Moon, a síndrome foi enfatizada durante a Guerra
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I. Introdução. O fígado é, sem dúvida, um dos mais importantes e resistentes órgãos-alvo durante o trauma. O seu envolvimento e o seu comprometimento, nessas condições, assumem maior importância em função do prejuízo sofrido por sua função depuradora de fármacos e toxinas. Como, por exemplo, as endotoxinas, lançadas maciçamente, em condições de isquemia esplâncnica, na circulação porta do doente, conduzindo à potenciação dos desarranjos básicos induzidos pelas reações adaptativas
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I. Introdução. Na evolução da SFMO, a deterioração subaguda e crônica de órgãos vitais, como os pulmões e os rins, pode assumir tal gravidade a ponto de tornar impossível a recuperação. Em verdade, o comprometimento secundário de alguns órgãos na SFMO pode resultar em morte a curto prazo, como a insuficiência respiratória da SARA. As hemorragias graves, como as provocadas pelas úlceras de estresse, seriam o próximo fator de mortalidade a curto prazo. Porém, a sua importância relativa
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