Ênio Roberto Pietra Pedroso
Alcino Lázaro da Silva
Introdução
O termo íleo é usado atualmente em dois sentidos:
anatômico, nomeando a última porção do intestino delgado; e funcional, se referindo a
uma dificuldade do intestino em fazer seu conteúdo progredir, devido à diminuição ou
paralisia de sua atividade motora ou, raramente, a espasmos de sua musculatura.
O íleo funcional é determinado por vários fatores
neuronal, humoral e metabólico - localizados no próprio intestino ou sistêmicos, de
causas clínicas ou cirúrgicas, podendo ocorrer de forma súbita, progressiva ou
intermitente, muitas vezes com graves repercussões, levando inclusive à morte.
Fisiopatogenia
Na obstrução intestinal a maior fonte de gases
intestinais é proveniente do ar deglutido, rico em N2, que não é absorvido
pela mucosa intestinal. Havendo obstáculo para sua eliminação pelo flato, ele se
acumula, distendendo a alça intestinal. O N2 e o CH4 são formados
por bactérias normalmente existentes no cólon; no entanto, na obstrução intestinal é
possível que a flora anormal no delgado os produza, contribuindo para agravar a
distensão, o CO2 é principalmente formado na parte superior do trato
digestivo, onde também é absorvido, não chegando à parte distal do intestino. Formada
a distensão, a secreção de água e eletrólitos aumenta no segmento obstruído, onde
ficam seqüestrados. O edema da parede da alça e do mesentério agrava a perda
hidrossalina. Há transudação do líquido pela parede da alça para a cavidade
peritoneal.1
O íleo funcional ocorre em associação com: causas
próprias do intestino; causas reflexas; causas que atuam por meio, do sistema nervoso
central e causas não-determinadas (Quadro
II-15-1).1,5
Assim é que os parasitos intestinais atuam por vezes com
foco irritante dentro do intestino, ocasionando exagerada contração do mesmo. Fato
semelhante ocorre com os cálculos biliares, pois os espasmos ao seu redor podem servir
para provocar obstrução completa nos casos em que o cálculo, por ser pequeno,
atravessaria facilmente a luz intestinal. Ao ocorrer espasmo no transcurso de uma
enfermidade infectuosa, é possível que a responsabilidade recaia sobre alterações
degenerativas do tronco cerebral.
Aspectos
Clínicos