Capítulo 02 - Modalidades da Parada Cardíaca Capítulo 02 - Modalidades da Parada Cardíaca

Assistolia

A assistolia é definida pela cessação de qualquer atividade elétrica ou mecânica dos ventrículos.17

Caracteriza-se, no eletrocardiograma, por um traçado isoelétrico em pelo menos duas derivações (Fig. 2-1).

Os mecanismos mais freqüentes de parada cardíaca em assistolia são: distúrbio do sistema de condução do impulso elétrico, indução anestésica (descarga parassimpática generalizada) e hipóxia, sendo esta o principal fator desencadeante de parada cardíaca em crianças.54

Fibrilação Ventricular

A fibrilação ventricular é definida como a contração incoordenada do miocárdio em conseqüência da atividade caótica de diferentes grupos de fibras miocárdicas, resultando na ineficiência total do coração em manter um rendimento de volume sangüíneo adequado.17

Caracteriza-se por freqüência cardíaca que pode oscilar entre 150 e 500 batimentos por minuto, em que ondulações irregulares do tipo zigue-zague substituem os complexos QRS e as ondas T, com amplitudes e duração variáveis (Fig. 2-2).

A fibrilação ventricular pode apresentar-se com ondulações do tipo grosseiro e fino (Figs. 2-3 e 2-4). O tipo grosseiro caracteriza-se por ondas amplas e rápidas, e a do tipo fino por ondas pequenas e lentas. O sucesso das tentativas de reversão ao ritmo sinusal dependerá do padrão e do formato destas ondas.

Os mecanismos determinantes da parada cardíaca por fibrilação ventricular podem ser:

  • hipóxia miocárdica ocasionada por hipoventilação que pode ocorrer em vítimas de afogamento, asfixia, edema pulmonar ou por isquemia nos casos de insuficiência coronariana (durante o infarto agudo do miocárdio ou ser precedida de extra-sístoles ventriculares precoce — fenômeno R sobre T ou polimórficas) e estenose aórtica;
  • agentes irritantes do miocárdio, como: fatores mecânicos, químicos e elétricos;
  • disfunção miocárdica ou do sistema excitocondutor como nas bradicardias e bloqueios atrioventriculares de segundo e terceiro graus;
  • metabólicos como a acidose que compromete a contração miocárdica ou distúrbios eletrolíticos relacionados com potássio, cálcio e magnésio;
  • marcapasso de freqüência fixa, quando há competição entre os complexos conduzidos e o estímulo do marcapasso, sendo este coincidente com o período vulnerável do ciclo que o precede;
  • transfusões rápidas e maciças de sangue armazenado por muito tempo poderão levar à fibrilação ventricular por hiperpotassemia secundária à hemólise. O sangue gelado também tem maior liberação de potássio das hemácias para o plasma, portanto nunca deve ser administrado nesta temperatura.3
Taquicardia Ventricular sem Pulso

A taquicardia ventricular é a sucessão rápida de batimentos ectópicos ventriculares que pode levar à acentuada deterioração hemodinâmica, chegando mesmo à ausência de pulso arterial palpável, quando, então, é considerada uma modalidade de parada cardíaca, devendo ser tratada com o mesmo vigor da FV.17

Ao eletrocardiograma a taquicardia ventricular caracteriza-se por complexos QRS alargados, com duração maior que 120 ms e o vetor ST - T opondo-se à maior deflexão do QRS, com freqüência acima de 100 batimentos por minuto, podendo chegar até 250, tendo o ritmo a ser regular (Fig. 2-5).32

A taquicardia ventricular geralmente é secundária a alguma cardiopatia orgânica, como a insuficiência coronariana ou a doença de chagas, miocardiopatia não-isquêmica, distúrbio metabólico, intoxicação por medicamentos (antiarrítmicos que geram efeitos pró-arrítmicos), síndrome do intervalo QT longo, prolapso valvular mitral e, ocasionalmente, em corações normais.32

Atividade Elétrica sem Pulso

A atividade elétrica sem pulso é caracterizada pela ausência de pulso detectável na presença de algum tipo de atividade elétrica, com exclusão da taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular. A atividade elétrica sem pulso incorpora a dissociação eletromecânica e um grupo heterogêneo de ritmos que inclui: pseudodissociação eletromecânica, ritmo idioventricular, ritmo de escape ventricular, ritmo idioventricular pós-desfibrilação e ritmos bradiassistólicos.17

Caracteriza-se, ao eletrocardiograma, por apresentar complexos QRS alargados e bizarros que não produzem respostas de contração miocárdica eficientes (Fig. 2-6).

A dissociação eletromecânica é a modalidade de parada cardíaca de pior prognóstico. Freqüentemente está associada ao choque cardiogênico, por falência de bomba ou por rotura do miocárdio com tamponamento cardíaco.17

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