João Vinícius Salgado. Carlos Amílcar Salgado. João Amílcar Salgado. . Introdução. . A compreensão da relação médico-paciente (RMP) deve remontar à biologia não-humana e à antropologia. A peculiaridade humana mais relevante e mais anterior, referente a essa relação, está ligada à diferença entre a prolongada dependência infantil humana e a relativa independência dos demais filhotes animais. Para sumariar os fundamentos categóricos do desenvolvimento histórico da RMP, recorremos à parábola dos náufragos.. . A Parábola dos Náufragos. . Suponhamos, numa ilha, um grupo de náufragos, sem parentesco entre si, no qual não há nenhum médico e ninguém está doente. Certo dia uma pessoa amanhece sentindo-se doente ou aparentando estar doente.. . Automaticamente, os demais componentes do grupo, uns mais, outros menos, manifestam atitudes que significam o interesse em cuidar daquela pessoa. Diante disso, esta escolhe um dos demais e se deixa cuidar por ele. Esta é a origem da RMP, que data da origem da humanidade e de até antes, mas que pode ser recriada a cada circunstância semelhante à descrita. . . Nesta relação primordial há apenas a assunção livre de papéis – a de paciente e a de médico –, sem que o papel de paciente exija que o indivíduo esteja de fato doente e sem que o papel de médico implique qualquer competência respectiva. Trata-se....