Os distúrbios pulmonares são uma característica central na prática da medicina de cuidados intensivos. São particularmente pertinentes, uma vez que determinados tipos de falência respiratória derivam primariamente de alterações provenientes do sistema nervoso. Assim, muitos pacientes portadores de condições neurológicas severas apresentam alterações pulmonares coexistentes como asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); outros podem desenvolver complicações decorrentes do tratamento ou pela imobilização, como a pneumonia associada à ventilação (Capítulo 7) ou embolismo pulmonar. Dentre os aspectos mais interessantes da interação entre os sistemas nervoso e respiratório, as condições resumidas como "falência respiratória neurogênica" (FRN) adquirem interesse específico, já que englobam causas originárias tanto do sistema nervoso central como do periférico, que ocasionam problemas pulmonares, constituindo a discussão central deste capítulo. Tais formas de falência respiratória podem decorrer de doenças neuromusculares (síndrome de Guillain- Barré, miastenia grave etc.), lesões cerebrais primárias ou a partir de doenças que ocasionam o coma e redução secundária dos reflexos das vias aéreas e da ventilação; todos detalhados....